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Juventude se ergue em Sampa

Mil jovens percorreram as ruas do centro da cidade de São Paulo, nesta terça-feira (26), em defesa da ampliação de recursos para educação, do fim da violência contra os jovens pobres, especialmente negros, da democratização dos meios de comunicação, reforma agrária.

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MANIFESTAÇÃO REÚNE MIL JOVENS CONTRA GOVERNO ALCKMIN

No Brasil 247

Marcha pela Jornada Nacional de Lutas da Juventude percorre as ruas do centro da cidade para ‘denunciar o racismo e violência da polícia de SP, o sistema de inclusão nas universidades estaduais proposto pelo governador tucano e pedir democratização dos meios de comunicação e da Reforma Agrária’; participaram do protesto a União Nacional dos Estudantes (UNE), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a Nação Hip Hop Brasil

27 DE MARÇO DE 2013 ÀS 05:29

Por Vivian Fernandes

MST- Da praça da Sé à praça da República, cerca de 1 mil jovens percorreram as ruas do centro da cidade de São Paulo, nesta terça-feira (26), em defesa da ampliação de recursos para educação, do fim da violência contra os jovens pobres, especialmente negros, da democratização dos meios de comunicação e da Reforma Agrária.

A marcha, que encobriu com seus gritos e canções o som do trânsito paulistano por toda a manhã, faz parte da Jornada Nacional de Lutas da Juventude. As organizações que promovem jornada, que vai até 11 abril, realizarão ações em mais de 15 estados do país.

As bandeiras que os jovens traziam em punho representavam as várias organizações que construíram o ato, como a União Nacional dos Estudantes (UNE), o Levante Popular da Juventude, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Nação Hip Hop Brasil, o Fora do Eixo, a Marcha Mundial das Mulheres e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES).

O presidente da UNE, Daniel Iliescu, defendeu a unidade política dos movimentos sociais para a construção da jornada. “Os jovens estão unidos na rua, porque os seus sonhos são generosos, porque o que se tem no coração e nas mentes é a convicção de mudar o país”, disse.

O coordenador do coletivo de juventude do MST em São Paulo, Gerson de Souza, denunciou em frente ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo “a criminalização de vários militantes, não só do MST, mas de vários movimentos sociais, que estão proibidos de fazer luta, de fazer ocupações e marchas”.

Ele apontou ainda que a democratização do Estado só será possível a partir das manifestações e lutas políticas.

Educação, genocídio e cotas

No cruzamento da avenida São João com o largo do Paissandú, os jovens realizaram uma intervenção artística para chamar a atenção para o extermínio da população negra em São Paulo.

Enquanto manifestantes carregavam caixões de cartolina negra com cruzes brancas, a militante do Levante Popular da Juventude, Beatriz Lourenço, apresentou dados sobre o genocídio da população negra em São Paulo.

“O Mapa da Violência de 2012 diz que enquanto o homicídio de jovens brancos caiu 25%, o de jovens negros aumentou 30%. E a cada dez jovens assassinados no país, sete são negros”, disse Beatriz.

Ela ainda comparou o número de assassinatos decorrentes da ditadura militar com o extermínio da juventude negra e pobre pela Polícia Militar nos últimos anos, que atingiu índices maiores. Os jovens puxaram palavras de ordem para denunciar o racismo e violência da polícia sob controle do governador Geraldo Alckmin.

O ato terminou na praça da República, onde fica a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. Os manifestantes criticaram o sistema de inclusão nas universidades estaduais proposto por Alckmin.

O Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Superior Público (Pimesp), voltada para USP, Unesp e Unicamp foi rechaçado pelas organizações juvenis, que classificaram como “elitista”.

Os jovens afirmam que o programa de Alckmin trata o aluno cotista como “estudante de segunda classe”, por obrigar que passem dois anos em um curso de reforço para ingressar nas universidades públicas paulistas.

Os jovens manifestantes também criticaram o governador por retirar as disciplinas de História, Geografia e Ciências dos anos iniciais do Ensino Fundamental. A medida faz parte da reformulação curricular das escolas em tempo integral e já chegou a 297 colégios da rede estadual.

A manifestação terminou com apresentações de grupos de rap.

Audiências

Delegações de representantes das diversas organizações e movimentos de juventude se reuniram com a Prefeitura de São Paulo e com a Secretaria de Educação do governo do Estado de São Paulo.

Na prefeitura, os jovens foram recebidos pelo secretário de governo, Antônio Donato, pelo responsável pela coordenadoria de juventude, Gabriel Medida, e pelo chefe de gabinete do prefeito Fernando Haddad, Gustavo Vidigal.

Os movimentos sociais cobraram medidas da prefeitura para enfrentar o extermínio da juventude da periferia, fazendo um contraponto à ação da Política Militar do governo Geraldo Alckmin. Além disso, pautaram a implementação do passe livre no transporte público para os estudantes que ingressaram na universidade pelo Programa Universidade para Todos (Prouni).

Donato fez o compromisso de levar as demandas para o prefeito e propôs a realização de uma audiência dos movimentos juvenis com Haddad. Ele disse também que Haddad tem compromisso com o financiamento da educação, por meio dos 10% do Produto Interno Bruto (PIB) em nível federal, 50% do fundo soberano do pré-sal e 100% dos royalties do petróleo.

Na audiência com o secretário estadual de Educação, Herman Jacobus Cornelis Voorwald, as organizações apresentaram críticas ao Pimesp, cobraram a ampliação de recursos para o financiamento da educação, a manutenção das escolas do campo já existentes e construção de novas unidades para garantir a permanência da juventude no campo.

Os movimentos defenderam passe livre para estudantes do Prouni e o investimento em laboratórios e equipamentos tecnológicos para elevar a qualidade da educação pública. As entidades estudantis, principalmente secundaristas, cobraram a livre organização nas escolas e participação no Conselho Estadual de Educação.

O secretário Herman Voorwald enfatizou que o programa de cotas das universidades estaduais paulistas não está sob sua responsabilidade, mas se comprometeu a mediar uma audiência das organizações da juventude com o Conselho de Reitores das Universidades Estaduais de São Paulo (CRUESP).

“O momento é de construção de uma resposta concreta à demanda da sociedade, e o fato das universidades estarem discutindo uma proposta é sem dúvida um grande avanço”, disse o secretário.

O secretário-adjunto da Educação, Palma Filho,que também é vice-presidente do Conselho Estadual de Educação, afirmou apoiar a participação das entidades estudantis no Conselho.

“Esta pauta está em discussão, mas precisa haver o entendimento por parte do colegiado, que é formado por 24 pessoas”, ponderou.

“Essa reunião representa um avanço no sentido de podermos apresentar essas reivindicações de forma coletiva, reflexo da unificação das pautas das diferentes organizações que articularam nossa jornada”, avaliou a integrante da coordenação estadual do MST de São Paulo, Jade Percassi.

MANIFESTO DA JORNADA DE LUTAS DA JUVENTUDE BRASILEIRA
25 de março a 1º de abril de 2013

Unir a Juventude Brasileira:
“Se o presente é de luta, o futuro nos pertence”! Che Guevara

As entidades estudantis, as juventudes do movimento social, dos trabalhadores/as, da cidade, do campo, as feministas, as juventudes partidárias, religiosas, LGBT, dos coletivos de cultura e das periferias se unem por um ideal: avançar nas mudanças e conquistar mais direitos para juventude.

É preciso denunciar o extermínio da juventude negra e das periferias a quem o estado só se apresenta através da violência.

O mesmo abandono se dá no campo, que alimenta a cidade e segue órfão da Reforma Agrária e dos investimentos necessários à permanência da juventude no campo, de onde é expulsa devido à concentração de terras, à ausência de políticas de convívio com o semiárido. Já na cidade, a juventude encontra a poluição, a precarização no trabalho, a ausência do direito de organização sindical, os mais baixos salários e o desemprego, fatores ainda mais graves no que diz respeito às jovens trabalhadoras.

Essa é a dura realidade da maioria da População Economicamente Ativa no país, e não as mentiras da imprensa oligopolizada, que foi parceira da ideologia do milagre brasileiro e cúmplice da ditadura, ao encobrir torturas e assassinatos e sendo beneficiária da monopolização ainda vigente. É coerente que ela se oponha à verdade e à justiça, que se cale ante as torturas e ao extermínio dos pobres e negros dos dias de hoje, que busque confundir e dopar a juventude, envenenando a política, vendendo-nos inutilidades, reproduzindo os valores da violência, da homofobia, do machismo e da intolerância religiosa. mas eles não falam mais sozinhos: estamos aqui pra fazer barulho.

Queremos cidades mais humanas em vez de racismo, violência e intolerância. Queremos as garantias de um estado laico, democrático, inclusivo, que respeite os Direitos Humanos fundamentais, inclusive aos nossos corpos, à liberdade de orientação sexual e à identidade de gênero, num ambiente de liberdade religiosa.

Queremos reformas estruturais que garantam um projeto de desenvolvimento social e que abram caminhos ao socialismo.

Lutamos por um desenvolvimento sustentável, solidário, que rompa com os valores do patriarcado, que assegure o direito universal à educação, ao trabalho decente, à liberdade de organização sindical, à terra para quem nela trabalha e o direito à verdade e à justiça para nossos heróis mortos e desaparecidos.

Para enfrentar a crise é preciso incorporar a juventude ao desenvolvimento do país. Incluir o bônus demográfico atual exige uma política econômica soberana que valorize o trabalho, a produção, o investimento e as políticas sociais, e não a especulação. Esse é o melhor cenário para tornar realidade os direitos que queremos aprovados no estatuto da juventude.

Iniciamos aqui uma caminhada de unidade e luta por reformas estruturais que enterrem o neoliberalismo e resguardem a nossa democracia dos retrocessos que pretendem impor os monopólios da mídia, ou golpes institucionais como os que ocorreram no Paraguai e em Honduras.

Desde essa histórica Plenária Nacional, unidos e cheios de esperança, convocamos a juventude a tomar em suas mãos o futuro dos avanços no Brasil, na luta pelas seguintes bandeiras consensualmente construídas:

1.Educação: financiamento público da educação
1.1. 10% PIB para Educação Pública
1.2. 100% dos royalties e 50% do fundo social do Pré-sal para Educação Pública
1.3 2% do PIB para Ciência, Tecnologia e Inovação
1.4 Por uma política permanente de valorização das bolsas de pesquisa
1.5 Democratização do acesso e da permanência na universidade
1.6 Pela expansão e a qualidade da educação do campo
1.7 Cotas raciais e sociais nas universidades estaduais
1.8 Curricularização da extensão universitária
1.9Regulação e ampliação da qualidade, em especial, do setor privado

2. Trabalho – trabalho decente
2.1 Redução da jornada de trabalho sem redução de salário! 40 horas já!
2.2 Condições dignas de trabalho decente
2.3 Políticas que visem a conciliação entre trabalho, estudos e trabalho doméstico
2.4 Direito de organização sindical no local de trabalho
2.5 Contra a precarização promovida pela terceirização
2.6 Pela igualdade entre homens e mulheres no trabalho e entre negros/as e não negros/as

3.Por avanços na democracia brasileira – Reforma Política
3.1 Pela Reforma política
3.2 Combate às desigualdades sociais e regionais
3.3 Contra a judicialização da politica e a criminalização dos movimentos sociais
3.4 Pela auditoria da Divida Publica
3.5 Contra o avanço do capital estrangeiro na aquisição de terras e na Educação
3.6 Reforma agrária
3.7 Aprovação do Estatuto da Juventude

4. Diretos sociais e humanos: Chega de violência contra a juventude
4.1 Contra o extermínio da juventude negra
4.2 Contra a redução da maioridade penal
4.3 Garantia do direito à Memória, à Verdade e à Justiça e pela punição dos crimes da Ditadura
4.4 Garantia dos direitos sexuais e reprodutivos, como à autonomia sobre o próprio corpo e o combate à sua mercantilização, em especial das jovens mulheres
4.5 Pelo fim da violência contra as mulheres
4.6 Pela mobilidade urbana e o direito à cidade
4.7 Pelo direito da juventude à moradia
4.8 Desmilitarização da policia
4.9 Respeito à diversidade sexual, aos nomes sociais e criminalização da homofobia
4.10Apoio à luta indígena e quilombola e das comunidades tradicionais
4.11Contra a internação compulsória e pelo tratamento da dependência química através de uma política de redução de danos
4.12Pelo direito ao lazer à cultura e ao esporte, inclusive com a promoção de esportes radicais

5. Democratização da comunicação de massas
5.1. Universalização da internet de banda larga no campo e na cidade
5.2 Políticas públicas para grupos e redes de cultura
5.3 Apoio público para os meios de comunicação da imprensa alternativa
5.4.Apoio ao movimento de software livre

Assinam este documento:
ABGLT,
ANPG;
APEOESP;
Associação Cultural B;
Centro de Estudos Barão de Itararé;
CONAM,
CONEM,
Consulta Popular;
ECOSURFI;
Enegrecer;
FEAB;
Federação Paulista de Skate;
Fora do Eixo;
Juventude da CTB;
Juventude da CUT;
Juventude do PSB;
Juventude do PT;
Juventude Pátria Livre;
Levante Popular da Juventude;
Marcha Mundial das Mulheres;
MST;
Nação Hip Hop Brasil;
Pastoral da Juventude,
PJMP,
REJU;
REJUMA;
UBES;
UBM,
UJS;
UNE;
UPES,
Via Campesina. Brasil

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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