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Quando os opostos se atraem

O texto abaixo foi publicado no meu antigo blog, Óleo do Diabo, ao final de um longo post sobre política. Neste momento em que setores da ultraesquerda arreganham os dentes, excitados com uma possível revolução, indiferentes ao fato de que seus antípodas, a ultradireita alimenta os mesmos entusiasmos, só que com muito mais recursos, acho […]

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Rauschenberg

O texto abaixo foi publicado no meu antigo blog, Óleo do Diabo, ao final de um longo post sobre política. Neste momento em que setores da ultraesquerda arreganham os dentes, excitados com uma possível revolução, indiferentes ao fato de que seus antípodas, a ultradireita alimenta os mesmos entusiasmos, só que com muito mais recursos, acho que ele pode ser uma leitura adequada. Ao final do post, reproduzo printscreens que tirei da página dos Anonymous onde consta a convocação para uma grande manifestação no dia 7 de setembro.

A esperteza de Appius Claudius

Não quero terminar o post hoje, porém, sem fazer uma última observação. Estou gostando muito de um livro, Les institutions politique romaines, de Léon Homo, e há pouco passei por um trecho que me remeteu imediatamente a uma situação política bem conhecida nossa. No século IV antes de Jesus Cristo, ou seja, mais de 300 anos antes de nascer Júlio César, Roma era uma república bastante avançada em termos jurídicos, mas experimentava, justamente por ser moderna, conflitos sociais agudos, caracterizados principalmente pelo enfrentamento entre patrícios e plebeus, ou seja, entre os nobres, de famílias tradicionais, e a turma sem passaporte da época.

Nos anos seguintes, os patrícios perderão, paulatinamente, sua influência política, e os conflitos se desenvolverão, como de praxe, para uma guerra de classes. Mas antes de perderem poder, os patrícios conseguiram, por muitas gerações, conservá-lo através de artimanhas políticas das mais variadas. Uma dessas é descrita por Homo como protagonizada por um patrício brilhante, Appius Claudius, líder da ala mais à direita da nobreza romana.

Homo mostra que havia uma divisão de esquerda e direita tanto entre patrícios quanto entre plebeus. Entre os patrícios, havia uma esquerda querendo estabelecer relações com os plebeus mais ricos, que por sua vez formavam a direita deste segmento. E havia, naturalmente, uma extrema esquerda plebéia, dominada por líderes radicais. Pois não é que Appius Claudius, num lance de genialidade política, consegue estabelecer uma parceria sólida com esses grupos radicais? A estratégia foi muito bem sucedida – para o lado dos patrícios, claro. Homo argumenta que esses radicais da esquerda plebéia não perceberam a armadilha em que caíram, e que iria resultar, no futuro breve, em muitas décadas de derrota política para sua classe. O plano de Appius foi relativamente fácil. Explorou a insatisfação dos radicais com a situação vigente e usou-os para derrubar seus adversários, ou seja, as principais lideranças plebéias. Qualquer semelhança do PSDB e DEM usando o PSOL para derrubar o presidente Lula não é mera coincidência…

Página de onde tirei os comentários: http://www.anonymousbr4sil.net/2013/07/maior-protesto-do-brasil.html

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Uma obra de arte bonita, só pra relaxar um pouco.

Rauschenberg

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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