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Joaquim Barbosa e a produção industrial

Nosso personagem brecthiano, um irritado intelectual conservador, ainda continuará aguardando, da janela de seu apartamento, a chegada das nuvens da desgraça

3 comentários
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Rascunho para diálogo de uma peça teatral brechtiana. Monólogo.

Personagem: Um homem de meia idade, extremamente rico e culto.
Cena: Um apartamento num prédio de luxo, em qualquer capital do país.

Início do diálogo.

“Eu acordo, abro os olhos e vou a janela contemplar as nuvens carregadas de desgraça vindo na minha direção. O horizonte não mais as segura; ao contrário, sopra-as constantemente para cá.

Quanto mais elas se aproximam, minha ansiedade, paradoxalmente, diminui. Sinto, ao invés disso, uma pequena comichão de alegria borbulhando em meu estômago. O fim está próximo, viva um novo começo!

Só que elas não chegam nunca! Já estou ficando impaciente. E ainda sou forçado a ler notícias como essa, de que a produção industrial experimentou um vigoroso crescimento em fevereiro.

Que merda!”

Fim do diálogo.

*

Pois é, amigos, os números divulgados hoje pelo IBGE revelam que a caravana não está dando bola para o ladrar dos cachorros.

A produção industrial brasileira cresceu 5% em fevereiro, na comparação com o ano anterior. No acumulado do ano, o crescimento já é de 1,3%.

Entretanto, o mais importante é que o crescimento do setor de bens de capital, termômetro da disposição empresarial por novos investimentos, já acumula alta de 8% no ano, e registrou crescimento de 12,5% no acumulado dos últimos 12 meses.

Nosso personagem brecthiano, um irritado intelectual conservador, ainda continuará aguardando, da janela de seu apartamento, a chegada das nuvens da desgraça. Só que as nuvens agora parecem seguir na direção contrária, afastando-se.  Tenho um pouco de medo de qual será sua reação quando perceber isso.

*

É ainda de Brecht uma frase que eu gostaria de aplicar a Joaquim Barbosa, após suas estrepolias de hoje, tentando chamar de regalia a violência ilegal que vem impondo a José Dirceu, mantendo-o em regime fechado quando sua sentença é para semi-aberto.

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Só que podemos alterar um pouco a frase e a usarmos para qualificar nossa mídia, que, por tática eleitoral, dificilmente dará destaque a notícias que revelem um bom desempenho da economia brasileira: “Há jornais incorruptíveis, ninguém consegue induzi-los a falar a verdade.”

 

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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Pedro

04/04/2014 - 18h10

É uma pena que a elite grande parte da população esteja voltada contra a ordem e o progresso.

Guilherme

02/04/2014 - 12h20

Atenção furo de reportagem: “STF determina a soltura de José Dirceu”
Vários veículos de reportagem estão de prontidão na porta do Presídio da Papuda para tentar uma entrevista com José Dirceu e Genoíno, que também foi liberado. Militantes petistas se deslocam para a região com bandeiras e prontos para um enfrentamento com manifestantes contrários à decisão do Supremo.

Data da notícia: 3 de outubro de 2014 ………

MargaridaVasconcelos

02/04/2014 - 12h12

Parabéns Miguel!!! Genial!!!


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