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É a mídia, estúpido!

É a mídia, Dilma, é a mídia Uma política de comunicações desastrosa por parte do governo é responsável por esse clima que coloca em risco a continuidade do projeto democrático e popular. por Emir Sader em 25/07/2014 às 13:11 na Carta Maior. Qualquer comparação minimamente objetiva dos governos tucanos e petistas – dos candidatos que […]

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É a mídia, Dilma, é a mídia

Uma política de comunicações desastrosa por parte do governo é responsável por esse clima que coloca em risco a continuidade do projeto democrático e popular.

por Emir Sader em 25/07/2014 às 13:11
na Carta Maior.

Qualquer comparação minimamente objetiva dos governos tucanos e petistas – dos candidatos que representam a um e a outro – permitiriam prever uma vitória eleitoral ainda mais fácil do governo neste ano. Ninguem duvida dos resultados dessa comparação, ainda mais que o candidato tucano reivindica a mesma equipe econômica de FHC e seu guru econômico repete os mesmos dogmas que levaram os tucanos a nunca mais ganharem eleição nacional no Brasil depois que essa equipe governou o pais. Enquanto a candidata do governo representa a continuidade do projeto que transformou positivamente o Brasil desde 2003 e seu aprofundamento.

No entanto, as pesquisas e o clima político e econômico mostram um cenário um pouco diferente. Somente o nível de rejeição que as pesquisas – maquiadas ou não – da Dilma e do governo – o dobro da rejeição de Aecio, segundo as pesquisas – já revela que outros fatores contam para entender as opiniões das pessoas.

Para um tecnocrata, para uma visão economicista ou positivista da realidade, a consciência é produto direto da realidade objetiva. Basta transformar a esta, que as pessoas se darão conta das mudanças e do seu significado. Não levam em conta o papel fundamental da intermediação que exercem os meios de comunicação. A realidade concreta chega às pessoas através das representações dessa realidade, processo em que a mídia exerce um papel determinante. Essa visão ingênua não entende o que é a ideologia e como a fabricação dos consensos pela mídia monopolista atua.

A mídia conseguiu fabricar consensos como os de que a Dilma seria uma presidente incompetente, o governo seria corrupto, a política econômica fundamentalmente equivocada e a Petrobrás um problema, a inflação descontrolada, a economia estagnada e sem possibilidade de voltar a crescer. Por mais que se possa, racionalmente, desmentir cada uma dessas afirmações, são elas que permeiam os meios de comunicação e formam parte da opinião pública, contaminada pelo terrorismo em que aposta a oposição politica e seu partido – a mídia.

Uma política de comunicações desastrosa por parte do governo é responsável por esse clima, que coloca em risco a continuidade do projeto democrático e popular que o povo escolheu como seu em três eleições presidenciais. O governo ficou inerte diante da criação desse clima e o que poderia dizer ficou neutralizado porque o governo não avançou em nada na democratização dos meios de comunicação. É uma atitude grave, porque alimenta uma oposição derrotada, que se apoia no monopólio privado dos meios de comunicação para desgastar o governo, sem que este reaja.

É equivocada a alternativa entre uma imprensa barulhenta – que diga o que bem entenda – ou uma mídia calada. Esta era a alternativa durante a ditadura. Na democracia a alternativa é entre uma mídia monopolista, que só propaga a voz dos seus donos ou mídia democrática, pluralista. Ao não avançar na democratização dos processos de formação da opinião publica, o governo coloca em risco todos os avanços acumulados desde 2003.

Não por acaso os votos duros de apoio do governo – os mais pobres, os do nordeste – são os menos afetados pela influência da mídia, são aqueles influenciados assim diretamente pelos efeitos das políticas sociais do governo. E os setores de classe média das grandes cidades são os mais afetados.

O Brasil não será um país democrático, por mais que avancemos na diminuição das desigualdades sociais, se somente uma ínfima minoria pode influenciar sobre a opinião dos outros, impor os temas que lhes pareçam do seu interesse como agenda nacional, difundam o tempo todo suas opiniões. Não será democrático enquanto as pessoas possam ter acessos a bens indispensáveis, mas não possam dizer a todos os outros o que pensam.

Senão seria perpetuar a divisão entre os que trabalham, produzem, vivem no limite das suas necessidades, por um lado, enquanto por outro lado estão os que, pelo poder do dinheiro, podem ocupar os espaços de formação de opinião pública, podem influenciar os outros, impunemente.

A razão pela qual um governo que promove os direitos da grande maioria da população, até aqui excluída, tem tantas dificuldades para traduzir esses avanços numa clara maioria politica, é a mídia, é a mídia.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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Ory Oswaldo Gomes

27/07/2014 - 14h34

Esses pulhas tem de ser enfrentados !!

Priscila Miranda Do Rosario

26/07/2014 - 17h07

Rsrs

Renata Noiar

26/07/2014 - 15h32

Se esse não for o irracional #1, nada mais é :/

Kleyton Steinbach

26/07/2014 - 11h03

Emir Sader, aquele que chamou o MTST de vira-latas? Realmente coerente alguém ligado ao PT desdenhar dos movimentos sociais, uma das principais bandeiras do PT no passado. Assassinatos de líderes indígenas, quilombolas. Uma política de demarcação de terras que beneficia extremamente os grandes ruralistas. E vocês acham que defendem um governo de esquerda. É um governo de centro, que se vende em prol da governabilidade e não se importa de participar, direta ou indiretamente, das inúmeras injustiças que acontecem nas nossas terras, em detrimento daqueles que são os donos históricos e mais precisam da terra.

Reginaldo Proque

26/07/2014 - 05h42

Excelente Artigo. É isso ai. Ir para o ataque. O Razoável é que mais pessoas e organizações possam influenciar a sociedade essa é uma boa argumentação. Justiça, participação, vozes mais representativas… a pegada certa e ganhamos esse debate ” fácil”. kikiki


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