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A preocupação de Miro: ainda falta política em Dilma

  Altamiro Borges saiu da entrevista com Dilma preocupado: muita tecnocracia e pouca visão política por Altamiro Borges, no Blog do Miro (via Rodrigo Vianna). Na manhã desta terça-feira (14), na sala de reuniões do quarto andar do Palácio do Planalto, a presidenta Dilma Rousseff concedeu uma entrevista exclusiva para um grupo de blogueiros. Também […]

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Altamiro Borges saiu da entrevista com Dilma preocupado: muita tecnocracia e pouca visão política

por Altamiro Borges, no Blog do Miro (via Rodrigo Vianna).

Na manhã desta terça-feira (14), na sala de reuniões do quarto andar do Palácio do Planalto, a presidenta Dilma Rousseff concedeu uma entrevista exclusiva para um grupo de blogueiros. Também participaram da coletiva Maria Inês Nassif, Cynara Menezes, Paulo Moreira Leite, Renato Rovai e Luis Nassif. A conversa foi franca, elucidativa e bem descontraída. Durou cerca de uma hora e meia e ainda teve mais outros 40 minutos de conversa informal – que incluiu literatura, filmes de preferência e algumas amenidades. No geral, a presidenta se mostrou muito segura, convicta das ações do seu governo e confiante no futuro. Confesso, porém, que sai bastante preocupado da entrevista em Brasília.

Como já é do seu feitio, a presidenta priorizou os temas econômicos. Defendeu, sem pestanejar, as medidas de ajuste fiscal adotadas logo após a eleição de outubro passado. Detalhou cada iniciativa e garantiu que Joaquim Levy, seu ortodoxo ministro da Fazenda, segue as suas ordens. Não demonstrou qualquer disposição para “ajustar os ajustes” – tão criticados pelo movimento sindical e pelos setores que saíram às ruas para garantir a sua reeleição. Ela falou longamente sobre as dificuldades da economia mundial, que impactam o Brasil. Mas nada disse sobre o que virá depois da austeridade fiscal, sobre qual será a estratégia do governo para superar os sinais negativos de redução do ritmo de crescimento do país e de geração de emprego. Reforçou o seu perfil tecnocrático e pouco falou sobre a política e sua relação com as bases sociais que a apoiaram.

Sobre um tema que está assombrando os trabalhadores – o da ampliação da terceirização, que teve seu projeto de lei aprovado na semana passada pela Câmara Federal –, Dilma foi evasiva. Afirmou que as mudanças não devem afetar os direitos trabalhistas e previdenciários, nem retirar a responsabilidade das contratantes sobre as irregularidades das terceirizadas e nem afetar a arrecadação de impostos – tudo o que já está embutido no projeto de lei. Mas evitou dizer qual será a postura do seu governo caso a proposta seja aprovada no Senado Federal. “Não discuto a questão do veto”. Insinuou que isto seria demagogia e não corresponderia à realidade política do país!

Já sobre a questão da regulação econômica da mídia, a presidenta reafirmou a sua defesa da tese. Mas jogou um balde de água fria neste caminho. “No momento não há a menor condição de abrir essa discussão, por conta de toda a situação [política]”. Ela até elogiou a sociedade civil pela coleta de assinaturas para um projeto de lei de iniciativa popular sobre o tema. Mas disse desconhecer o conteúdo da proposta, que foi elaborada há dois anos pelo Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC. Ou seja: jogou novamente o assunto para a sociedade civil, isentando o Estado de qualquer atitude política!

Em apenas um tema a presidenta foi enfática – e até solicitou que fosse tratado. Dilma exibiu sólidos argumentos contra a proposta conservadora de redução da maioridade penal. Garantiu que isto representaria um grave retrocesso civilizatório e não resolveria o problema da insegurança no país. Já com relação aos protestos golpistas de março e abril, organizados por grupelhos fascistóides e com descarado apoio dos barões da mídia, a presidenta novamente evitou a polêmica. Afirmou que são “normais”. Ela ainda minimizou as iniciativas desestabilizadoras da oposição direitista derrotada nas urnas, que tenta insistentemente realizar um terceiro turno das eleições. “São normais”.

A presidenta Dilma Rousseff, com toda a sua experiência e conhecimento, mostrou-se muito segura e confiante. Já eu deixei o Palácio do Planalto bem preocupado! A sensação é de que o governo está sentado em cima de um vulcão em erupção e, tecnocraticamente, ainda não se deu conta! Espero estar totalmente errado.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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Denise Rohloff

15/04/2015 - 14h44

Críticas como essa neste momento é TUDO o que não precisamos. Não devemos nem divulgar esta postagem. E tb nem vou ler a matéria inteira. Não sei, não quero saber e vou continuar não sabendo o que pensa o senhor Miro, em seus devaneios.

    claudio

    15/04/2015 - 13h26

    Bem é o que vários blogueiros dizem e é também por isso que Dilma poderá sofrer o impeachment. Talvez as únicas palavras dos blogueiros ,tipo Miro, que Dilma ouvirá ao descer a rampa será “BEM QUE AVISAMOS” Em seguida uma salva de palmas para o novo presidente, Michel Temer. Certo Miro???

    Gerson

    15/04/2015 - 18h21

    Alguém tem que dar um beliscão na nossa Presidenta para ela acordar e sair da redoma de vidro que seus aspones criaram ao seu redor. Será que nem na questão da terceirização a Presidenta vai honrar a posição das pessoas que a elegeram? Parece que ela foi eleita pela direita. Ajuste fiscal só em cima dos trabalhadores; imposto sobre grandes fortunas o governo nem cogita. Controle econômico da imprensa jogou para baixo do tapete. A imprensa golpista continua recebendo verbas milionárias para desancar diariamente a Presidenta, e ela republicanicamente fica no silêncio. Ela só vai acordar quando a “convidarem” para descer a rampa do planalto, e claro, ela, republicanicamente, vai obedecer, em silêncio.

José Soares

15/04/2015 - 13h18

Um povo de imbecis tem que ser governado por um imbecil. A Dilma não preenche esse pré-requisito fundamental.

    claudio

    15/04/2015 - 13h29

    VocÊ é blogueiro?? As palavras são as mesmas.

Claudia Rocha

15/04/2015 - 12h34

A impressão do Miro só reforça, na verdade, o que o governo está sinalizando para os movimentos e para a sociedade diariamente. O discurso velho que conhecemos: ‘Não vou vetar o PL, não vou regular a mídia.. mas tá tudo bem, tudo certo’. Tô com o Miro. É preocupante mesmo!

Erivan Raposo

15/04/2015 - 11h00

Não sei se em uma entrevista daria para fechar questão, mas a preocupação é razoável. Embora, hoje, conhecendo um pouco a biografia da Presidenta e revendo os últimos dois governos (Lula e Dilma – mesmo), não poderia concordar, mas a história nos dirá.

Edu Franco

15/04/2015 - 04h27

O mundo caindo pro falta de articulação política e gente defendendo a teoria do somos perfeitos e está tudo certo, o coro dos contentes já passou de todos os limites da cegueira.

Sueli Maria Pereira Halfen

15/04/2015 - 04h14

Nassif e mais um monte ** *Querendo ser a Mão do REI,RAINHA***, taca-le pau Dilma et alii … GAME OF THRONES…afff

Sonia Bastos

15/04/2015 - 04h09

Cale-se, Miro.

    Gerson

    15/04/2015 - 09h19

    Desculpa, mas porque dizer isso para o Miro? Na minha opinião, o jornalista está certo quando saiu preocupado da reunião: A Presidenta defendeu o ajuste fiscal em cima dos trabalhadores, mas nem de longe mencionou o imposto sobre as grandes fortunas. Só o trabalhador vai pagar a conta da crise? Sobre a terceirização parece que a Presidenta gostou da ideia. A Lei de Medios jogou para baixo do tapete. O processo contra a Veja sumiu. Não falou nada sobre a uma mudança na distribuição da fortuna que o governo paga mensalmente a mídia golpista. Não dá para ser cego e ficar defendendo o governo quando ele próprio não quer ser defendido.


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