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Reviravoltas eleitorais no Rio de Janeiro em 2016

por Theófilo Rodrigues Aos interessados pelos temas da política carioca não faltarão motivos para acompanhar com atenção a eleição municipal de 2016. Se em 2012 a disputa pela prefeitura do Rio de Janeiro teve como principal característica a monotonia – o cientista político Fabiano Santos chegou a recomendar aos que buscassem emoções que pegassem a […]

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por Theófilo Rodrigues

Aos interessados pelos temas da política carioca não faltarão motivos para acompanhar com atenção a eleição municipal de 2016.

Se em 2012 a disputa pela prefeitura do Rio de Janeiro teve como principal característica a monotonia – o cientista político Fabiano Santos chegou a recomendar aos que buscassem emoções que pegassem a ponte aérea para São Paulo – o mesmo não ocorrerá neste ano.

São oito as candidaturas competitivas já apresentadas ao pleito: Alessandro Molon (REDE); Carlos Roberto Osório (PSDB); Clarissa Garotinho (PR); Hugo Leal (PROS); Indio da Costa (PSD); Marcelo Crivella (PSB); Marcelo Freixo (PSOL); e Pedro Paulo (PMDB).

O prefeito Eduardo Paes não abre mão da candidatura de Pedro Paulo, que assim desponta como a mais forte na cidade. Além de ter o impulso da máquina municipal, o candidato terá em seu portfólio nada mais, nada menos, que as Olimpíadas que ocorrerão em agosto deste ano. A força transparece ainda no amplo leque de legendas que o apoiam: PMDB, PP, PTB, PPS, DEM são alguns dos partidos que participam da aliança. O revés fica por conta da agressão cometida contra sua ex-esposa que deixou uma marca muito negativa na campanha.

A vida de Pedro Paulo também não será fácil devido à força de alguns de seus opositores. É o caso de Crivella que acaba de trocar o PRB pelo PSB. A troca, no entanto, não foi conflituosa. Pelo contrário, trata-se de uma estratégia de Crivella para diluir a identidade evangélica de sua candidatura e assim ampliar o teto de 20% de votos que costuma ter na cidade. Ganha ainda de brinde o apoio do popular senador Romário. Além de PSB e PRB é possível ainda que Crivella consiga o apoio do PR. Não obstante o fato de Clarissa Garotinho ter anunciado que mesmo grávida será candidata, imagina-se que a deputada esteja apenas valorizando seu partido na negociação pela vaga de vice na chapa de Crivella.

Outro obstáculo para Pedro Paulo é a migração do ex-Secretário Estadual de Transportes Carlos Roberto Osório do PMDB para o PSDB. Osório tem um perfil social e político muito parecido com o de Pedro Paulo o que certamente renderá uma divisão dos votos daqueles que aprovam a atual gestão da prefeitura. Osório crescerá ainda em cima do grande eleitorado de Aécio Neves na cidade.

O deputado federal Índio da Costa (PSD) é outro candidato que possui perfil político e social muito parecido com o de Pedro Paulo. Contudo, há nos bastidores a ideia geral de que Índio retirará em breve seu nome para apoiar Osório ou Pedro Paulo.

Há ainda candidatos de partidos menores onde sobra disposição, mas falta estrutura partidária. É o caso do deputado federal Hugo Leal do PROS que também quer ser candidato, mas ainda procura uma legenda para o intento. Buscou o PSB, mas o partido preferiu Crivella. Sua outra possibilidade é o Solidariedade, partido ainda muito fraco na cidade.

Pela esquerda do espectro político o principal concorrente até o momento vem sendo o deputado estadual Marcelo Freixo do PSOL. Em 2012 Freixo alcançou o segundo lugar na disputa eleitoral tendo obtido 28% dos votos. Tudo indica que essa alta votação pode se repetir já que nos últimos quatro anos o PSOL viu ampliar sua estrutura partidária através de seus quatro vereadores. Soma-se a isso o fato de Freixo ter percorrido ao longo desse período todas as regiões geográficas do Rio com o seminário “Se a cidade fosse nossa”, fugindo da pecha de ser o candidato de Laranjeiras.

O calcanhar de Aquiles do PSOL é o pouco tempo de televisão que possui e a falta de alianças com outros partidos. Aqui a responsabilidade é do próprio PSOL: os candidatos para a Câmara de Vereadores e suas respectivas correntes não querem que haja coligação com outros partidos, para não perderem suas vagas. Além disso, ao contrário do que ocorreu em 2012, neste ano Freixo terá que dividir parte de seu eleitorado com o deputado federal Alessandro Molon que será candidato pela REDE com o apoio de Marina Silva.

Além das supracitadas há ainda algumas incógnitas no cenário eleitoral carioca. Onde estará, por exemplo, a parcela da esquerda que faz parte da base de apoio do governo federal? O PDT anunciou a pré-candidatura de seu presidente municipal Trajano Ribeiro enquanto o PCdoB discute a possibilidade de ter Jandira Feghali como candidata. A direção do PT declarou apoio ao candidato de Paes, mas sua militância de base exige o apoio à candidatura de Jandira. Sem Jandira essa militância migrará majoritariamente para a campanha de Freixo.

Até julho, mês das convenções eleitorais, muita água vai rolar. Prato cheio para quem gosta de acompanhar a política carioca.

Theófilo Rodrigues é cientista político

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