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La mano de Moro. Por Tadeu Porto

Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil por Tadeu Porto, colunista do Cafezinho Morodona veio com habilidade, passou do primeiro, segundo e do terceiro! Tentou fazer aquela tabelinha com os amiguinhos, o zagueiro interceptou errado e ele recebeu a bola quase em condições de fazer de cabeça. Quase! A pelota veio um pouco alta demais, tava […]

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O juiz federal Sergio Moro participa na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado de audiência pública sobre projeto que altera o Código de Processo Penal (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil

por Tadeu Porto, colunista do Cafezinho

Morodona veio com habilidade, passou do primeiro, segundo e do terceiro! Tentou fazer aquela tabelinha com os amiguinhos, o zagueiro interceptou errado e ele recebeu a bola quase em condições de fazer de cabeça.

Quase!

A pelota veio um pouco alta demais, tava difícil ir com a cabeça, quase inalcançável. Foi então que ídolo teve a grande ideia de usar a mão: “no futebol é proibido, mas o que vale é o gol”.

Golaço!! Gritou e comemorou uma torcida coxinha histérica estava assistindo na arquibancada!

Ok,ok… Podem me condenar pela brincadeira numa situação tão séria e preocupante como a que vivemos hoje.

Mas, convenhamos, a piada já estava com meio caminho andado. Afinal, juizes e deuses são quase a mesma coisa no Brasil: podem fugir de multas, usar carros de investigados ou deferir pedidos em menos de 30 segundos! Se filmassem a vida de um magistrado aqui, seria uma mistura de “show de truman” com “todo poderoso”.

Bom, por mais que tenha esboçado um sorriso com essa analogia futebolística – em homenagem ao nosso novo ministro – desse parágrafo pra baixo as palavras ficam mais sérias.

A estrela contemporânea brasileira, o juiz Sérgio Moro, agiu de maneira semelhante ao ídolo argentino na fatídica quarta de final da copa de 86. Aparentemente não conformado com o fato de ter perdido a chance de virar um herói da elite nacional, lançou mão (as coisas não ficaram tão sérias assim) de uma atitude baixa e antiética, para não dizer ilegal como apontaram Pedro Canário e Marcos Vasconcellos, utilizando grampos irregulares para dar continuidade a um golpe baixo e meticuloso, que visa atacar um projeto que fez a nobreza nacional ter que dividir, mesmo que só um pouquinho, o bolo da riqueza verde e amarela.

Quando penso nas implicações que podem ocorrer caso atitudes como essas sejam referendadas, além de ficar imensamente preocupado com nossa democracia e estado direito, não consigo evitar o pensamento do quão longe o conservadorismo pode ir para manter seu status quo. E isso preocupa bastante.

Imaginem conseguir grampear qualquer figura pública do país e liberar o áudio quando quiser, com o argumento de que “a democracia em uma sociedade livre exige que os governados saibam o que fazem os governantes”. Quer dizer: um juiz de alguma instância (que dentro de um poder republicano faz parte de uma estrutura “governante”) poderia ter consigo, falas, pensamentos, sonhos e expressões de qualquer pessoa, inclusive de futuros adversários em algum pleito eleitoral.

É uma baita vantagem poder contar com isso, não acham?

Imaginem ter a influência de definir a quem vai prejudicar, chantagear ou subornar. Ou então, com um vazamento parcial – de um áudio incompleto, por exemplo – criar uma distorção de um fato suficiente para destruir uma reputação.

Uma concentração de poder absurda, e pior, travestida de servir ao interesse da população.

Comemorar um atentado a uma estrutura ética e legal, como esses grampos, somente por querer ver de birra o impedimento de uma presidenta eleita pelo voto popular, se assemelha, e muito, com o pensamento de que é natural trapacear em algum jogo só para ganhar (dá-lhe a meritocracia).

Vale ressaltar que a FIFA lançou uma campanha sobre o jogo limpo –  fair play, nome originado lá dos primórdios das Olimpíadas – logo após esse escandaloso gol de mão do Maradona. Nem mesmo uma das instituições mais corruptas do mundo consegue se esconder de tal descaramento, de um ato tão imoral que atrapalha o andamento sustentável de uma partida de futebol.

Portanto, o mínimo que se espera de uma sociedade que preze pelo básico do jogo democrático é repudiar a sujeira que a lava jato arrumou nesse episódio.

Não gosta da Dilma, do Lula ou do PT? Tranquilo… de boa mesmo!  Nas próximas eleições é só tentar vencer o projeto que eles representam.

Mas, por favor, não se escondam atrás de falcatruas e ilegalidades para justificar a vontade de adiantar um pleito. Não se deixe levar por uma mão invisível antiética que, por um falso combate a corrupção, se esconde atrás da bandeira “da moral e dos bons costumes” para desestruturar uma ordem democrática recente e que nasceu da luta (e sangue) de milhares de pessoas.

Por fim, lembro que copa do México de 1986, um ano após o fim da ditadura militar brasileira, foi a última copa do mundo que a Argentina ganhou. Talvez tenha ficado todo esse tempo sem vencer por algum castigo do destino. E por mais que nossos hermanos queiram, e  muito, ganhar esse título novamente, vão ter que esperar pelo menos mais dois anos.

Sei que dói para eles, mas não vejo muitos problemas… 2018 é logo ali.

Tadeu Porto é Diretor do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF)

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