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O PMDB é a tuberculose do Brasil

Charge: Duke por Tadeu Porto, colunista do Cafezinho Eu acostumei dizer, escrever e pensar que o partido do movimento democrático (Golpista) do Brasil era o câncer do país. Uma doença conhecida por ser devastadora e difícil de se evitar com exatidão, consequentemente nos obrigando a conviver, infelizmente, com tratamentos mais corretivos do que preventivos. Praticamente, […]

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Charge: Duke

por Tadeu Porto, colunista do Cafezinho

Eu acostumei dizer, escrever e pensar que o partido do movimento democrático (Golpista) do Brasil era o câncer do país. Uma doença conhecida por ser devastadora e difícil de se evitar com exatidão, consequentemente nos obrigando a conviver, infelizmente, com tratamentos mais corretivos do que preventivos.

Praticamente, o PMDB seria uma mutação do processo político e democrático, que vive nas sombras da ética nacional, e, portanto, caberia bem uma comparação com tumores malignos.

Todavia ao ler notícias sobre o partido (para escrever sobre o rompimento com o governo) acabei mudando um pouco de visão: o partido do vice-presidente, Michel “capitão do golpe” Temer, se tornou retrógado demais para ser comparado ao câncer. Digo mais, no hall de analogias patológicas, está mais para tuberculose, doença também perigosa, porém bem mais fácil de prevenir.

Tudo isso porque o PMDB de hoje representa o Brasil do atraso: da política de coalizão saturada em privilégios; da casa grande e da hegemonia masculina que governa com uma agenda ultrapassada e tomada por explorações, chantagens, favores e extorsões. Um partido de pauta monocromática que exclui, de maneira vergonhosa, vozes da diversidade necessárias para formamos um país seriamente democrático, justo e igual.

Duvidam? Pois bem.

Vejamos parte do “núcleo duro” do PMDB: Michel Temer, Renan Calheiros, José Sarney, Eduardo Cunha, Romero Jucá, Garibaldi e Henrique Alves, Jorge Picciani, Moreira Franco e Eunício Oliveira.

Sério, alguém em sã consciência consegue ver alguma esperança de renovação em atores (nenhuma atriz) tão ultrapassados da política? (para quem pensou em Marta Suplicy ou Katia Abreu, lembrem que elas foram “emprestadas” do PT e DEM, respectivamente).

Ok, digamos que sim. Vamos abstrair que alguém consegue enxergar essa instituição fóssil como moderna e queria, ainda, contra-argumentar.

Bem, vamos a mais fatos então.

Lembro-me de uma propaganda partidária vinculada na TV dia 25 de fevereiro desse ano, onde o PMDB buscou apresentar os principais candidatos para as eleições de 2016 (e para o golpe, indiretamente). Fui lá no Youtube e assisti de novo, com cuidado e carinho, para observar os seguinte fatos:

1) Na propaganda de 10 minutos do PMDB, aparecem 50 políticos: 47 homens e 3 mulheres. Em termos de porcentagem, pra quem gosta, 6% da representação televisiva do partido é feminina;

2) Apenas dois, de todos os cinquenta políticos (!), são negros: nada mais, nada menos que 4%. É claro, difícil cravar esse número com tamanha precisão visto que nossa etnia é autodeclarada, mas não há dúvidas que qualquer manifestação do partido, seja propaganda, fórum, encontro ou assembleia é um convite para assistir um tsunami branco;

3) Considerando como juventude pessoas nascidas da década de 80 para cá, o PMDB consegue a façanha de apresentar um “quadro de renovação” de seis meninos e uma menina, ou seja, 12% de seus candidatos trazem contigo o espírito revolucionário juvenil. Bem, talvez nem tanto, pois…

4) Ainda sobre a onda jovial, vejam só que bacana: dos sete jovens, cinco certamente são de famílias tradicionais de políticos da região (Picciani e Murad são exemplos), ou seja, a juventude pmdbista é, no mínimo, 71% aristocrata  (até que enfim uma porcentagem alta);

5) A média de idade dos políticos é de 56 anos (baita renovação!) ;

6) Dos dez minutos de propaganda, 15 segundos são destinados axs negrxs, 43 segundos para as mulheres e 7 minutos e 35 segundos (nove vezes mais que os anteriores somados) aos homens. Eduardo Cunha, sozinho, tem 19 segundos ( o.0 ).

Pois é.

Talvez essa seja a justificativa para o partido utilizar uma maneira tão sórdida e suja – golpista mesmo, dando nome ao boi – para se manter no poder: desespero de quem não consegue se enxergar num futuro de uma estrutura democrática moderna e inexorável.

Não é difícil imaginar que numa democracia representativa consolidada, efetiva e (por que não) humana, não há espaço para uma cultura baseada em oligarquias, aristocracias e hegemonias de raça, classes ou gênero.

Portanto, vai com Deus querido PMDB, ou “vai pela sombra” como falamos aqui nas Minas Gerais (pra vocês, vai ser bem tranquilo). A lamentação que tenho acerca de sua saída é que sua expulsão deveria ter sido trabalhada há anos e não o contrário. Não conhecemos a cura do câncer, mas dominamos bem o mal da tuberculose.

E se vocês ainda não largaram os cargos por falta de tchau…

Arrivederci

Tadeu Porto é Diretor do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF)

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