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Nassif: como seria o dia seguinte ao golpe?

O xadrez do The House of Cards QUA, 13/04/2016 – 09:24 ATUALIZADO EM 13/04/2016 – 09:34 Por Luis Nassif, no Jornal GGN. O que seria o dia seguinte ao impeachment? Não é necessário muita imaginação para supor. O novo jogo terá os seguintes personagens: O novo governo, controlando o Executivo e o Congresso.. O Supremo […]

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O xadrez do The House of Cards

QUA, 13/04/2016 – 09:24
ATUALIZADO EM 13/04/2016 – 09:34

Por Luis Nassif, no Jornal GGN.

O que seria o dia seguinte ao impeachment?

Não é necessário muita imaginação para supor.

O novo jogo terá os seguintes personagens:

O novo governo, controlando o Executivo e o Congresso..

O Supremo Tribunal Federal

O Procurador Geral da República/Lava Jato

A mídia

A frente anti-impeachment

A frente pró-impeachment.

Vamos a um pequeno exercício de fórmulas para ver como eles se interagem.

Consolidação do poder

No dia seguinte à tomada do poder, a estratégia do novo grupo será a consolidação definitiva do poder. Assume em uma posição precária, ilegítima, tendo atrás de si a Lava Jato e a desconfiança geral e à frente às eleições de 2018.

Suas armas são temíveis: controle do Executivo e do Congresso, das leis e da caneta. Usarão como puderem para enfrentar as seguintes frentes:

Lava Jato.

Crise econômica.

Eleições de 2018, logo ali.

A estratégia de sobrevivência contemplará algumas linhas básicas visando estender o poder conquistado.:

Ampliação do arco de alianças.

O Congresso será utilizado para a aprovação de leis de interesse dos grandes grupos. O balcão de negócios será transformado em um hipermercado.

O maior negócio será a alteração na lei do petróleo. Mas há uma enorme agenda a ser manobrada por Eduardo Cunha, inclusive como forma de consolidar o golpe. Aí se entra em um campo em que ele é senhor absoluto, o grande especialista em negócios do Congresso. Obviamente todas essas faturas impactarão o orçamento e a política econômica.

Mudanças estruturais que permitam a consolidação do poder.

O grupo não tomará o poder para entregá-lo em 2018. É evidente. A consolidação do poder passará por mudanças políticas que excluam o voto direto para presidente, talvez com a introdução do parlamentarismo, podendo chegar ao adiamento das eleições de 2018.

Enquadramento do Ministério Público Federal e da Lava Jato.

Ou alguém tem dúvida de qual foi a moeda de troca com o PP?

Tentarão se valer da euforia com o fim do governo para tomar medidas que restrinjam o poder do MPF. O Executivo tem a chave do cofre. O Congresso, a chave das leis e das nomeações e destituições de Ministros do Supremo. Em vez de um governo ingênuo e desarmado, o MPF e a Polícia Federal enfrentarão agora o poder de fato, nas mãos de uma organização que sabe manobrar as ferramentas do poder, e que estará travando uma guerra de vida ou morte, já que a derrota implicará até em sua prisão.

Administração de uma economia em crise.

O orçamento é um só.

Numa ponta, será pressionado pelas demandas do grupo. Na outra, exigirá aumento de tributos, uma CPMF. Só que a base de apoio do grupo são lideranças empresariais que agitaram o país nos últimos anos levantando a bandeira da redução de impostos.

O caminho óbvio será o dos cortes nas áreas sociais, programas sociais, educação, saúde, ampliando ainda mais a revolta das ruas em um quadro de aprofundamento da crise.

A busca do inimigo interno
Em um primeiro momento, haverá uma falsa euforia do mercado, com valorização de ativos e queda do dólar. Durará pouco. É uma crise de demanda que não será resolvida pela mera melhoria do índice Bovespa, ainda mais tendo em conta o custo da fatura para a montagem de alianças.

Haverá uma ampliação geométrica das manifestações de rua.

Como superar o quadro de crise econômica + falta de legitimidade + manifestações de rua? Nem é preciso ser um grande visionário para perceber o lance seguinte: o macarthismo.

Além da ilegitimidade original, o novo governo ampliará as reações dos movimentos sociais com os cortes de políticas sociais. A reação das ruas fornecerá o alibi do inimigo interno e O novo governo se escudará cada vez mais na ultradireita da opinião pública e nas bancadas religiosas. A ameaça bolivariana e a dissolução moral são os elos que unem tudo, a ultradireita na rua, os jovens turcos do Ministério Público, o conservadorismo do Judiciário e a classe média, os grupos religiosos.

Os desdobramentos

É impossível saber os vencedores dessa disputa. Seja qual for o resultado, haverá uma grande noite caótica pela frente, um atraso histórico nos avanços sociais e econômicos e uma ameaça direta à democracia e à economia.

Não fosse o custo a ser pago pelo país, especialmente pelos mais vulneráveis, seria uma boa lição a esses aprendizes de feiticeiro que resolveram abrir a caixa de Pandora e colocar em risco a democracia apenas para exercitar os músculos.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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Asdrubal Caldas

13/04/2016 - 22h12

Depois de todo este alarmismo desnecessário do Nassif que, se ocorrer realmente uma violência desproposita, ele poderá ser enquadrado como fomentador desta violência. Primeiro porque domingo sera apenas um primeiro passo que, poderá ser o ultimo, bastando para tanto que a votação seja favorável a Dilma. Se ela for a derrotada, ainda tem o Senado que mesmo antes de abrir o processo de cassação, poderá simplesmente arquivar o processo. E este cidadão, por nome Nassif, já da o seu prognóstico, de como deverá ocorrer a tragédia idealizada por ele. Eu vejo esta atitude da parte dele, como pura e simples falta de responsabilidade.

    Sérgio M C da Silva

    15/04/2016 - 18h35

    Só lembrando que o Nassif, junto com Mino Carta e Paulo Henrique Amorim e mais alguns estão sobrevivendo às custas das verbas federais…..

      Dura_Realidade

      08/05/2016 - 19h02

      Nassif estava quase quebrado com o Dinheiro Vivo… Até que apareceu um “patrão salvador”… Com BNDES ao seu lado.

raqueltdlopes

13/04/2016 - 21h27

Não sei se .nessa hora dá pra ficar preocupado com o que pode acontecer. Vou ficar muito feliz de ver I MP e PF perderem poder. Quero comemorar ao ouvir um ex coxinha se queixando do arrocho, dos impostos maiores. Sei que sofreremos, porém nessa altura do campeonato prefiro que eles sofram mais. Quero ouvir as panelas baterem por conta da escolha que eles próprios fizeram. Quero ouvir nad manifestações Fora Temer. Fora PMDB. Quero poder boicotar as Olimpíadas e dizer #naovaiterolimpiada e ouvir o estádio gritar: ei Temet vai tomar no ..e um boneco inflável do Temet virá vestido de que? Vamos ver tudo que vimos contra Lula, Dilma e o PT, com uma diferença agora estaremos do outro lada. Confesso que desejei muito está do outro lado. Lutar e poder ser oposição é muito bom também.

Rose

13/04/2016 - 14h13

Tem horas que me entrego a este pensamento do último parágrafo. Mas não seria eu quem sofreria com mais intensidade, então chuto para o espaço esta ideia.

“Não fosse o custo a ser pago pelo país, especialmente pelos mais vulneráveis, seria uma boa lição a esses aprendizes de feiticeiro que resolveram abrir a caixa de Pandora e colocar em risco a democracia apenas para exercitar os músculos.”

Dilbert

13/04/2016 - 13h55

Existem duas coisas que faltaram no desenho do Nassif.
– Olimpíadas e Gripe (Zika, H1N1 e o famoso Chico Cunha).
Entendo que só esses dois itens já seriam mais que suficientes para tumultuar o país.
Saudações democráticas.

    Rose

    13/04/2016 - 14h15

    Já pensou um boicote para o Olimpíadas?
    Já tem nego querendo boicotar só por causa da Zika, imagina com esse caldo todo.

js

13/04/2016 - 13h14

Alguém ai no Brasil tem q chamar o Lewandowski ou o Renan para esclarecer esse voto no domingo, pois isso não sera o fim do impeachment, sera so o começo. Domingo e dia D para os GOLPISTAS, a Dilma tem tempo para o contraditório e depois o plenário do CONGRESSO. Pelos comentários, estão pensando em PM Cunha e Pres Temer ja na noite de domingo, a Dilma esta plantada no Planalto e ao contrario de seus algozes, goza de tds os direitos e privilégios da Presidencia, ja falou q não renunciara. O Vice e a Dudu Madureira não podem compor um governo paralelo de quarto de hotel, do jeito q ta, duvido q a posição deles perdure por mais uma semana, não haverá uma renuncia e retirada, Dilmaesta entrincheirada.

Eles pensam q o EC e o Vice serão aclamados e farão uma subida triunfal da Rampa? Vai ter segurança pesada da Presidencia, qq atrevido q cruzar a rua e por os pes na Rampa sera atingido pelas autoridades ou melhor, seriam presos para passarem o resto da vida em arrependimento, com suas peruas soltas pelas ruas de Brasilia.

    Rose

    13/04/2016 - 14h16

    No Brasil conspirar é crime?
    Dilma sempre dormindo no ponto…

      js

      13/04/2016 - 15h31

      Vc vive num pais e não sabe o básico dos seus direitos? E por falar nisto essa conspiração é contra seus interesses.

JOSÉ

13/04/2016 - 13h02

É a coisa está feia mesmo, de um lado a patente ilegitimidade de um governo que será formado baseado em uma manobra política, ainda que com algum fundamento jurídico, De outro um governo legitimamente eleito, que se tornou ilegítimo ao longo do tempo em que se perdia nos desmandos de sua própria sede de poder. Estamos é ferrados mesmo.

Rogério Maestri

13/04/2016 - 12h03

Note-se bem, dentro do fluxograma do Nassif, corretamente ele coloca no fim tumultos de rua, porém a população brasileira não sabe o que são tumultos de rua, que em países com polícia organizada, existência de uma guarda nacional numerosa, existência de um exército profissionalizado estes tumultos chegam a causar 1 bilhão de dólares de prejuízo (USA 2005). Agora, que acontecerá no país?

    Rose

    13/04/2016 - 14h17

    Não quero nem pensar.


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