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A Copa, a vida, o futebol

Por Luis Edmundo Araujo, editor de esporte do Cafezinho O time jamais tinha sido campeão de nada na primeira divisão, nada no nível profissional, adulto, e chegava novamente, pela segunda vez na história, à final do mais antigo torneio de futebol do planeta, na terra dos inventores do esporte. A torcida do Crystal Palace, simpático clube de Croydon, […]

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Por Luis Edmundo Araujo, editor de esporte do Cafezinho

O time jamais tinha sido campeão de nada na primeira divisão, nada no nível profissional, adulto, e chegava novamente, pela segunda vez na história, à final do mais antigo torneio de futebol do planeta, na terra dos inventores do esporte. A torcida do Crystal Palace, simpático clube de Croydon, no sul de Londres, fez festa no tradicionalíssimo estádio de Wembley, palco da final da Copa desde 1923 até 2000, quando foi posto abaixo para, reconstruído, voltar a sediar a grande decisão desde 2007. O pai com o filho no colo, o careca alto, forte, quarentão, o senhor de cachecol nas cores do clube, cabelo branco, óculos e boina, os dois torcedores com cabeça de águia, símbolo do time, todos fizeram festa e foram ao delírio aos 33 minutos do segundo tempo, quando o Crystal Palace abriu o placar no golaço de Jason Puncheon, que havia entrado em campo seis minutos antes, no lugar de Cabaye.

Como na primeira vez, em 1990, a decisão era contra o maior campeão nacional entre os times ingleses, o arquivencedor Manchester United, cujos torcedores, inclusive os mais novos, vivenciaram títulos de todos os tipos, entre eles 20 campeonatos nacionais, contra 18 do segundo maior vencedor, o Liverpool; e 11 Copas da Inglaterra, chegando à final para igualar as 12 do Arsenal e tornar-se, também, o maior detentor de Copas em seu país. Isso sem falar nos títulos continentais, mundiais, sonho impossível, suprema utopia para o pai com o filho no colo, o careca alto, forte, quarentão, o senhor de cachecol nas cores do time e os jovens, quase adolescentes com o rosto pintado em vermelho e azul, todos em êxtase na hora do gol do time, numa felicidade acumulada, liberta aos urros, aos abraços apertados em conhecidos ou não, e na comemoração inesperada, hilária, do treinador do Crystal Palace, Alan Pardew.

Como mostra esse vídeo (além de mostrar também o pai com o filho no colo, o careca quarentão, o senhor de cachecol…), com toda a seriedade sugerida por seu terno impecável, alinhado, o técnico do Crystal Palace simplesmente não se conteve com o gol de seu time e dançou solto, numa espécie de miudinho anglo-saxão revestido de um estilo próprio, pessoal. Pena que a alegria não durou nem três minutos, tempo suficiente para o espanhol Juan Mata empatar a partida, aproveitando bela jogada individual de Wayne Rooney, que levou para a direita e cruzou para o belga Fellaini matar no peito ao lado de Mata, que chutou de primeira, sem deixar quicar. A bola passou por baixo das pernas do zagueiro Joel Ward, que, em cima da linha, chegou a tocar nela com o joelho esquerdo.

Man United FA CUF finalÀquela altura Fellaini já havia acertado o travessão do goleiro Wayne Hemessey, completando passe de letra de Martial, e o próprio Martial também já havia acertado a trave do Crystal Palace, de cabeça, após cruzamento do equatoriano Valência. Hemessey havia defendido ainda outro chute perigoso de Mata, embaixo, no canto. Do outro lado Bolasie obrigara o espanhol De Gea, goleiro do United, a fazer bela defesa, espalmando pra corner um chute também no canto, embaixo, e antes, na primeira jogada de perigo da partida, Connor Wickham ganhou do zagueiro Smalling na corrida, foi puxado, caiu, levantou e se livrou de outro marcador pra fazer o gol com o goleiro adversário parado e o jogo paralisado porque o juiz, Mark Clattenburg, resolveu não dar vantagem no lance. Deu a falta e o cartão amarelo a Smalling.

O jogo foi para a prorrogação e, nos primeiros 15 minutos, Smalling seria expulso, o que voltou a animar os sofridos torcedores do Crystal Palace, ainda mais quando Dwight Gayle recebeu livre na frente de De Gea e chutou para outra grande defesa do goleiro espanhol. E então veio o gol da vitória do todo-poderoso Manchester United, com um a menos em campo, o chutaço no ângulo de Jesse Lingard para colocar as coisas nos seus devidos lugares, para enterrar de vez o sonho do pai com o filho no colo, do careca alto, forte, do senhor de cachecol com as cores de times, dos jovens cara-pintadas, dos cabeças-de-águia e também de Alan Pardew, que, no entanto, não se arrependeu de sua dancinha inusitada.

Numa final de Copa da Inglaterra, como treinador, é difícil você conseguir aproveitar algum momento. Se vocês me perdoarem por minha dança, posso dizer que estava apenas aproveitando aquele momento. Meus jogadores deram tudo, tudo, Eles mereciam vencer, mas o jogo é assim.

O fim de semana foi de finais de Copa pela Europa. Na Alemanha, o Bayern de Munique bateu o Borussia Dortmund nos pênaltis e ficou com a taça na despedida do treinador Pepe Guardiola, que treinará o Manchester City na próxima temporada. O italiano Carlo Ancellotti assumirá o Bayern. Na França, o Paris Saint Germain venceu o Olimpique de Marseille na despedida do atacante sueco Zlatan Ibrahimovic. Na Espanha, o Barcelona conquistou a Copa do Rei ao vencer o Sevilha. Em Portugal, o Sporting Braga levou a Taça ao vencer o Porto nos pênaltis. E na Itália, a Juventus venceu o Milan e conseguiu a dobradinha, ao levar este ano o campeonato nacional e a Copa.

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Luis Edmundo

Luis Edmundo Araujo é jornalista e mora no Rio de Janeiro desde que nasceu, em 1972. Foi repórter do jornal O Fluminense, do Jornal do Brasil e das finadas revistas Incrível e Istoé Gente. No Jornal do Commercio, foi editor por 11 anos, até o fim do jornal, em maio de 2016.

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