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Pra frente Brasil

Por Luis Edmundo Araujo, editor de esporte do Cafezinho Tido e havido como o presidente do período mais violento da ditadura militar, originária de um golpe igual a esse de agora, só que diferente, o general Emílio Garrastazu Médici calhou também de comandar o País num daqueles momentos mágicos da nossa seleção brasileira. Tivemos Pelé […]

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Por Luis Edmundo Araujo, editor de esporte do Cafezinho

Tido e havido como o presidente do período mais violento da ditadura militar, originária de um golpe igual a esse de agora, só que diferente, o general Emílio Garrastazu Médici calhou também de comandar o País num daqueles momentos mágicos da nossa seleção brasileira. Tivemos Pelé e Garrincha juntos em 1958, nos anos JK; Garrincha sozinho em 1962, com Jango a menos de dois anos da queda; tivemos Romário, Bebeto, Dunga, Taffarel etc. no início otimista, privatizante e bem educado do Plano Real e de FHC, em 1994; e Ronaldo sendo magistralmente ajudado por Rivaldo no ocaso opaco dos tucanos no poder, em 2002; e em 1970 tivemos Pelé sem Garrincha, maduro, encantando o mundo nos gramados mexicanos ao som do Pra Frente Brasil, ao lado de Tostão, Jairzinho, Gérson, Rivelino, Carlos Alberto, enquanto no Brasil a repressão perseguia, torturava e matava opositores do regime, a rodo.

Hoje, no golpe em curso, o presidente interino, além da latente, evidente ausência do mais ínfimo resquício de legitimidade, além dos problemas às pencas de seu ministério de notáveis suspeitos, polutos, além da torcida fervorosa, sorridente, da grande mídia nacional, não deve contar muito com a outrora gloriosa camisa canarinho para disfarçar as trapalhadas apressadas de sua trupe, a corrida pelo ouro estrangeiro vendendo tudo, logo, pra enriquecer mais ainda em troca do apoio de dentro e de fora a tudo isso que está aí.

Ontem, terminando na madrugada de hoje, teve mais um jogo da seleção brasileira de futebol. Em Denver (EUA), nos preparativos para a Copa América do Centenário, o Brasil venceu por 2 a 0 a valorosa seleção do Panamá, cuja história no futebol pode se resumir aos irmãos Dely Valdéz. Os gols foram de Jonas e Gabriel, Philippe Coutinho fez ótima partida, mas na verdade pouca gente viu, porque a vergonha do 7 a 1 ainda é forte, e porque tirando os sumidos revoltados, desaparecidos das ruas, cada vez menos gente se identifica com a camisa que carrega no peito, na altura do coração, o símbolo da investigada CBF, entidade que mantinha excelente relacionamento com uma certa emissora de televisão, principalmente durante a gestão de Ricardo Teixeira.

Pode ser que a seleção de Dunga vença o torneio que será jogado neste mês de junho, nos Estados Unidos. Pode ser até que a equipe brasileira vença jogando bonito, há bons jogadores no time, suficientes pra isso, mas não será uma Copa do Mundo, não será nada capaz, ainda, de superar a ressaca moral e esportiva com a eliminação catastrófica no Mundial em casa, e por isso nosso presidente interino, conspirador de mimimis vazados a esmo, pode ter a certeza de que entre as armas à sua disposição para enfrentar as intempéries da falta de voto, entre o apoio decidido do ator pornô, interlocutor para assuntos educacionais, e os editorais com as instruções de seus padrinhos, protetores, não haverá a chance, não agora, de ver o povo absorvido, esquecido de seu desgoverno, na frente da tevê e ao som da marchinha contagiante, da alegria patriótica, triunfante, do Pra frente Brasil.

 

luis.edmundo@terra.com.br

 

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Luis Edmundo

Luis Edmundo Araujo é jornalista e mora no Rio de Janeiro desde que nasceu, em 1972. Foi repórter do jornal O Fluminense, do Jornal do Brasil e das finadas revistas Incrível e Istoé Gente. No Jornal do Commercio, foi editor por 11 anos, até o fim do jornal, em maio de 2016.

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