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O peso da camisa e os limites da democracia na final da Libertadores

Foto: Conmebol/AFP Por Luis Edmundo Araujo, editor de esporte do Cafezinho Algo parecido, talvez, só tenha acontecido com o São Caetano em 2002, mas ainda assim o time do ABC paulista, nunca antes campeão de nada, finalista derrotado pelo tricampeão Olímpia na decisão por pênaltis, não foi tão surpreendente nem tão envolvente quanto o Independiente […]

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Foto: Conmebol/AFP

Por Luis Edmundo Araujo, editor de esporte do Cafezinho

Algo parecido, talvez, só tenha acontecido com o São Caetano em 2002, mas ainda assim o time do ABC paulista, nunca antes campeão de nada, finalista derrotado pelo tricampeão Olímpia na decisão por pênaltis, não foi tão surpreendente nem tão envolvente quanto o Independiente Del Valle, do Equador, nunca sequer na primeira divisão até 2010, algoz dos gigantes argentinos River Plate, nas oitavas-de-final, e Boca Juniors, nas semis, e derrotado ontem na final da Taça Libertadores da América, que pode ter, sim, ganhado ares mais democráticos com a decadência brasileira, mas não na final. Como nas duas edições anteriores, sem brasileiros na decisão, um clube de tradição, em dois casos já campeão, enfrentou na finalíssima um time sem história no torneio e saiu vencedor. Ontem, foi a vez de o Atlético Nacional de Medellín ser bicampeão, e com a maior pontuação da história da Libertadores.

Treinado por Reinaldo Rueda, o time do goleiro Armani, do zagueiro Henriquez, do lateral Bocanegra, dos meias Guerra, Macnely Torres e do atacante Marlos Moreno fez a melhor campanha da primeira fase da Libertadores de 2016, com direto a goleada de 4 a 0 sobre o Peñarol, pentacampeão, no mítico Estádio Centenário, em plena Montevidéu. Passou com certa tranquilidade pelo Huracán, time médio da Argentina, e com muita emoção por outro argentino, o Rosário Central, nas quartas. E para chegar à final, já com o reforço providencial do atacante Borja, não deu chances ao São Paulo, tricampeão, vencendo cá e lá. Teve o melhor ataque, a melhor defesa, seu goleiro ficou os sete primeiros jogos do campeonato sem levar gol e com essa campanha brilhante, incontestável, o Atlético Nacional parece redimir também seu primeiro título, muito questionado pelas relações históricas do clube com um tal de Pablo Escobar.

O Atlético Nacional de Medellín de 1989 foi campeão da Libertadores, da primeira das agora três taças colombianas, em meio ao domínio ostensivo, sem lei, do tráfico de drogas, e o maior dos traficantes colombianos era torcedor declarado, apaixonado pelo time que tinha Higuita no gol e, no banco, o técnico Francisco Maturana, e que eliminou o Racing da Argentina, campeão de 1967, nas oitavas, o rival doméstico Millonarios nas quartas, o Danúbio do Uruguai na semifinal, por 6 a 0, e venceu o Olimpia, nos pênaltis, na final. Se pairava ainda alguma dúvida sobre a justiça dessa conquista, ela foi dissipada ontem, quando os deuses do futebol permitiram que o Atlético Nacional, nem sombra da envolvente equipe até ali, pudesse vencer o jogo mais importante do torneio falhando sucessivamente nas conclusões, perdendo gols fáceis desde a primeira jogada da partida, antes da marca de 20 segundos de jogo, até quase o fim, e se valendo somente dos lampejos nervosos de seus jogadores, além do peso da própria camisa.

O San Lorenzo não era campeão ainda, mas era grande desde sempre em seu país e fez valer esse tamanho ao derrotar o Nacional do Paraguai, nove vezes campeão paraguaio, sim, mas menor até que o Guarani, sem falar no Libertad, no Cerro Porteño e no próprio Olimpia. Em 2015 o River Plate fez o mesmo com o Tigres, do México, e festejou o tricampeonato empatando a primeira fora de casa e ganhando a segunda em seu território, mesmo roteiro seguido agora pelo bicampeão Atlético Nacional, em mais uma mostra de que a Libertadores pode até ter se tornado mais aberta, receptiva a clubes menores como o Independiente Del Valle, pero no mucho.

luis.edmundo@terra.com.br

 

 

 

 

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Luis Edmundo

Luis Edmundo Araujo é jornalista e mora no Rio de Janeiro desde que nasceu, em 1972. Foi repórter do jornal O Fluminense, do Jornal do Brasil e das finadas revistas Incrível e Istoé Gente. No Jornal do Commercio, foi editor por 11 anos, até o fim do jornal, em maio de 2016.

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