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Jogos Olimpícos e corrupção Homérica – O que esperar nos próximos dias?

(Foto: Beto Barata) Por Bajonas Teixeira de Brito Junior, colunista de política do Cafezinho Um dia antes da abertura oficial das Olimpíadas no Brasil, e apenas cinco dias após a inauguração da linha 4 do metrô, ligando Ipanema à Barra da Tijuca, o TCE (Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro) divulgou suspeitas […]

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Presidente em Exercício Michel Temer durante cerimônia de Inauguração da Linha 4 do Metrô do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro - RJ, 30/07/2016) Foto: Beto Barata/PR

(Foto: Beto Barata)

Por Bajonas Teixeira de Brito Junior, colunista de política do Cafezinho

Um dia antes da abertura oficial das Olimpíadas no Brasil, e apenas cinco dias após a inauguração da linha 4 do metrô, ligando Ipanema à Barra da Tijuca, o TCE (Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro) divulgou suspeitas sobre corrupção bilionária na obra:

“Técnicos do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) apuraram que as obras da Linha 4 do metrô (Ipanema-Barra), inaugurada no sábado, podem ter causado prejuízo aos cofres públicos de R$ 2,3 bilhões. A conclusão consta em relatório de auditoria governamental ordinária, feita entre julho e dezembro do ano passado, que foi encaminhada esta semana para a conselheira do órgão, Marianna Montebello, que será a relatora do processo, sem data ainda para ir a julgamento em plenário. O documento, ao qual O GLOBO teve acesso, aponta “ilegalidades graves” nos gastos.”
A sensação de que, em torno das Olimpíadas no Rio, tudo corre pelas vias da corrupção, deve ser um dos motivos que explica a grande mobilização contra o evento. Nos últimos dias, em ocasiões diversas, a tocha foi apagada e se verificaram sérios enfrentamentos entre a população e a polícia em cidades como Angra dos Reis, São Gonçalo, Niterói, em Duque de Caixas, região metropolitana do Rio.

O grande protesto ocorrido hoje na Tijuca, e o novo confronto da PM com os manifestantes, parece que consolida o clima de revolta que deve perdurar até o encerramento.
Começando com a morte da onça, por inépcia e despreparo, que causou comoção e protestos no país, e indo até eventos com mortes que, certamente seriam evitadas não fosse as gambiarras e improvisações para encobrir a dinâmica de maracutais, presenciamos um número suficiente de desastres para temer pela realização dos jogos.

Aqui listamos alguns:

 

21 de abril – A queda de parte da estrutura da Ciclovia Tim Maia, recém inaugurada, que resultou na morte de duas pessoas:

http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2016/04/parte-da-ciclovia-desaba-em-sao-conrado-zona-sul-do-rio.html

29 de junho – Dois paraquedistas morreram em ensaio para formar o símbolo das Olimpíadas.

http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2016/06/1787314-dois-paraquedistas-morrem-apos-salto-para-formar-simbolo-olimpico-em-sp.shtml

 29 de julho – Cai um helicóptero da Polícia Rodoviária Federal na sede do palácio do Governo, felizmente sem vítimas:

http://odia.ig.com.br/rio-de-janeiro/2016-07-29/helicoptero-da-prf-realiza-pouso-forcado-no-palacio-guanabara.html

26 de julho – Colidem dois jatos que faziam voos de treinamento próximo à área dos eventos. Um dos pilotos está desaparecido e provavelmente morreu no acidente.

http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2016/07/caca-da-marinha-cai-no-mar-apos-colidir-com-outra-aeronave-no-rio-6902709.html#

29 de julho – Ocorre um choque entre veículo do VLT, recém inaugurado, e um ônibus.

https://esportes.terra.com.br/jogos-olimpicos/2016/vlt-e-onibus-se-chocam-no-centro-do-rio-de-janeiro,e1d26d94720d95a365f460afe1d6d9beklxtekvj.html

29 de julho – O prédio da delegação das Austrália teve que ser evacuado em razão de princípio de incêndio. A situação já era preocupante dias antes, com reclamações da chefe da delegação à respeito de vazamentos, infiltrações e fios expostos.

http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/olimpiadas/rio2016/noticia/2016/07/principio-de-incendio-atinge-predio-da-australia-na-vila-olimpica.html

30 de julho – A rampa da Marina da Glória recém inaugurada, segundo os organizadores do evento devido a ventos fortes e ressaca, desmoronou e terá que ser inteiramente reconstruída.

http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/olimpiadas/rio2016/noticia/2016/07/rampa-na-marina-da-gloria-e-danificada-pela-ressaca-do-mar-no-rio.html

 

Essa lista, que certamente não é exaustiva, é suficiente para preocupações.  Um evento de massa de grandes proporções parece exigir e merecer uma organização à altura. Mas ao que tudo indica ninguém deve esperar por isso. Segundo matéria da Folha hoje, até a festa de abertura das Olimpíadas foi definida pelos seus diretores como uma “gambiarra”:

“Um dos momentos mais aguardados de uma Olimpíada, a festa nacional foi feita à base da ‘gambiarra’, definiu a equipe estelar de diretores criativos: os cineastas Fernando Meirelles, Andrucha Waddington e Daniela Thomas.”

O mesmo conceito também se aplica ao momento cerimonial do desfile das delegações:

“Antes, haverá o desfile de delegações, outra ‘gambiarra’. Tradicionalmente, elas circundam uma pista de atletismo. Como o Maracanã não tem, as 11 mil pessoas cruzarão o centro do campo saindo por lados opostos, como um Y.”

A este nível do espetáculo, a ‘gambiarra’ pode até preocupar menos, e mesmo ser exaltada como expressão da desenvoltura e da cultura da improvisação local. Pode ser que a gambiarra brilhe, sem dúvida. O problema é que nos níveis mais profundos e mais decisivos, a gambiarra parece imperar de modo ainda mais implacável, e envolver riscos muito maiores. Assim, a empresa que cuidava da segurança do evento foi, sem quê nem por quê, em cima da hora, dispensada pelo ministro da Justiça, Alexandre de Moraes segundo matéria da Folha:

“O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, anunciou nesta sexta-feira (29) que a empresa Artel Recursos Humanos, contratada para prestar serviços de segurança durante os Jogos Olímpicos do Rio-2016, foi afastada.

A companhia seria responsável por fazer a revista e o controle de entradas e acessos em instalações olímpicas. Segundo Moraes, entretanto, ela não apresentou os 3.400 funcionários que deveriam assumir essa missão.”

O que podemos esperar? A irresponsabilidade não mostra ter nenhum limite e os organizadores parecem estar muito aquém da capacidade e da seriedade necessárias. Nessas condições, em que não se pode confiar na infraestrutura, na logística, nem na organização (sem falar na segurança), a única coisa que resta é cruzar os dedos e rezar.

Bajonas Teixeira de Brito Júnior – doutor em filosofia, UFRJ, autor dos livros Lógica do disparate, Método e delírio e Lógica dos fantasmas, e professor do departamento de comunicação social da UFES.

 

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Comentários

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josecarloslima

06/08/2016 - 06h42

O video das vaias, produzido pelo comitê olimpico, ja foi censurado pelo Youtube, tem que salvar e colocar no Vimeo
Esse video pegou um angulo bem bacana das vaias – salve no e publiquem no Vimeo

https://www.facebook.com/epoca/videos/10153767535836430/


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