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Dívida da Petrobras – O enfoque deve ser outro

Existe alternativa para reduzir a dívida da Petrobrás sem vender seus ativos por Felipe Coutinho e J. Carlos de Assis “A Petrobrás não precisa vender ativos para reduzir seu nível de endividamento. Ao contrário, na medida em que vende ativos, ela reduz sua capacidade de pagamento da dívida no médio prazo e desestrutura sua cadeia […]

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Existe alternativa para reduzir a dívida da Petrobrás sem vender seus ativos

por Felipe Coutinho e J. Carlos de Assis

“A Petrobrás não precisa vender ativos para reduzir seu nível de endividamento. Ao contrário, na medida em que vende ativos, ela reduz sua capacidade de pagamento da dívida no médio prazo e desestrutura sua cadeia produtiva, em prejuízo à geração futura de caixa, além de assumir riscos empresariais desnecessários.”

*artigo enviado por um leitor do Cafezinho, link no blog da Associação Comunitária Bairro Guarani

Esse é um link para um artigo brilhante, desenvolvido por especialistas: um engenheiro químico e um professor de economia.

Na qualidade de quem já foi consultor da Petrobrás, já administrou seu próprio posto de gasolina e desenvolve a observação generalista da economia, eu gostaria de estender a análise ao que me parece, mais essencialmente ainda do que as finanças, ser o cerne econômico e produtivo da questão. Ou cerne “improdutivo”, já que a venda de ativos atinge diretamente a cadeia de produção.

Descaminhos involuntários me fizeram conhecer como essas grandes manobras acontecem. Objetivos velados recebem um verniz de legalidade.

O endividamento da Petrobrás de longo prazo é, de fato, alto. Apenas isso: alto. Não inibe a capacidade operacional da empresa, tampouco é impagável

Há benefício, no curto prazo, com a redução do endividamento da Petrobrás? Claro que sim, para seus acionistas privados, sejam eles nacionais ou internacionais.

E malefício? Quem perde, severamente, com a desmobilização da empresa, já em curso?

O Brasil. A Petrobrás.

Conheço a cadeia de produção da área petroleira no geral e a Petrobrás em particular. Posso afirmar que o objetivo da atual administração não objetiva satisfazer o investidor privado e sim desmontar a empresa.

Os erros que aconteceram no governo Dilma Roussef precisam ser reconhecidos: o investidor privado foi ignorado. O congelamento no preço da gasolina por anos foi infeliz, sob todos os aspectos. Nada disso, no entanto, inviabilizou a empresa. Os investimentos geraram dívida, mas também geraram ativos! Capacidade de produzir ali na frente.

Diariamente saem notícias sobre as vendas: das refinarias, da Petrobrás Distribuidora, dos gasodutos, sua saída do mercado de álcool. Todos esses assuntos são sérios demais e têm sido tratados com absoluta leviandade. Tais atos terminarão por matar a galinha dos ovos (dourados?) negros.

A dívida da Petrobrás será menor? Sim. E seu futuro? Idem. Menor, ou inexistente.

O pré-sal possui reservas gigantescas. A perspectiva de produção pode superar nosso consumo em múltiplos acima de três, em breve lapso de tempo. Alguns campos já foram vendidos, outros ainda serão. Basta haver interesse dos novos donos, e a produção explode.

Quando cuidei do meu posto, ele tinha bandeira Esso. Quem me abastecia era a Esso. Se a Esso não pudesse, por qualquer motivo operacional, me entregar combustível, eu poderia solicitar à Shell, à Petrobrás, à Ipiranga?

Não. Eram concorrentes!

A Petrobrás aliena o controle de sua “joia da coroa”, que é a Petrobrás Distribuidora. A Petrobrás não tem mais refinarias. As nossas ex-refinarias vão refinar petróleo de quem? Da Petrobrás ou delas, multinacionais, campos de pré-sal recém alienados, com alto potencial de produção?

A nossa empresa refinará seu petróleo onde? Fornecerá gasolina, diesel, querosene, nafta para quem? Aos concorrentes?

Tais concorrentes estarão produzindo derivados de petróleo (oriundo do pré-sal) em ex-nossas refinarias, alienadas com o nobre objetivo de reduzir o nosso endividamento!

Imagine uma empresa como a Exxon, um mamute que jamais se desfaria de sua rede de postos ou refinarias nos EUA (nem o governo americano permitiria, como fez ao socorrer a GM), venha a investir no Brasil e, ao mesmo tempo, adquirir nossas refinarias e postos de distribuição. Considerando sua capacidade de produção de petróleo (aqui ou importado com alíquota zero), por qual motivo a Exxon iria adquirir petróleo produzido pela Petrobrás, sua concorrente?

Relembre comigo: o Brasil descobriu enorme reserva de petróleo, já delimitada. Seu 2º maior campo, vendido! A situação é alarmante!

O que a Petrobrás fará com sua produção, onde refinará seu óleo? E a quem venderá o produto da exploração e refino se não tiver uma cadeia de distribuição?

À Exxon? Ou à Statoil, ou à  Shell? Ou ao conjunto delas?

Qualquer bom especialista em Pesquisa Operacional diria que o plano da atual direção da Petrobrás ou é ingênuo ou é maquiavélico, a falência da estatal é certa!

Não sou especialista em P.O., sou um generalista, apenas. Em março de 2008, firmei uma análise que considerou imprudente a aquisição da Xstrata pela Vale, vetada posteriormente pelo governo.

Teria sido a derrocada da Vale.

Gostaria, talvez mais do que o brasileiro médio, pois a acompanhei de muito perto, ver evitada a derrocada da Petrobrás.

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Comentários

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Roberto

24/10/2016 - 18h36

podia ter escrito uma carta dessas quando promoveram gente como Cerveró


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