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Espiando o poder – A piscina esquecida e a perseguição da imprensa, mas não a Lula

[s2If !current_user_can(access_s2member_level1) OR current_user_can(access_s2member_level1)] Espiando o poder: análise diária da grande imprensa Por Luis Edmundo Araujo, colunista do Cafezinho Depois da manchete inacreditável de domingo, em que a Polícia Federal investigava se a Odebrecht fez reforma de piscina “para Lula”, e a piscina em questão é a do Palácio do Alvorada, a Folha de São […]

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Espiando o poder: análise diária da grande imprensa

Por Luis Edmundo Araujo, colunista do Cafezinho

Depois da manchete inacreditável de domingo, em que a Polícia Federal investigava se a Odebrecht fez reforma de piscina “para Lula”, e a piscina em questão é a do Palácio do Alvorada, a Folha de São Paulo não deu mais matéria alguma sobre o assunto na edição de hoje. Cumpriu a missão de juntar, na edição mais lida do jornal, a PF, a empreiteira mais falada no noticiário da Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a piscina, símbolo de luxo, riqueza ou status no imaginário das classes médias pra baixo, tudo sem provas. Hoje, no dia seguinte, o jornal paulista “esquece” o assunto, que só tem lugar na coluna Painel, na frase de um deputado tucano que, como se espera de tucanos, comenta a denúncia como se ela fosse séria. A tal denúncia também é ignorada pelos demais jornais hoje, que mostram o avanço da crise econômica nas manchetes do Globo, em que “um terço das cidades do estado já atrasa salários”, e do Valor, onde “pioram projeções sobre a retomada do crescimento”. Já o Estadão vem com a briga entre os Poderes, na manchete em que “Renan busca aval de Temer a ação contra Judiciário”. Embaixo, a chamada diz que “governo se aproxima de UGT e Força” para aprovar as reformas da Previdência e trabalhista, fundamentais para botar em prática as teorias do governo que, como ressalta o jornalista Luis Nassif, já produziram 12 milhões de desempregados, até agora.

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“Depois dos maus resultados da indústria e do comércio no terceiro trimestre, alguns indicadores de outubro reforçaram a avaliação de que a economia brasileira vai encolher também nos últimos três meses do ano. Nesse cenário difícil, marcado pela queda na produção de veículos e de cimento no mês passado, bancos e consultorias revisam para baixo as estimativas para a variação do Produto Interno Bruto (PIB) em 2016 e 2017”, afirma o Valor na chamada de capa para a manchete de hoje. A situação confirma o que diz  Nassif, em seu blog, GGN, no “Xadrez da teoria que produziu 12 milhões de desempregados”.

O jornalista afirma que “em 2016, Michel Temer e o seu Ministro da Fazenda – e o editorialista da Folha – prometem que, depois da PEC 241 virá o paraíso do crescimento porque, graças aos cortes fiscais, haverá a redução dos juros e a retomada do crescimento.” Nassif questiona se “sem consumo de governo (por conta da PEC 55), sem consumo das famílias (por conta do desemprego) e sem o impulso das exportações (por conta da apreciação cambial), de onde viria o crescimento?”, para afirmar que os cortes serão “um desastre continuado, fazendo a economia regredir uma década.”

No estado do Rio do Rio de Janeiro, pelo menos “30 cidades vêm pagando seus servidores com atraso”, revela o Globo. “A redução de repasses do estado e a queda de royalties do petróleo estão entre as razões para os cofres vazios”, afirma o jornal carioca, que como exemplo conta que o programa estadual Somando Forças “destinou às cidades, neste ano, R$ 46 milhões, um quarto do total de 2015”. E para o jornal a solução, única, é o arrocho, como afirma o editorial principal do Globo de hoje.

“Remédio inevitável” é o título do texto em que o jornal carioca afirma que “as medidas são amargas, mas sem elas o colapso do estado será inevitável, o que seria o pior dos mundos”. Ao lado, no contraponto do mesmo tamanho, no artigo “Quem paga a conta”, o presidente estadual da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil no Rio de Janeiro (CTB-RJ), Ronaldo Leite, diz que “não é aceitável transferir o ônus a quem não é responsável pela evolução do caos no estado”.

Além de repetir mais uma variação das expressões que têm sido quase obrigatórias nos editorias da grande mídia ultimamente, ao elencar motivos da crise atual do estado “derivados do continuado equívoco lulopetista na condução da política econômica do país”, o Globo afirma que “misturar nesse paiol a questão dos incentivos é um equívoco que não contribui para resolver a crise. Ao contrário, desfoca a discussão”.

O Globo afirma que a “alegada renúncia fiscal do estado em favor de empresas é um benefício que visa a estimular a economia, via criação de empregos e aumento da produção, uma contrapartida exigida pelo poder público que se traduz positivamente em crescimento da renda e incremento do consumo em geral, devidamente tributado.” Ronaldo Leite, no entanto, lembra que “entre os maiores beneficiados, há redes de supermercado, joalherias, casas de massagem e até salão de beleza, fazendo chegar a incríveis R$ 185 bilhões o volume de receitas renunciadas pelo governo entre 2007 e 2015, de acordo com o Tribunal de Contas do Estado”.

“Uma verdadeira farra promovida por Sérgio Cabral e Pezão”, continua o presidente da CTB-RJ, para concluir afirmando que “tal como faz o presidente de plantão, o PMDB, que governa o Rio há mais de uma década e é, portanto, o principal responsável pela situação atual, propõe descaradamente que a conta seja integralmente quitada pelos servidores e pela população mais pobre”. E se no âmbito estadual o partido propõe isso, na esfera federal trata de tentar cooptar centrais de trabalhadores na luta para aprovar medidas que afetam, principalmente, aqueles que são representados por essas entidades

“Baú da Felicidade” é o título da nota em que Natuza Nery, na coluna Painel, da Folha, informa que “às vésperas de apresentar a reforma da Previdência, o governo avisou às centrais sindicais – principais opositoras das mudanças – que pretende retomar convênios para que elas toquem cursos de capacitação profissional.” A ideia do Ministério do Trabalho, segundo a coluna, “é oferecer cerca de R$ 100 milhões ao programa, que seria apresentado até  fim do mês. A proposta esbarra na falta de disposição de parte das entidades para assinar acordos do tipo, que já renderam ações por fraudes no passado.”

Embaixo, na nota “Tapas e beijos”, a coluna afirma que “depois do namoro que quase resultou em fusão, Força Sindical e UGT agora travam uma batalha para atrair sindicatos”. Mais embaixo ainda, outra nota, “Ideia fixa”, conta que “A Central de Paulinho da Força (SD-SP) tomou três grandes corporações da rival, o que renderá R$ 1,3 milhão extra por ano em repasses do imposto sindical”. As centrais sindicais que mais apoiam as intenções dos patrões não se entendem, a exemplo dos Poderes da República, que continuam na guerra particular que hoje rendeu a manchete do Estadão.

“O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), buscou respaldo político do Palácio do Planalto, da Câmara dos Deputados e do Tribunal de Contas da União (TCU) para as ações que tem levado adiante no Congresso Nacional contra o Judiciário”, afirma o jornal paulistano. De acordo com o Estadão, “em almoço o presidente do Senado defendeu pente-fino em salários de juízes e disse que convidará Moro para debater abuso de autoridade”.

Do encontro no sábado, “na residência oficial do Senado”, participaram “o presidente Michel Temer; o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ); o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE); o secretário executivo do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Moreira Franco; o ex-presidente José Sarney; o presidente do TCU, Aroldo Cedraz; e outros dois ministros da Corte, Bruno Dantas e Vital do Rego Filho”. Não se sabe ainda se a movimentação de Renan poderá alterar o que se vê hoje em dia, segundo a manchete de hoje da Folha, a afirmar que “um terço de ações contra políticos no STF prescreve”.

O jornal que não publicou mais nada sobre a ridícula denúncia envolvendo a piscina do Planalto e Lula, fez um levantamento que mostra um índice de 3,5% de condenações em casos envolvendo políticos no Supremo Tribunal Federal. No editorial, sob o título “Mais manobras”, a Folha alerta que “acumulam-se as tentativas parlamentares de arrefecer as investigações no âmbito da Lava Jato”, diz que a “sociedade precisa manter-se vigilante” e para abalizar a afirmação vem com o ministro do STF Luis Roberto Barroso como o entrevistado da segunda-feira, falando logo na capa que “é preciso estar atento contra a operação abafa”.

Questionado sobre a ida de Lula à ONU para denunciar que não estava tendo um julgamento justo no Brasil, Barroso ficou em silêncio por nove segundos (contados pela Folha) antes de dizer que não poderia comentar o assunto. Em seguida, diante da pergunta se Lula poderia “eventualmente sofrer perseguição”, fez dessa vez “silêncio de cinco segundos” para responder: “tenho muitas opiniões, mas eu vivo um momento em que não posso compartilhá-las todas. Peço que entendam minha situação”. E na coluna Painel o deputado federal Marcos Pestana (PSDB-MG) afirma, em frase destacada, que “as relações entre público e privado ganham sua versão biquini e calção de banho. Lula mergulhou nas águas do mau exemplo”.

Nada mais é dito sobre a tal denúncia da piscina, e se “Trump vai expulsar 3 milhões de imediato”, como avisa o Globo na chamada no alto da primeira página, ao lado da manchete, Ricardo Noblat analisa o papel da imprensa nas eleições dos Estados Unidos. O colunista do Globo afirma que a mídia americana ” elegeu Trump como alvo da mais gigantesca campanha de desconstrução de imagem jamais sofrida por um político em qualquer parte”. Noblat completa dizendo que a imprensa dos EUA “feriu talvez de morte axiomas que a sustentam e a legitimam, tais como a busca de isenção e equilíbrio, o principal pilar da sua credibilidade, e a oferta de visões conflitantes”. Qualquer semelhança com Lula e a campanha movida pela grande mídia nacional contra ele, para Noblat, deve ser mera coincidência.

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Luis Edmundo

Luis Edmundo Araujo é jornalista e mora no Rio de Janeiro desde que nasceu, em 1972. Foi repórter do jornal O Fluminense, do Jornal do Brasil e das finadas revistas Incrível e Istoé Gente. No Jornal do Commercio, foi editor por 11 anos, até o fim do jornal, em maio de 2016.

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Jose X.

14/11/2016 - 14h45

a única coisa que se aproveitou aí foi o silêncio do barroso ao não querer comentar a perseguição a Lula por parte do próprio judiciário, como diz o ditado, quem cala consente


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