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O mundo dá voltas: Eduardo Cunha reclama para o STF dos métodos da Lava Jato

(Foto: José Cruz/Agência Brasil) Por Pedro Breier, correspondente policial do Cafezinho Na Folha: A defesa do ex-presidente da Câmara dos Deputados e ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) afirmou, em petição protocolada no STF, que o parlamentar sofre ‘pressão’ e ‘desumana violência psíquica’ para que celebre um acordo de delação premiada na Operação Lava Jato”. O […]

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(Foto: José Cruz/Agência Brasil)

Por Pedro Breier, correspondente policial do Cafezinho

Na Folha:

A defesa do ex-presidente da Câmara dos Deputados e ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) afirmou, em petição protocolada no STF, que o parlamentar sofre ‘pressão’ e ‘desumana violência psíquica’ para que celebre um acordo de delação premiada na Operação Lava Jato”.
O parlamentar recorreu ao STF para pedir a suspensão de sua transferência da Superintendência da Polícia Federal de Curitiba (PR) para o Complexo Médico Penal do Paraná. O pedido dos advogados foi distribuído nesta segunda-feira (19) ao ministro Teori Zavascki.

O mundo realmente dá voltas.

Na época em que Cunha era presidente da Câmara e, portanto, dependia dele o andamento do impeachment, as violações a direitos fundamentais cometidas na Lava Jato eram aplaudidas entusiasticamente por todos os integrantes da coalizão golpista, inclusive, obviamente, pelo próprio Cunha.

As críticas à operação eram consideradas “coisa de petista”.

O juiz Marcelo Semer diz que é fácil entrar em um Estado policial, o difícil é sair dele.

Os analistas da blogosfera progressista alertavam: dar poder demasiado aos órgãos de repressão do Estado é um erro; a coisa não vai parar nos inimigos políticos do momento, vai sair do controle e atingir a todos.

Mas os nobres congressistas que consumaram um golpe de Estado em pleno 2016 não deram ouvidos aos avisos, e agora ou estão sofrendo na pele com as ilegalidades cometidas na Lava Jato ou estão morrendo de medo de serem os próximos alvos.

Nem um projeto que é obviamente necessário, como o que torna crime algumas condutas que caracterizam o abuso de autoridade, eles conseguem emplacar, tamanho o poder político angariado pelos integrantes da Lava Jato (claro que a desmoralização completa do congresso também não ajuda os deputados e senadores).

Os advogados de Cunha alegam, na petição enviada ao STF, que a transferência do seu cliente para um presídio estadual é uma forma de forçá-lo a delatar:

Ao que parece obtempera-se , a transferência do ora requerente é justificada tão somente pela ânsia e pela busca de que este, conforme maciçamente divulgado pela mídia, celebre acordo de colaboração premiada, o que a defesa, além de não aceitar, não compreende: não há como legitimar um ‘modus operandi’ de persecução penal que, às claras, objetiva submeter um sujeito de direitos fundamentais – neles incluídos a dignidade da pessoa humana, evidentemente -, mediante pressão, pela via do encarceramento e, consequentemente da estigmatização e da desumana violência psíquica, ao furor negociador de uma acusação pública.

Não há, de fato, como legitimar o modus operandi da Lava Jato.

Mas aplaudir quando ele atinge os adversários políticos e criticar só quando é atingido fica muito feio.

E isso não serve só para Eduardo Cunha: os setores da esquerda que vibram com a Lava Jato quando esta atinge os inimigos também deveriam refletir e ser coerentes na luta contra o Estado policial, não importando contra quem este volte sua carantonha autoritária.

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Pedro Breier

Pedro Breier nasceu no Rio Grande do Sul e hoje vive em São Paulo. É formado em direito e escreve sobre política n'O Cafezinho desde 2016.

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Comentários

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Marcelo Rodrigues

21/12/2016 - 00h12

Tanto a esquerda, quanto o centro ou a direita, bem como seus prosélitos têm que entender uma coisa: o povo brasileiro quer UM ESTADO POLICIAL NO BRASIL. O termo policia vem do grego “polis” que significa cidade, mas o sufixo “CIA” que tem o sentido de guarda, vigilância, correção, ajustamento, entrave a tudo o que é inconveniente a cultura local. A cultura local origina a lei e determina os parâmetros do que é ser policia. Policiar-se, nada mais é do que impor limites a si próprio. Policiar, impor limites morais, éticos e ortodoxos a coletividade e individualidades. Um estado policial não se confunde com um estado abusivo, arbitrário ou autoritário, mas sim a um estado eficiente e eficaz na fiscalização das convenções coletivas na forma da lei. Dois extremos e um centro perigoso, cito Gilmar Mendes, tucano por definição, fazendo expressão de bico e dando birra dizendo que não permitirá um estado policial no Brasil, ridículo! Dias Toffoli, petista por definição discorrendo contra um estado policial. Barroso, aquele que se infere como alguém de centro, com todo o seu “constitucionalismo” de conveniência criticando um possível estado policial no Brasil. Estou falando de Ministros do Supremo, aqueles que, por natureza da função, são expressamente proibidos de expressar ou projetar ideologismos, sendo que, não conseguem se conter. Assim, há muitas outras autoridades, que, convenientemente, repudiam um estado policial no Brasil. Só digo uma coisa: o povo brasileiro quer um estado policialíssimo no Brasil. Pois que a autoridade tenha bons modos, e obediência. Todo poder emana do povo, pelo povo e para o povo. Se o povo quer, que se cumpra. É uma ordem, não uma sugestão.

Isabela

20/12/2016 - 11h38

Pimenta nos olhos dos outros é refresco! Mas q dá uma vontade de se vingar desse canalha dá sim!!

Itaguary Poranga

20/12/2016 - 11h26

Calhorda!
O CUnha foi um dos jagunços responsáveis pela merda em que o país foi transformado. Que isso sirva de ponto de reflexão para os idiotas que continuam dando apoio ao Golpe, pois qualquer cidadão brasileiro pode ser vitima dos oportunistas de plantão.

Alexandre Meira

20/12/2016 - 10h49

A culpa é da classe média?

http://novoexilio.blogspot.com.br/2016/12/o-teste-do-espelho-por-alexandre-meira.html?m=1

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Maat

20/12/2016 - 01h59

Caro Pedro Breier, não queira pedir compaixão, coerência a um ser humano para um crápula, que por um espírito de vingança, se juntou a uma quadrilha e jogou na lata do lixo mais de 54 milhões de votos, depois de uma campanha eleitoral ferrenha, onde a Grande Mídia desconstruia 12 anos de governo, os quais tinham avanços, apesar de não ser ainda o ideal, ganhamos, mas a presidenta não conseguiu governar, sofreu misoginia, machismo, foi golpeada juntamente com seus eleitores, o Brasil está sendo entregue e ainda você vem pedir coerência para a esquerda, que desde o segundo semestre de 2013 até agora 2016, não teve um momento de paz nas redes sociais, nas ruas é querer demais de um povo que está magoado e ressentido. Só para clarear um pouco sobre essas duas emoções, a mágoa provoca doenças psicofísicas (apatia, dores, depressão, o coração dói, fica amargo), a pessoa magoada prejudica a si mesmo. Já o ressentimento desenvolve o ódio e é aí que mora o perigo. Não se pode exigir extremos dos seres humanos. Afirmando todos esses canalhas, golpistas, traidores, lesa-pátria queimarão no fogo do inferno de suas consciências golpistas e olha, que eu estou só magoada, espero não pular para o r ressentimento, apesar que existem momentos, que eu navego pelo mesmo.

Gilberto Alves

19/12/2016 - 23h40

Dizem que em Sao Paulo o cheiro de aspa e grande, descobriram que e o chifre dos coxinhas esta derretendo…quaquaquaqua

Octavio Filho

19/12/2016 - 23h02

” … os setores da esquerda que vibram com a Lava Jato quando esta atinge os
inimigos também deveriam refletir e ser coerentes na luta contra o
Estado policial, não importando contra quem este volte sua carantonha
autoritária.”

“UMA COISA É UMA COISA, OUTRA COISA É OUTRA COISA”

A esquerda não é a favor do Estado policial, mas não há como não ficar contente por estas figuras provarem do próprio veneno. Não é questão de se achar que a autoridade está agindo corretamente. É questão de se apontar o dedo na cara do sujeito e dizer: “eu não disse …”. Eu quero que o Aécio, o Serra, o Alckmin e todos os políticos de direita provem um pouco da miséria institucional que eles prepararam. Do contrário, NUNCA VÃO ENTENDER o que significa a falta de Justiça. Se o jornalista não assistiu o vídeo do depoimento da mulher do Cunha, assista então. Veja o Estado de direito em ação. Agora assista a condução da cunhada do Vaccari. O Estado de direita em ação. Alguém gostaria de ver o Cunha com todos os direitos respeitados? E, logo em seguida, um político de esquerda com seus direitos fundamentais desrespeitados? Se é injustiça, injustiça para todos.

    Maat

    20/12/2016 - 02h02

    Em sintonia com o seu comentário Octávio Filho. Eu quero que todos esses desgraçados golpistas, lesa-pátria queimem no fogo do inferno de suas consciências golpistas.

marco

19/12/2016 - 22h09

Pois agora,Sr.Breier, me valho de uma brincadeira da adolescência.Agora, a GATA FUGIU COM A CINTA!

Maria Thereza G. de Freitas

19/12/2016 - 22h06

Malafais e agora EC se queixam contra os abusos que tanto aplaudiam. Não foi por falta de aviso.

    Octavio Filho

    19/12/2016 - 23h04

    Sou a favor da DEMOCRATIZAÇÃO DO ABUSO. ABUSO PARA TODOS!!!

      Zenio Silva

      20/12/2016 - 16h17

      Cuidado Octavio, uma hora o abusado pode ser tu ou alguém próximo a ti!

Esmael Leite da Silva

19/12/2016 - 21h29

Ser coerentes na luta contra o Estado policial, não importando contra quem este volte sua carantonha autoritária.


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