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A greve e a guerra midiática contra o interesse popular

(Município de Pacoti, Ceará, ontem, 28 de abril, aderiu a #GreveGeral contra as reformas de Michel Temer que ameaçam os direitos de trabalhadoras e trabalhadores brasileiros. Foto: Aroldo Historiado) Foi Greve, seu Michel! Por Denise Assis, colunista do Cafezinho Desde 1917, quando anarquistas e socialistas se uniram em defesa do fim da exploração de mulheres […]

12 comentários
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(Município de Pacoti, Ceará, ontem, 28 de abril, aderiu a #GreveGeral contra as reformas de Michel Temer que ameaçam os direitos de trabalhadoras e trabalhadores brasileiros. Foto: Aroldo Historiado)


Foi Greve, seu Michel!

Por Denise Assis, colunista do Cafezinho

Desde 1917, quando anarquistas e socialistas se uniram em defesa do fim da exploração de mulheres e crianças no trabalho (mão-de-obra explorada pelos patrões, por ser mais dócil no trato), levando o país a uma greve bem-sucedida, que não se via uma mobilização tão grande entre movimentos sociais e Centrais Sindicais. O resultado foi uma greve que parou 40 milhões de trabalhadores, que alguns compararam também com a de 1989.

Uma greve que a mídia tradicional, orientada pelo Planalto, quis transformar em “protesto”. As imagens, porém, difíceis de serem desmentidas, passavam outro recado. O de que as franjas da sociedade, antes convencidas pelo discurso de que era preciso mudar o governo para melhorar, constatou, na prática, que não era bem assim. Sábado, dia de manicure, pude ouvir de uma delas, que mora em uma comunidade conflagrada, trabalha de sol a sol, e depende de um básico na carteira assinada, mais comissões, que a sua situação vai ficar “pra lá de instável. Tô achando que tirar o governo só piorou as coisas”. Palavras dela.

Interessante notar os comentaristas repetirem a cantilena: “foi um protesto”. Puro eufemismo, para uma greve que teve organização surpreendente, por parte das Centrais Sindicais. E há que destacar, ainda, a rapidez com que as redes sociais desconstruíram o discurso dos diversos veículos, que se esforçaram para unir a palavra “greve” à palavra “guerra”. Esta, se houve, veio de um cerco semelhante ao que já tinham testado em Brasília, no dia da votação da PEC-55, no senado, quando estudantes foram varridos do gramado, diante das câmeras, por uma chuva de bombas que os levavam para longe dali. Enquanto isto, uma gang de mascarados, todos de negro, vinham do outro lado, onde o ar era limpo e o caminho livre, virando e incendiando carros, com uma força e uma agilidade, que os estudantes não tinham.

Sim, há infiltrados, mas que só chegam ao final das manifestações, como a promover um rescaldo de fogo, uma pirotecnia que justifique o peso da repressão imposta aos que ousam estar na rua, levantando a voz contra um governo de corruptos, rejeitado pela maioria esmagadora da população, com um discurso maquiavélico de que é preciso fazer o mal de uma vez só, pois não pretende voltar ao poder.

Pode até ser este o pacto feito por Michel, com o PSDB, mas como o seu partido nunca quis o ônus do poder, mas sim os bônus, que agora ficaram evidentes, e são da casa dos milhões, ele (se escapar das garras dos processos que lhe pesam), deve permanecer por ali, com a sua turma, na aba.

O que mais incomoda, no entanto, é abrir o jornal no dia seguinte e ver a manipulação. As imagens das labaredas que quase lamberam a recém-reformada Sala Cecília Meireles – conseqüência de vários ônibus incendiados -, não saíram nas páginas reservadas aos assuntos de Cidade. Migraram e minguaram. Mereceram um registro nas páginas da editoria de economia, um espaço que em geral o grosso da população não consome com avidez – apenas passa os olhos. E, também, constatar que o tema “greve”, (sim, “greve”, seu Michel), apesar de ter mobilizado todo o país, recebeu do principal jornal carioca, duas páginas. Nela foram tratados os fatos de todos os estados.

Para o jornalão, a editoria de cidade se dedicou a outra guerra, a da Segurança, que preocupa, sim, de fato, mas que preocupará muito mais, quando a economia diminuir na mesma proporção em que a violência cresce, fruto de um modelo que some com direitos, com empregos e com o dinheiro.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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Edvan N. Menezes

01/05/2017 - 04h40

Foi um fracasso essa greve.

Claudio Junior

30/04/2017 - 05h22

“Interesse popular”? O caralho meu jovem, interesse sindicalista vc quer dizer né? Interesse do PT, mas não do povo! Vcs não são a voz do povo, são a lingua vermelha do capeta!

Alexandre Guimarães Andrade

30/04/2017 - 02h05

Lula fazia discurso de luta na frente dos trabalhadores mas por trás agia a mando do Emilio Odebresth, depois que virou presidente continuou lambendo as botas do Emilio. Esse Lula não tem moral. Traidor dos trabalhadores. Bom vivant. Toma petralhada idiota.

    Andre Massao Noce

    30/04/2017 - 04h33

    KKKKKKKKKK.. o teu governo golpista deu anistia de R$ 1 trilhão para a bancada escravocrata ruralista… porque vc não ajuda os teus amigos golpistas criminosos a pagar a dívida…

    Andre Massao Noce

    30/04/2017 - 04h33

    KKKKKKKKKKK… os golpistas aprovaram a reforma trabalhista.. 296 dos 364 deputados federais corruptos do impeachment da Dilma… teus filhos irão pagar caro pela sua burrice… vão trabalhar como camelos e morrer sem aposentadoria… burrice de golpista é hilário… diga ao seu filho, que vc foi responsável pelo estrago do seu governo golpista corrupto… claro se tiver coragem…

    Andre Massao Noce

    30/04/2017 - 04h34

    KKKKKKKKK… Odebrecht, confirmou que a corrupção é da direita corrupta…

Waldir José Franco

29/04/2017 - 23h31

Para vc contrário ao movimento grevista e sindicatos .Veja as condições do trabalho de antigamente .Hoje, você trabalhador pode usufruir das conquistas do passado. Você pode chegar em casa após um árduo dia de trabalho e aproveitar um pouco do tempo livre. Pode tomar sua cerveja, seu vinho,ver TV e outras coisas. Você ,filho de trabalhador, estudou graças às lutas dos trabalhadores pois antigamente crianças(filhos de trabalhadores) trabalhavam, não tinham condições de brincar e estudar . Ver o presente sem olhar para o passado é olhar o mundo de forma egoísta. Pensa que conquistou alguma coisa ?

Escravidão – Mais de 03 séculos construindo o Brasil e o NOVO MUNDO.

29/04/2017 - 23h29

Tenho dito!

“Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come, porém se unir, o bicho foge.”

GOLPISTAS… São covardes!

Cléber Policarpo

29/04/2017 - 23h22

Segue as leis abaixo.
Lei 7783 de 28 de junho de 1989
Art. 6°, £3° As manifestações e atos de persuasão utilizados pelos grevistas não poderão impedir o acesso ao trabalho e nem causar ameaça ou dano à propriedade ou pessoa.

Art 14, constitui abuso do direito de greve a inobservância das normas contidas na presente lei, bem como a manutenção dá paralisação após a celebração de acordo, convenção ou decisão dá justiça do trabalho.

    Alberto Steele

    30/04/2017 - 04h17

    Art.6 2º É vedado às empresas adotar meios para constranger o empregado ao comparecimento ao trabalho, bem como capazes de frustrar a divulgação do movimento.

    Andre Massao Noce

    30/04/2017 - 04h33

    KKKKKKKKKK.. o teu governo golpista deu anistia de R$ 1 trilhão para a bancada escravocrata ruralista… porque vc não ajuda os teus amigos golpistas criminosos a pagar a dívida…

      Joao Maria

      01/05/2017 - 09h29

      Mais um japones paraguaio?


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