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O plano Atlanta: golpe judicial-midiático se espalha pela América Latina

No Pravda.Ru Plano Atlanta: o golpe judicial-midiático na América Latina A conspiração internacional para derrubar os presidentes progressistas do continente com uso da mídia e do Judiciário Por Eduardo Vasco, Pravda.Ru 12.07.2017 “Como não podemos ganhar desses comunistas pela via eleitoral, compartilho com vocês isto aqui.” Com essas palavras agressivas um ex-presidente sul-americano iniciava a […]

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No Pravda.Ru

Plano Atlanta: o golpe judicial-midiático na América Latina

A conspiração internacional para derrubar os presidentes progressistas do continente com uso da mídia e do Judiciário

Por Eduardo Vasco, Pravda.Ru
12.07.2017

“Como não podemos ganhar desses comunistas pela via eleitoral, compartilho com vocês isto aqui.”
Com essas palavras agressivas um ex-presidente sul-americano iniciava a explicação de um plano conspiratório a outros ex-presidentes latino-americanos, em uma suíte do hotel Marriot, em Atlanta (EUA), no final de novembro de 2012.

A primeira etapa da conspiração seria iniciar uma campanha de desprestígio através dos meios de comunicação contra os presidentes progressistas e de esquerda da região para minar sua liderança. A pressão midiática levaria à segunda etapa: a instauração de processos judiciais para interromper o mandato dos governantes.

O Plano Atlanta resultaria nos chamados “golpes suaves” – “encobertos de julgamentos políticos precedidos por escândalos de corrupção, ou campanhas dirigidas a ventilar supostos comportamentos questionáveis da vida íntima dos líderes progressistas; incluindo, se fosse necessário, familiares, amigos ou pessoas próximas”.

Quem conta é Manolo Pichardo, deputado dominicano e atual presidente da Conferência Permanente de Partidos Políticos da América Latina e Caribe (COPPAL), em um artigo publicado em março de 2016 no jornal Listín Diario, da República Dominicana, intitulado “El Plan Atlanta”, denominação que ele deu à trama continental.

Em entrevista exclusiva à Pravda.Ru, o político diz que presenciou a conversa “por acaso”. Não era o tipo de reunião que o agradava. Pichardo, dirigente do Partido da Libertação Dominicana, de centro-esquerda, estava acostumado a participar de encontros do Foro de São Paulo ou da própria COPPAL, mesmo antes de assumir sua presidência.

Graças à amizade com um ex-presidente da América Central, ele começou a frequentar fóruns organizados pela direita e centro-direita latino-americana, com a presença de lideranças a nível mundial e suporte de instituições como Global Peace Foundation, Conferencia Liderazgo Uruguay, Instituto Patria Soñada e Fundación Esquipulas.

O primeiro que participou foi realizado em 2011, em Brasília. Os debatedores, segundo ele, proclamavam “discursos servis” aos Estados Unidos e acusavam os governos latino-americanos de agirem com desconfiança injustificada em relação a Washington. Além disso, “louvava-se a liberdade dos mercados e a diminuição do Estado”. As palavras de Pichardo no encontro, criticando a desigualdade social e se referindo à crise estrutural do capitalismo, iam de encontro ao discurso dos outros participantes.

“Lembro-me muito pouco do encontro de 2011 em Brasília, posso dizer que ali estava reunida a liderança continental que corresponde, em sua maioria, aos interesses dos setores conservadores do nosso continente, incluindo ex-presidentes. Eu, por exemplo, expus em uma mesa com dois ex-presidentes da região: um extremamente conservador e um social cristão de centro, de ideias moderadas”, recorda.

O outro evento ao qual compareceu foi o que originou a Missão Presidencial Latino-americana (MPL), conferência realizada entre 28 de novembro e 1º de dezembro de 2012 no hotel Marriot, na cidade de Atlanta, que reuniu ex-mandatários de diversos países e líderes de diferentes setores da América Latina e dos EUA. No final da conferência, foi lançada a Declaração de Atlanta, carta de compromisso assinada pelos ex-presidentes que participaram da 1ª Cúpula da MPL.
A Cúpula buscou dar “impulso a uma nova era de relações internacionais entre os Estados Unidos e a América Latina”, segundo o comunicado emitido à imprensa em 30 de novembro daquele ano. No mesmo documento, são citados como participantes da 1ª Cúpula da MPL alguns ex-presidentes de países da América Central e do Sul. O ex-presidente brasileiro José Sarney não participou da Cúpula, mas comunicou seu apoio.

Na Declaração de Atlanta os membros da MPL defendem o “estreitamente de laços” entre América Latina e EUA, “fortalecendo o comércio, os investimentos, o intercâmbio de experiências e tecnologia a longo prazo”.

A reunião privada em que foi exposto o Plano Atlanta ocorreu antes da assinatura da Declaração. Pichardo resolveu, anos depois, revelar o conteúdo da conspiração ao denunciá-la em fóruns internacionais e meios de comunicação latino-americanos.

“De fato, nunca pensei que falaria sobre esse tema”, aponta. “A ideia de fazê-lo surge depois de conversar com alguns amigos e companheiros do meu partido que me convenceram que, pela gravidade do que havia sido revelado, era necessário denunciá-lo. Eu insistia que isso colocaria em apuros os que me convidaram, mas me insistiam que o pior que podia acontecer era o dano à região, a ruptura da ordem democrática e o retrocesso em matéria da institucionalidade que permitiu conquistas econômicas e sociais”, completa o ex-presidente do Parlamento Centro-americano (PARLACEN).

Envolvimento da mídia e de um juiz brasileiros

Para conseguir implementar o Plano Atlanta, o ex-presidente sul-americano que explicou a trama a seus pares afirmou contar com a ajuda dos meios de comunicação, inclusive mencionando veículos brasileiros. Entretanto, perguntado pela reportagem, Pichardo diz não se lembrar exatamente quais foram citados.

Em seu artigo de 2016, o político dominicano afirma que também se mencionou “alguns nomes de indivíduos ligados às instituições judiciais da região comprometidos com a conspiração”. À Pravda.Ru, ele revela que um dos juízes citados é brasileiro, mas também não lembra seu nome.
“Recordo que inclusive falou-se de um juiz com o qual se podia contar para a execução da trama. Mas não posso me lembrar de nomes, pois cheguei àquela reunião por acaso”, explica.

Lula: a “joia da coroa”

Em seu artigo, Pichardo questiona se as quedas dos presidentes de Honduras, em 2009, e do Paraguai, em 2012, teriam servido de laboratório para futuras ações do Plano Atlanta em países de maior peso na América Latina.

“Foram Manuel Zelaya e Fernando Lugo tubos de ensaio para chegar ao resto, aos [presidentes ou ex-presidentes] de países com maior peso econômico da região, até alcançar a ‘joia da coroa’, que é, sem discussão, Lula Da Silva, o líder mais influente, para com sua queda provocar o efeito dominó que parecem buscar?”

Ele conta a esta reportagem que, “conhecidos os detalhes da urdidura revelada ou concebida em Atlanta, é fácil deduzir que o que ocorre no Brasil e [em] outras partes da região, onde se persegue ou se destitui líderes progressistas no governo, é sua execução”. Segundo ele, tal operação conquistou êxito após os ensaios que foram os golpes em Honduras, com presença militar, e depois no Paraguai, mais aperfeiçoado, por “vias institucionais”.

“Me parece que o empenho em [desestabilizar o] Brasil tem a ver com o peso de sua economia e sua influência na região e no mundo, não podemos esquecer que o gigante sul-americano é parte do BRICS, um esquema de cooperação que surge como expressão da perda de hegemonia ocidental e Lula, sem dúvida, construiu uma liderança que tem influenciado na região, uma liderança que promoveu esquemas de integração regionais que vão dando sentido à latino-americanidade, que, mais que um sentimento de pátria, é um projeto de independência que nos empurra para uma agenda própria que nos distancia de ser o quintal dos Estados Unidos. Lula, portanto, é um alvo.”

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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Pedro Paulo

17/07/2017 - 23h53

Uma análise coerente. Embora Lula tenha se deslumbrado consideravelmente e, em significativo sentido, se lambuzado em tráfico de influencia e não dando o necessário apoio aos núcleos políticos de bairros , informação alternativa e outros flancos importantes, evitou, por exemplo, a suicida aceitação do Brasil à ALCA e, estrategicamente buscou uma outra alternativa que foi o fortalecimento do Mercosul e BRICS. Tornou-se uma ameça para os hegemônicos, realmente.

Mensageiro

15/07/2017 - 23h02

Hahahahahahahahha pqp, maravilhoso…

Paulo Ribeiro

15/07/2017 - 14h09

INSTABILIZARAM O ORIENTE MÉDIO, AGORA ESTÃO AGINDO NA AMÉRICA LATINA, QUAL SERIA O PROPÓSITO? SÓ BURRO NÃO ENXERGA.

Progressista consciente.

15/07/2017 - 09h44

Deus salve o Brasil de ideologias baratas. Quando as provas e evidências das práticas criminosas por parte de políticos influentes tornam-se incontestáveis politiza-se a judicialização, buscando indicar uma conspiração contra criminosos para salvar-se da prisão. Pra ter maior apelo numa região em que a população já é exposta desde cedo a ideologias anti americanas e anti capitalistas também baratas, coloca-se sempre os EUA no meio da conspiração, buscando dar maior credibilidade. Muita gente é facilmente convencida da existência de qualquer conspiração seguindo esse método. Lula será preso pelos muitos crimes praticados contra a população brasileira, julgado por brasileiros, e não por obra dos EUA. O expurgo da corrupção do meio político, não interessa o alinhamento ideológico do corrupto, é o único caminho para sociedades mais justas e o desenvolvimento socio-econômico.

    Alara

    16/07/2017 - 15h26

    Quê?!?!
    O brasileiro é completamente exposto e subserviente à ideologia liberal, endeusa os EUA como o the best, e a minoria, ínfima, que fala contra, recebe isso aí que vc didaticamente expôs no seu comentario. Suas palavras são o lugar comum. Ou eram. Porque o justiceiro meteu os pés pelas maos, melou o plano com sua vaidade exacerbada e competência duvidosa, e a verdade dos fatos está se impondo à versão vendida pela globo. Nós, os brasileiros, venceremos a conspiração Atlanta, com ou sem a ajuda da minoria à qual, hoje, você faz parte. Porque seja direita ou esquerda limpinha e cheirosa, você é minoria.

      Anônimo

      18/07/2017 - 19h44

      Muito bem, Alara!

Ivo Miranda Gomes

15/07/2017 - 06h52

A prisão do ex Presidente Olanta no Peru faz parte do plano Atlanta, certamente.

Muchacho

15/07/2017 - 05h08

Deus Salve a América !! (dos americanos do norte, kkkkk).

Fabio Rodrigues

14/07/2017 - 17h58

POSIÇÃO OFICIAL DOS MAÇONS PROGRESSISTAS DOS BRASIL

A propósito da sentença condenatória prolatada na data de ontem (Autos n. 5046512-94. 2016. 4. 04. 7000/PR, 13ª. Vara Federal de Curitiba), em desfavor de sua Excelência o ex-Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, pelo MM. Juiz Sérgio Moro, o Coletivo Maçons Progressistas do Brasil – MPB, tem a considerar e tornar público o que segue:

1. Nenhum cidadão pode estar fora do alcance da lei, pois, todos deveriam ser iguais perante ela e, o império da lei, por sua vez, importa na sua aplicação a todos indistintamente.

2. Nesse diapasão, também, todos deveriam estar sujeitos à submeterem-se, de modo imparcial, à Justiça.

3. Contudo, esse Movimento entende que:

a) o julgamento de processos criminais, independente da procedência do acusado, devem cingir-se à lei, aos princípios de direito e, sobretudo, à irrestrita observância da Constituição Federal.

b) Estes julgamentos não podem ignorar a materialidade.

c) A autoria deve ser provada de modo inconteste e, não objeto de meras “convicções”, sob pena de nulificar a verdade real, essência exigida para afastar a seletividade e parcialidade.

d) Que todo acusado tem direito a um julgamento justo, imparcial e livre de influências estranhas ao aparelho judiciário e de opiniões alheias aos autos e dos atores do sistema de justiça envolvidos.

e) Que o processo não pode ser instrumento de vendettas, nem de objetivos estranhos à sua concepção de persecução penal em um Estado de Direito, sob pena de se tornar um instrumento de perseguição a desafetos, de eliminação de opositores, de abominável combate a ideias e posicionamentos contrários, o que permite o estabelecimento do arbítrio e de um Estado Marginal, desgarrado das regras em que se fundam o Estado de Direito.

4. Esse movimento entende que o processo em questão não subsiste às normas constitucionais e aos mais elementares princípios do Processo Penal, desde sua acusação, lastreada em meras “convicções”, no “ouvi dizer”, na absoluta ausência de materialidade e da inexistência de provas de autoria.

5. Que é evidente a seletividade posto alvejar um espectro político e deixar outro usufruindo da sagrada sentença do “não vem ao caso”.

6. Ademais:

a) Ficou patente a parcialidade do douto julgador na condução do Processo, notadamente quando favorece a acusação e cerceia a defesa de ser exercida em sua plenitude, o que, inclusive, tem sido objeto de contestação de juristas internacionais de proa e de denúncia junto a organismos internacionais, com destaque para órgão da ONU.

b) Que a proximidade e amizade de seu prolator com próceres políticos adversários ferrenhos e detratores históricos de Lula, alguns há décadas, muitos deles protegidos pela sagrada sentença do: “não vem ao caso”, cobre-o com o manto da suspeição, afastando a neutralidade axiológica necessária.

c) Que não foi assegurada a ampla defesa, nem garantida a paridade das armas entre acusação e defesa, posto que a acusação prevalecia de abertura total do processo, ao passo que a Defesa por vezes teve de se valer de recursos judiciais para acessá-los ou restabelecer a ordem jurídica face às transgressões verificadas.

d) É notória a influência externa no processo, notadamente do consórcio da mídia oligopolizada que manipulou, deturpou e sonegou a verdade em proveito de uma narrativa que não foi provada nos autos;

d.1) Nesse quesito, a Defesa é que fez prova da inocência, invertendo-se o ônus probatório, cuja demonstração de autoria, materialidade e culpabilidade recairia sobre a acusação.

e) Ainda, os vazamentos criminosos de informações em tempo real e liberação de documentos sigilosos, quando eram sonegados à Defesa, para corroborar o nefasto intento buscado no processo em questão, que pode ser tudo, menos fazer-se Justiça.

f) Por fim, as inúmeras ilegalidades e arbitrariedades cometidas na sua condução, mormente com a condução coercitiva do acusado Lula e com a divulgação de conversa deste com a legítima e constitucional Presidente da Republica, Senhora Dilma Roussef, captada por meio de “grampos telefônicos” ilegais, então, criminosos.

7. Portanto, tudo isso “vem ao caso” e não pode ser colocado ao largo, posto afetar o nosso Estado Democrático de Direito e ceder lugar ao arbítrio judicial, que se afasta de seu mister de se fazer Justiça.

8. Destarte, face às razões expostas, entende esse Movimento serem nulos todos atos praticados no processo em questão, e que o mesmo deve ser submetido a um juízo isento, imparcial, insuspeito e justo, e não ficar submetido a um juízo que deu mostras de parcialidade, desde a definição de uma “absoluta competência” fixada por critérios nada claros de territorialidade ou conexão com fatos outros, para tanto:

Recomendando-se a necessidade de cumprimento de garantias processuais e do primado da presunção da inocência, ainda que sob o escrutínio de órgãos internacionais que o Brasil faça parte.

Brasil, 13 de julho de 2017, da E.´. V.´.

Assinado pelo Coletivo MAÇONS PROGRESSISTAS DO Maçons Progressistas do Brasil – MPB

Luiz

14/07/2017 - 14h46

DEUS SALVE O BRASIL, DE CERTOS BRASILEIROS.

Antonio Walter Pacheco Pacheco

14/07/2017 - 16h51

Deus salve a america, ( dos americanos)

    Patricia Deola

    15/07/2017 - 00h31

    Amém ???

    Fernando Castro Além

    15/07/2017 - 13h59

    Thiago Nakai

    Thiago Nakai

    15/07/2017 - 14h02

    Eu sempre disse que o Brasil é o quintal Americano.

    Fernando Castro Além

    15/07/2017 - 14h03

    Thiago Nakai , marquei pra que vc veja o comentário abaixo, a posição oficial dos maçons progressistas do Brasil

    Thiago Nakai

    15/07/2017 - 14h06

    Maçons progressistas do Brasil é uma página de Facebook, provavelmente montada por pessoas que não são maçons. Essa instituição não existe fisicamente. Isso foi só uma opinião de 2 ou 3 indivíduos que colocaram este nome na página pra ter algum valor. A constituição Maçônica não permite que se emita opinião política sectária.


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