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Globo ataca blogosfera

Vale a pena analisar detidamente o editorial desta terça-feira do jornal O Globo, onde os platinados tentam matar dois coelhos de uma vez: blindar a revista Veja e desqualificar o pensamento que diverge da mídia corporativa em geral.

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(Ilustração capa: Rauschenberg.)

Não é a primeira nem será a última vez que o jornal Globo ataca frontalmente a blogosfera. Tanto é que já estamos com casco duro e nem damos bola. Vale a pena analisar, porém, detidamente o editorial desta terça-feira do jornal O Globo, onde os platinados tentam matar dois coelhos de uma vez: blindar a revista Veja e desqualificar o pensamento que diverge da mídia corporativa em geral.

Usemos aquele método de fazer comentários intercalados. O editorial está em negrito, meus comentários em fonte normal:

Roberto Civita não é Rupert Murdoch
O Globo – 08/05/2012

Comecemos pelo título. Evidentemente, Civita não é Murdoch. É pior. Murdoch queria só ganhar mais dinheiro. Civita queria ganhar mais dinheiro e derrubar governos. Murdoch espezinhava celebridades, divulgando fofocas e intimidades. Civita aliou-se a um mafioso para espionar autoridades com objetivo de chantageá-las e obter vantagens financeiras e políticas. É como se descobrissem que a Fox aliou-se a Bin Laden para tentar derrubar Obama, ou que o Times aliou-se à máfia chinesa, que lhe fornecia vídeos oriundos de grampos ilegais, com objetivo de derrubar o primeiro-ministro inglês.

Blogs e veículos de imprensa chapa-branca que atuam como linha auxiliar de setores radicais do PT desfecharam uma campanha organizada contra a revista “Veja”, na esteira do escândalo Cachoeira/Demóstenes/Delta.

Globo inicia o texto através de uma desqualificação grosseira. Baixou o nível. Blogs não tem obrigação de ser neutros, nem de apoiar, nem de ser críticos. Blogs políticos nascem do desejo pessoal de cidadãos brasileiros de expressarem sua opinião. Chamá-los de chapa branca é aplicar-lhes um conceito já meio anacrônico do jornalismo comercial. É ofensivo e equivocado. O Globo jamais chamou o blog da Veja, ou a própria Veja, que são notoriamente pró-tucanos, de chapa-brancas em relação ao governo de São Paulo. Na verdade, com o aumento do poder da mídia, somado às circunstâncias políticas e históricas da democracia brasileira, de repente ficou muito conveniente para a imprensa corporativa alardear sua ideologia de que “jornalismo é oposição”. Pena que não fez isso durante a ditadura brasileira, quando serviu à esta com submissão voluntária.

Além disso, Globo difunde uma inverdade ao atribuir a postura dos blogs a uma estratégia de “linha auxiliar de setores radicais do PT”. A indignação pública contra os desmandos de Rupert Murdoch não veio de setores esquerdistas radicais, assim como a indignação contra a Veja também funciona num diapasão muito acima do PT, quanto mais de suas alas radicais. É um movimento popular autêntico. O PT é que se identifica com ele, e não o contrário. E a campanha não é organizada, como são as campanhas “anti-corrupção” patrocinadas pela mídia e setores do conservadorismo. Aí sim, há dinheiro e espaço nos jornais, em ações coordenadas que usam oportunisticamente a luta contra a corrupção para fazer proselitismo ideológico barato.

A operação tem todas as características de retaliação pelas várias reportagens da revista das quais biografias de figuras estreladas do partido saíram manchadas, e de denúncias de esquemas de corrupção urdidos em Brasília por partidos da base aliada do governo. É indisfarçável, ainda, a tentativa de atemorização da imprensa profissional como um todo, algo que esses mesmos setores radicais do PT têm tentado transformar em rotina nos últimos nove anos, sem sucesso, graças ao compromisso, antes do presidente Lula e agora da presidente Dilma Rousseff, com a liberdade de expressão.

O que o Globo chama de retaliação, seria mais apropriado chamar de reação natural. Reação não apenas de petistas, mas de amplos setores da intelectualidade, e da esquerda em geral, e não só do Brasil, mas de todas as Américas (incluindo aí os EUA), às consequências nocivas da concentração da mídia ao processo democrático. Esta é uma crítica que se faz desde Cidadão Kane, de Orson Welles, filmado em 1941. É uma crítica democrática, saudável. Ou o Globo acha que devemos achar muito normal que uma revista use, ao longo de vários anos, grampos clandestinos fornecidos por uma máfia sinistra, fazendo matérias que beneficiam financeiramente este grupo e a própria revista?

A mídia omite a si mesma de suas análises políticas. Ela se trata como uma espécie de deidade intocável, a “imprensa independente”, ou “imprensa livre”, quando na verdade sabemos que são empresas com interesses econômicos muito específicos. A Veja, por exemplo, tem empresas que vendem livros didáticos para o Estado, e tem faturado milhões com esse negócio, onde há uma relação promíscua entre política, imprensa e, como agora está claro, máfia.

A manobra se baseia em fragmentos de grampos legais feitos pela Polícia Federal na investigação das atividades do bicheiro Carlinhos Cachoeira, pela qual se descobriu a verdadeira face do senador Demóstenes Torres, outrora bastião da moralidade, e, entre outros achados, ligações espúrias de Cachoeira com a construtora Delta. As gravações registraram vários contatos entre o diretor da sucursal de “Veja” em Brasília, Policarpo Jr., e Cachoeira. O bicheiro municiou a reportagem da revista com informações e material de vídeo/gravações sobre o baixo mundo da política, de que alguns políticos petistas e aliados fazem parte.

Exatamente, a “manobra” se baseia em grampos legais. Quer dizer que o Globo defende que apenas ele pode “manobrar” grampos, de preferência ilegais?

A constatação animou alas radicais do partido a dar o troco. O presidente petista, Rui Falcão, chegou a declarar formalmente que a CPI do Cachoeira iria “desmascarar o mensalão”. Aos poucos, os tais blogs começaram a soltar notas sobre uma suposta conspiração de “Veja” com o bicheiro. E, no fim de semana, reportagens de TV e na mídia impressa chapas-brancas, devidamente replicadas na internet, compararam Roberto Civita, da Abril, editora da revista, a Rupert Murdoch, o australiano-americano sob cerrada pressão na Inglaterra, devido aos crimes cometidos pelo seu jornal “News of the World”, fechado pelo próprio Murdoch.

Comparar Civita a Murdoch é tosco exercício de má-fé, pois o jornal inglês invadiu, ele próprio, a privacidade alheia. Quer-se produzir um escândalo de imprensa sobre um contato repórter-fonte. Cada organização jornalística tem códigos, em que as regras sobre este relacionamento – sem o qual não existe notícia – têm destaque, pela sua importância. Como inexiste notícia passada de forma desinteressada, é preciso extremo cuidado principalmente no tratamento de informações vazadas por fontes no anonimato. Até aqui, nenhuma das gravações divulgadas indica que o diretor de “Veja” estivesse a serviço do bicheiro, como afirmam os blogs, ou com ele trocasse favores espúrios. Ao contrário, numa das gravações, o bicheiro se irrita com o fato de municiar o jornalista com informações e dele nada receber em troca.

A comparação é válida, e Civita leva a pior, como já expliquei acima. Murdoch espionou a privacidade alheia. Civita aliou-se à uma máfia política.  Há várias gravações que mostram uma relação promíscua entre a revista e o bicheiro sim. Globo quer tapar o sol com peneira. Além disso, há muitas gravações que ainda não chegaram ao conhecimento do público. Há sim uma indignação muito grande de amplos setores da sociedade contra a ética jornalística da Veja. E contra o Globo também. Os platinados tentam blindar a Veja porque tem medo que sejam atingidos por algum petardo similar, visto que as reportagens que Civita publicava, a mando de Cachoeira, repercutiam imediatamente no Globo, em especial no temível Jornal Nacional. Na verdade, a Veja era apenas a porta de entrada para o noticiário televisivo, onde, aí sim, os estragos políticos contra os inimigos do esquema Cachoeira (honestos ou não) eram quase sempre fatais. Eu não engulo aqueles 7 a 8 minutos que o Globo deu a Rubnei Quicoli, bandidinho de terceira categoria, ex-presidiário, no Jornal Nacional, às vésperas do primeiro turno das eleições presidenciais, com base em matérias da… Veja.

Estabelecem as Organizações Globo em um dos itens de seus Princípios Editoriais: “(…) é altamente recomendável que a relação com a fonte, por mais próxima que seja, não se transforme em relação de amizade. A lealdade do jornalista é com a notícia.” E em busca da notícia o repórter não pode escolher fontes. Mas as informações que vêm delas devem ser analisadas e confirmadas, antes da publicação. E nada pode ser oferecido em troca, com a óbvia exceção do anonimato, quando necessário.

Os princípios editoriais do Globo são uma piada de mau gosto. O grupo Globo se transformou numa empresa que oprime ideologicamente seus jornalistas, violentando-lhes a liberdade de se manifestarem politicamente. O Globo é inimigo da liberdade de expressão de seus próprios empregados. Princípios não valem nada, além disso, se não correspondem à prática. O Globo escolhe despudoradamente suas fontes de acordo com seus interesses políticos, e sua lealdade não é com a notícia e sim com a ideologia dos patrões, mesmo que para isso precise sacrificar a notícia.

O próprio braço sindical do PT, durante a CPI de PC/Collor, abasteceu a imprensa com informações vazadas ilegalmente, a partir da quebra do sigilo bancário e fiscal de PC e outros. O “Washington Post” só pôde elucidar a invasão de um escritório democrata no conjunto Watergate porque um alto funcionário do FBI, o Garganta Profunda, repassou a seus jornalistas, ilegalmente, informações sigilosas. Só alguém de dentro do esquema do mensalão poderia denunciá-lo. Coube a Roberto Jefferson esta tarefa.

Uma coisa é o vazamento ilegal de grampos realizados com autorização judicial. Não é um crime tão grave, embora também tenhamos aí uma situação muito irregular e, às vezes, perigosa, já que se formam conluios interessados entre setores da polícia e imprensa. Outra coisa é o vazamento de dados sigilosos bancários e fiscais. Aí temos um crime grave contra a privacidade, que tem sido muito raro nos últimos anos. O vazamento dos dados do caseiro Francenildo, por exemplo, derrubou um ministro da Fazenda. O Globo sempre atacou com muita virulência esse tipo de prática, então fica incongruente pregar o “locupletemo-nos todos” apenas para defender o uso de grampos clandestinos pela revista Veja.

Uma terceira coisa, porém, totalmente distinta, é usar grampos ilegais, pagos e realizados por uma máfia política, que tem naturalmente interesses financeiros escusos em divulgá-los. É um crime infinitamente mais grave. A comparação com o caso Watergate é descabida também por causa disso. A fonte era um alto funcionário do FBI, ou seja, alguém do Estado, não era um membro do esquema Cachoeira, um bandido corrupto, com interesses partidários, como eram as fontes de Veja.

A questão é como processar as informações obtidas da fonte, a partir do interesse público que elas tenham. E não houve desmentidos das reportagens de “Veja” que irritaram alas do PT. Ao contrário, a maior parte delas resultou em atitudes firmes da presidente Dilma Rousseff, que demitiu ministros e funcionários, no que ficou conhecido no início do governo como uma faxina ética.

Mais uma vez a mídia omite seu próprio poder, além de mentir. Houve sim desmentidos, fortes, dos envolvidos. A presidenta Dilma demitiu alguns ministros sem prova, por conta da instabilidade política provocada pela própria mídia. Alguns talvez tivessem culpa no cartório, como aliás quase todo ser humano tem, mas sua maior culpa consistia em serem ministros de um governo trabalhista. As crises ministeriais tinham início através de uma denúncia, mas depois nem importava que essas denúncias não fossem verdadeiras: iniciava-se uma campanha maciça, organizada, para derrubar aquele alvo específico, atacando membros do partido, mesmo que nada tivessem a ver com o acusado. Foi o caso de Orlando Silva, em que a mídia começou a atacar o PCdoB de forma generalizada, inclusive Manuela D’Ávila, quadro importante do partido e ao mesmo tempo vulnerável por ser candidata à prefeitura de Porto Alegre, disputando um eleitorado fortemente politizado e, por isso, sensível a campanhas de imprensa. A mídia não perdoa nem a família. No caso do Sarney, não escapou nem uma neta de menos de 20 anos, que cometeu o crime terrível de ligar para o avô e pedir emprego para o namorado. Quando os envolvidos são aliados da mídia, aí a blindagem é completa. Demóstenes Torres ligou para Aécio para pedir emprego para a prima de Cachoeira, foi atendido, e não se criou escândalo nenhum. Ou seja, os Princípios do Globo me parecem bem flexíveis.

O editorial do Globo, por outro lado, corresponde a mais um atestado de que a blogosfera vem se tornando cada vez mais influente. É um contrapeso importante à mídia corporativa. É um verdadeiro ombudsman coletivo e independente do trabalho da imprensa brasileira. Em nome da liberdade de expressão, da democracia, do jornalismo, o Globo deveria agradecer a blogosfera, que lhe presta um serviço, gratuitamente, permitindo-lhe aprimorar-se. A imprensa, pressionada pela blogosfera, se vê obrigada a frear um pouco o conservadorismo doentio, fanático e partidário para o qual parece eventualmente enveredar.

Nem sempre a blogosfera está certa. Mas ela não se pretende infalível. A blogosfera é, na maioria dos casos, assumidamente tendenciosa, ideológica, partidária, ou seja, totalmente oposta à neutralidade higiênica e hipócrita da imprensa corporativa. A blogosfera, todavia, é bem mais livre das amarras que prendem jornais a uma série de interesses econômicos. Blogueiros e comentaristas não são amordaçados pelos “códigos de conduta” que alguns meios impõem – tiranicamente – a seus empregados.  Como blogueiro, observo às vezes até meio estupefato como as mesmas massas que apoiavam a Dilma, de repente passam a criticá-la ferozmente no dia seguinte, para voltar a apoiá-la posteriormente, tendo como base sempre e exclusivamente a independência de seu juízo. As massas blogosféricas (hoje integradas em redes sociais) são instáveis, anárquicas, imprevisíveis e livres, como jamais a imprensa, ou a velha mídia, será. Ao detratá-la, portanto, o Globo ataca o próprio símbolo da contemporaneidade, e dá recibo de sua insegurança perante um novo mundo.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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Leitor Jornalista

15/05/2012 - 22h05

Miguel, vou responder em duas partes porque neste momento estou fechando meu computador para outro compromisso. Existem veículos que conseguem ser neutros no noticiário.

O problema é que ter características como neutralidade, imparcialidade, isenção, equilíbrio significa abrir espaço para o contraditório, mesmo que isso significa ir de encontro à linha editorial.

Foi o que eu disse, ou tentei dizer, quando me referi ao fato de haver incoerência entre atos e palavras.

Sem querer dar nomes aos bois, acho que há, sim, parte da imprensa que age incoerentemente, mas ainda assim, existem veículos que suprem ou ajudam a suprir essa lacuna.

Volto depois para discorrer mais.

Sds

EMILSON RAMOS DE CARVALHO

15/05/2012 - 12h23

BOM DIA;

PARABENS, TODOS NÓS SABEMOS, QUE OS CIVITA, OS MARINHOS, OS FRIAS E OS MESQUITA, SÃO CAPAZES DE TUDO POR UM FURO, NÃO JARGÃO DELES.
MAS NINGEUM, FALA, DA PISA, SABE O QUE É INVESTIGUE.
A EMPRESA DOS QUATROS, CRIADA, NO PARANÁ, COM APOIO, DO SENADORZINHO DO PSDB DO PARANÁ, CHAMAVA-SE PAPEL IMPRENSA S/A, FALIU E QUEM PAGAOU O PREJUIZO, O GOVERNO DE FHC, INVESTIGUE, PESQUISE AMIGO, E VERÁ A FALCATRUA.
EMILSON/DO SOURE

Ednaldo Júnior

13/05/2012 - 12h34

Olha Miguel, fiquei arrepiado ao final de tão belo texto. Que bom que temos um cafezinho para ser tomado diariamente. Parabéns!

Adriano Matos

10/05/2012 - 12h46

Leitor, respondendo a questão principal que você levantou:

“A questão é: o noticiário é neutro e isento de opinião? A opinião é separada do noticiário?”

O fato de não emitir opinião não configura neutralidade. A decisão constante de apresentar um lado do espectro político sempre nos piores ângulos e um outro espectro político sempre nos melhores ângulos, não constitui neutralidade. Óbvio.

Exemplo: em 1989 a rede globo editou ‘os melhores momentos’ do debate presidencial entre Lula e Collor. Eram eles mesmos quem apareciam mas havia manipulação.

A Judith Brito, preposta já declarou, não há neutralidade. A mídia é oposição ao PT. A gente já incorporou isso faz tempo.

Neto

10/05/2012 - 10h42

Alguns setores da imprensa pensa que vivemos num século distante e que ainda somos aqueles bobos ‘facilmente manipuláveis’ de antigamente.

Ah! Dá vontade de rir! :-)

Sabemos muito bem “o novo momento” que estamos vivendo no Brasil.

Do passado distante, eles ainda é que estão lá.

Leitor Jornalista

09/05/2012 - 21h48

“A blogosfera é, na maioria dos casos, assumidamente tendenciosa, ideológica, partidária, ou seja, totalmente oposta à neutralidade higiênica e hipócrita da imprensa corporativa” – desculpa, mas aí há uma certa confusão. Imprensa tem que ser neutra. Não é questão de hipocrisia ou de ser higiênico. É uma prerrogativa. Digo isso porque dá para ser assim.

A questão é se alguns veículos são realmente neutros. Se eles são o que se propõem a ser. Aí é que está o debate. Não se pode criticar a neutralidade, mas sim a incoerência entre atos e palavras.

Do mesmo modo, “O grupo Globo se transformou numa empresa que oprime ideologicamente seus jornalistas, violentando-lhes a liberdade de se manifestarem politicamente”, pode não corresponder à realidade.

Quando uma empresa de jornalismo restringe a manifestação política de seus jornalistas, é para, em tese, preservar a credibilidade do veículo e dos próprios jornalistas, evitando que a opinião de um jornalista seja confundida pela sociedade com a opinião do jornal. Repito: em tese. Isso porque veículos familiares, naturalmente, têm linha editorial definida. Assim como os blogs.

A questão é: o noticiário é neutro e isento de opinião? A opinião é separada do noticiário?

Reflitam…

    admin

    10/05/2012 - 00h49

    Prezado leitor, a imprensa não tem que ser neutra. Tem que ser séria, ponderada, imparcial, isso é diferente. Ela finge muito mal a sua neutralidade, um conceito anacrônico, que exala apenas hipocrisia.

    Mas eu entendo que é isso que você queria dizer, e concordo. Imprensa é diferente da blogosfera. O errado é ela cobrar da blogosfera uma postura que nem ela consegue ter, e que na blogosfera é antes um defeito do que uma virtude. Neutralidade na blogosfera é irritante, inútil e sempre soa artificial.

    Quanto ao “código de conduta” dos empregados, eu acho uma violência desnecessária e anticonstitucional. Entendo perfeitamente que a empresa cobre prudência de seus funcinários, mas a proibição total que eles fazem do jornalista ou empregado se manifestar é algo totalitário. Todo o totalitarismo que vivem apontando no Estado, acabam adotando na empresa, e o pior, de tudo, o mais revoltante, é que na verdade o que eles proibem nem é exatamente a manifestação política do empregado, e sim qualquer prurido de independência ideológica. Isso é uma violência que um jornalista de país desenvolvido jamais aceitaria! É típico de um país onde a mídia é tão concentrada, que faz com que um emprego no Globo seja visto como uma espécie de green card para um imigrante miserável e ilegal. É triste.

    Pronto, refleti.

    Cordialmente,
    Miguel do Rosário

José Antonio Meira da Rocha

09/05/2012 - 18h28

Essa imprensa chapa-vermelha é fogo!

    Ricardo CP

    09/05/2012 - 22h36

    Imprensa verde-olliva.

Cláudio Freire

09/05/2012 - 14h32

Elson, eu sinto a mesma coisa. Anteriormente, a velha mídia falava sozinha. Atualmente, com a internet, as pessoas começam a poder ter acesso a opiniões diferentes. Mas muitas ainda se informam exclusivamente pela velha mídia.
Há um longo caminho pela frente. Para melhorar esse estado de coisas, é fundamental regulamentar alguns pontos já constitucionais (aqui destaco o direito de resposta, ágil e com igual espaço e visibilidade do comentário que o provocou) e implementar uma regulação da mídia (principalmente para que fique bem diferenciado o que são fatos e o que são opiniões).
Às vezes realmente dá desânimo. Mas não podemos desistir: sempre que for possível, e da forma mais paciente e descontraída possível, devemos fazer com que as pessoas reflitam sobre o que leram ou ouviram. Parabéns por voce ter insistido e conversado, nessa situação que voce narrou. É a única forma de contribuirmos com esse processo, e acho que essas conversas acabam tendo algum resultado, sim.

Elson

09/05/2012 - 12h46

É incrível como a maioria das pessoas que se informam pela grande mídia são despolitizadas . Hoje, no bar ao discutir assuntos sobre as políticas sociais dos governos Lula/Dilma eu vi essa deformidade.
As pessoas , que se informam via Jornal Nacional , acham que o programa ABC é uma forma de cabresto eleitoral e que a única função deste programa existir é : Transferir o imposto dos trabalhadores para os “vagabundos nordestinos” . Essa foi a impressão que tive , e, quando tentei defender meu ponto de vista fui taxado de petista .É verdade que sou petista ,e isso não nego, porém essa turma não aceita o debate . Me disseram que sou alienado e hipnotizado pela pregação comunista do PT. Tentaram até argumentar que o sucesso dos governos Lula/Dilma é ( só na cabeça desta gente) resultado do plano real . Enfim , na cabeça desta gente , a culpa do País ser subdesenvolvido é culpa do seu próprio povo , dos pobres , dos sem terra e dos trabalhadores . Nem argumentando que o setor rentista paga pouco imposto convence esse povo de quê : O maior problema do Brasil reside no fato de nossa economia ser conduzida por uma minoria que , quer tudo para si e convence a maioria à acreditar que isto é desígnio divino .
Tenho vergonha dos eleitores paulistas , que são enganados diuturnamente , somos extorquidos nos pedágios , pagamos 25°/°de ICMS em nossas contas de telefone , as maracutaias e desvios de dinheiro público são acobertadas pela nossa mídia que recebe dinheiro , na forma de assinaturas para não denunciar as roubalheiras de quem lhes enche as burras . Enfim , um grande Estado , administrado por gente medíocre , eleita por gente mais medíocre ainda e que posa de vanguarda da cultura . É uma democracia de tolos , eleitos por tolos que se acham , no Estado de São Paulo , George W. Bush , se sentiria em casa .

Elson

09/05/2012 - 09h51

Muita água vai rolar por esta cachoeira , e se não for a blogosfera ,pouca gente vai ficar sabendo . Más essa defesa de O Globo para tentar salvar a veja é como uma confissão de cumplicidade com a quadrilha , afinal ao reverberar as capas da Veja sem checar a veracidade das informações , as Organizações Globo rasgaram seu manual de jornalismo . Pior ainda eles lembram muito aquele ex- presidente de triste memória para os brasileiros que certa feita disse; “Esqueçam oque escrevi” .
O sujeito que escreveu este editorial deve ter colocado seu senso de ridículo na posição of .

alex

08/05/2012 - 23h28

CAIU A CASA DE DR ROBERTO GURGEL

Brasil 247 há 21 minutos

Em depoimento à CPI do Cachoeira, o delegado da Polícia Federal Raul Alexandre disse que a decisão de não levar adiante as evidências reunidas na Operação Vegas, em 2009, foi da subprocuradora da República Cláudia Sampaio Marques; ela é esposa do procurador-geral da República, Roberto Gurgel

247 – O início dos trabalhos da CPI do Cachoeira, na semana passada, teve um grande ponto de controvérsia: o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, deve ou não ser convocado para depor? Depois do depoimento do delegado da Polícia Federal Raul Alexandre, nesta terça-feira, a dúvida acabou para parte dos parlamentares.

Em sessão fechada, o delegado disse aos integrantes da CPI que partiu da subprocuradora da República Cláudia Sampaio Marques, mulher de Gurgel, a decisão de não levar adiante as evidências reunidas na Operação Vegas, em 2009. A informação foi tornada pública pelo senador Randolfe Rodrigues (PSol-AP).

De acordo com o delegado, Cláudia Sampaio Marques enviou ofício à PF, naquele ano, dizendo não ter identificado indícios na Operação Vegas que justificassem a abertura de investigação. O problema é que boa parte das evidências sobre as relações entre o senador Demóstenes Torres e o bicheiro Carlinhos Cachoeira, que embasam a CPI, saiu dessa operação.

Agora, os membros da CPI planejam convocar Cláudia Sampaio Marques e Gurgel para saber que motivos fundamentaram a decisão.

Tá no http://www.facebook.com/Brasil247

alex

08/05/2012 - 22h58

Na veia, Miguel!
Pra los hermanos da mídiaPIG, a única saída é a união.
Civita sabe de todos os podres dos Marinhos ..
Estes, por sua vez, conhecem as maracutaias da editora da arvrinha
se um afundar, o outro afunda junto no merdeiro

Carlos Adonias

08/05/2012 - 22h53

O PIG está na defensiva. E você levou ele às cordas agora, caro blogueiro. Continue batendo forte, Miguel Vox Nostra do Rosário.

Antonio Martins

08/05/2012 - 21h55

Prezado Miguel, faltou incluir, no seu comentário, o episódio da bolinha de papel em que a Rede Globo fez um esforço enorme para transformá-la num petardo capaz de quase rachar a cabeça do José Serra que, por conta disso, foi submetido a uma tomografia.

Luiz Monteiro de Barros

08/05/2012 - 21h16

Parabens Miguel. Este somatorio da blogsfera eh a construçao de nosso marco regulatorio.

luiz

08/05/2012 - 21h11

Estão com medo. Ao Organizações temem a verdadeira liberdade de expressão. Parabéns pela análise devastadora sobre esse editorial defensivo e autoprotetor.

Vivaldo Barbosa

08/05/2012 - 18h30

O Globo realmente passou recibo da importância da blogosfera como força crítica da imprensa corporativa.

Mucuim

08/05/2012 - 17h05

Globo defende liberdade de corrupção da imprensa ao pedir blindagem da Veja

Se não estivéssemos falando de organizações criminosas, seria motivo de comédia o editorial do jornal “O Globo” (se quiser ler clique na imagem acima para ampliar).

O jornalão não defende liberdade de expressão, nem liberdade de imprensa, o que o jornalão defende, de forma indecente, é a liberdade de corrupção para empresas jornalísticas, blindando-as de investigações, onde a revista aparece porque se meteu com a organização criminosa por conta própria. … Leia mais:

http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com.br/2012/05/globo-defende-liberdade-de-corrupcao-da.html

    wepiana@gmail.com

    09/05/2012 - 08h02

    PERFEITO!
    A velha midia é, apenasmente – como diria Odorico Paraguassu, uma #MidiaBandida.

    Belo texto, Rosário.

Gabriel Braga

08/05/2012 - 15h18

Só o fato do jornalão dos Marinho,um dos mais influentes do país,citar a blogosfera em um editorial é um sinal inequívoco dos tempos.

A Globo já não tem mais o monopólio da informação,já não fala sozinha.Estamos fazendo barulho e o que é melhor,incomodando.

Jorge Gunnar

08/05/2012 - 13h57

Hehe, eles sentiram o golpe.

Helena Vargas

08/05/2012 - 13h56

Passaram recibo legal!

Mandou bem, Miguel

Viviane

08/05/2012 - 12h06

Muito bem. O Globo às vezes perde a noção.


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