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Notas sobre o desenvolvimento

Por trás da discussão econômica no Brasil há uma confusão, talvez deliberada, entre crescimento e desenvolvimento.

5 comentários
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Um post do Nassif acusa nossos liberais de escassez de consistência ideológica, porque reclamam do aumento do crédito aos consumidores, como se achassem que o Estado devesse tutelá-los. É verdade, porque o crédito no Brasil segue bastante inferior ao registrado em outros países. A inadimplência cresce, naturalmente, na medida em que se oferta mais dinheiro. Se os bancos não emprestam nada, a inadimplência é zero. Se aumenta, cresce a inadimplência. Mas esta se encontra em níveis considerados absolutamente dentro da normalidade, segundo especialistas, subindo proporcionalmente ao crescimento do crédito.

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Quanto aos investimentos públicos, o governo federal os tem ampliado de maneira considerável, embora a iniciativa esbarre quase sempre na ineficiência e atraso do Estado brasileiro. Há desperdício, burocracia, corrupção, paralisia.

Um comentarista lá observou que por trás da discussão econômica no Brasil há uma confusão, talvez deliberada, entre crescimento e desenvolvimento.  Grande verdade! Crescer é uma coisa. Desenvolver, outra. Um país pode crescer a taxas muito altas, mas registrar um baixo índice de desenvolvimento, porque não vê sua economia se diversificando, não há redistribuição de renda nem melhora das condições sociais. Cresce mas retrocede. E há países que crescem lentamente, mas com grande índice de desenvolvimento social, político, industrial, agrícola, etc.

No caso da indústria, é preciso analisar numa perspectiva mais objetiva. Que setores declinam, que setores crescem? Quais os setores que tem mais importância estratégica?

Ontem, o governo baixou medidas de estímulo à economia. Foram elas, basicamente, as seguintes:

  1. Redução de impostos para veículos.
  2. Redução de impostos sobre financiamentos/empréstimos de pessoas físicas.
  3. Queda nas taxas de financiamentos para investimentos pelo BNDES.

O primeiro item apaga um incêndio. O setor automobilístico é o equivalente ao que era o café no início do século XX. Gera empregos e sustenta o principal cinturão industrial do país, instalado no ABC paulista.

O carro no Brasil, realmente, é muito mais caro do que em países desenvolvidos, e apesar da superlotação das grandes cidades, ainda há espaço para vender muito automóvel no país, em função de nosso tamanho continental. O acesso ao carro permitirá ao trabalhar morar em regiões mais distantes dos grandes centros urbanos, com isso estimulando o desenvolvimento de núcleos urbanos menores, com seus comércios, serviços e mesmo fábricas locais.

Por isso, uma contrapartida fundamental das grandes cidades brasileiras seria regulamentar melhor o trânsito urbano interno, limitando o uso de carros particulares e ampliando as redes de transporte coletivo público.

O segundo e o terceiro itens são mais estruturantes. Ao reduzir a taxa de financiamento, Dilma dá continuidade à mesma estratégia de forçar os bancos privados e públicos a reduzirem taxas, spreads de juros cobrados ao consumidor. Ela está acreditando no consumo como chave para ativar a economia e elevar o PIB em 2012.

Se conseguir levar o PIB a qualquer coisa de maior ou igual a 4%, a presidenta terá conseguido uma importante vitória política.

Reparem sobretudo no terceiro item. Há um reforço no crédito do BNDES, a juros ainda mais baixos, para financiar o investimento em máquinas e equipamentos; e também projetos de engenharia. Este é o coração do desenvolvimento: máquinas e equipamentos, também conhecidos como “bens de capital”.  É nele que temos de ficar de olho, porque ele é como que o esqueleto de toda a cadeia industrial. A área de engenharia, pesquisa e inovação, por sua vez, é o cérebro.

No IpeaData, colhi a evolução da produção brasileira de bens de capital nos últimos 12 meses. Houve um soluço nos dois últimos meses do ano passado, causado, segundo especialistas, por uma interrupção nas fábricas de carros e caminhões no período, mas de janeiro a março, o crescimento foi constante.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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Paulo

23/05/2012 - 20h29

Um post sobre economia finalmente. Você parece que ficou tão deslumbrado com o fato dos noticiários mostrarem um escândalo de corrupção que não envolva o PT que esqueceu que outras coisas estão acontecendo. Sim você coloca seguidos posts sobre um mesmo e único assunto faz tempo.

A moda agora é a presidente Dilma fazer discurso em datas comemorativas.

No mais recente ela lançou o Brasil Carinhoso. Só não informou de onde sairão os recursos para tal programa assistencial. Espero que não aumente nenhum imposto.

Mas eu gostaria de fazer comentários sobre o outro pronunciamento, aquele do dia do trabalho, que ela deu início a uma “guerra” contra os bancos.

Algumas coisas ficaram obscuras.

Primeiro: Não são os bancos os maiores financiadores de campanhas políticas?

Segundo: Não são os bancos uns dos maiores pagadores de impostos do país?

Como alguém inicia uma “guerra” contra um companheirão desses ?

O problema é o SPREAD. Fui pesquisar no site da FEBRABAN como é formado o spread:

1) 28,7% inadimplência

2) 4,1% depósitos compulsórios

3) 21,9% impostos

4) 12,6% custos administrativos

5) 32,7% demais fatores ( lucro + custo dinheiro )

Se somarmos os itens 2 e 3 temos 26 % que os bancos pagam ao governo.

O governo federal podia dar uma ajudinha nesse ponto e reduzir os impostos e exigir que os bancos repassem integralmente a redução ao cliente.
O que acha da ideia Dilma ?

Bem, mas agora o governo voltou a incentivar a economia com redução de IP para automóveis. Mas isso é paliativo porque nós precisamos de investimento na indústria para manter o crescimento.

Outro assunto preocupante é a poupança.
Agora estão valendo as novas regras para rendimento.

Cálculo pela regra antiga: 0,5 % ao mês + TR

Novo cálculo: 70% da SELIC + TR quando a SELIC estiver em 8,5% ou menos . Se estiver acima de 8,5% usa a mesma fórmula anterior.

Na prática a rentabilidade da poupança cairá de 6,17 % para 5,6% ao mês se os atuais padrões forem mantidos. E a previsão do próprio Ministro da Fazenda é que a Selic caia ainda mais, ou seja o rendimento da poupança vai cair ainda mais.

No último mês a poupança teve uma captação de quase R$ 2 bilhões superior aos saques.

Pelas novas regras de cálculo da poupança os bancos deixarão de pagar aos clientes +- R$ 11 milhões e 400 mil em um mês.

Os Fundos de investimento tiveram o valor de aplicação inicial reduzidos de R$ 50.000,00 para R$ 1,00 no BB.

Eles tem rentabilidade melhor que poupança. São um ótimo investimento dependendo do tempo que o $ vai ficar aplicado. O ideal é mais de um ano. Porque tem taxa de administração e paga-se imposto de renda sobre o rendimento na retirada do valor. Ficando menos de um ano acaba rendendo menos que poupança se descontar tudo isso.

Agora o último comentário político-econômico.

Eu vi um grupo de umas 50 pessoas fazendo um protesto debilóide na sede da VISA em São Paulo. Protesto contra os juros do cartão de crédito. Debilóide porque não é a VISA ou Mastercard que cobra os juros se você não pagar a fatura do cartão e sim os bancos.

As bandeiras cobram do comerciante em torno de 5% do valor de cada compra e demoram uns 40 dias para repassar os outros 95 %. Agora os juros (motivo do protesto) é com os bancos.

Isso demonstra que as pessoas que ali estavam nem sabiam como funciona o mercado financeiro. Acho que deveriam – SIM – se informar para saber porque estão protestando, terem argumentos e não serem apenas massa de manobra.

    admin

    23/05/2012 - 20h39

    Valeu pela participação, Paulo. Os spreads no Brasil são os mais altos do mundo. A Dilma agiu corretamente em forçá-los a reduzir. Mas reduzir impostos para banco, que paga muito pouco, não é justo, porque aí estaríamos mais uma vez dando dinheiro aos bancos. Para mim, o governo tinha é que aumentar os impostos sobre os bancos, e forçá-los a dar spread zero. Sim porque eles já lucram muito mexendo com nosso dinheiro. Não tem que cobrar spread nenhum. Se eu quisesse algum serviço a mais, aí sim pagaria uma taxa administrativa.

      Paulo

      23/05/2012 - 21h19

      Spread zero é uma bela utopia. Se você observar os ítens 4 e 5 da composição do spread verá que só aí temos +- 45% para fazer a coisa funcionar. Fora o ítem 1 (inadimplência), que é o risco do negócio. Quanto mais caloteiros houver, mais os bom pagadores arcarão com juros para sustentar essas pragas.
      Já passou da hora do cadastro do bom pagador entrar em vigor. Cadastro que dará direito a juros menores para quem paga as contas em dia.

elsonfidofilo@hotmail.com

23/05/2012 - 06h16

Ontem ao final da sessão que pretendia ouvir o bicheiro Cachoeira, um parlamentar fez a derradeira pergunta que recebeu via twiter, é claro que isso foi coisa de um gaiato que queria saber do inquirido que bicho ia dar. Tá aí uma prova que as redes sociais estão atentas e cobrarão para que a CPMI não acabe em pizza. Os 72 milhões de usuários da internet podem fazer a diferença em uma eleição, inclusive desencavando os podres dos santos do pau oco, como vimos em 2010, a memória na web não é curta e os fantasmas sempre voltam para assombrar.

elsonfidofilo@hotmail.com

23/05/2012 - 06h08

O incrível é que quando a gente liga a tv, só ouve aquela velha cantilena, impostos altos, gargalo na infraestrutura, e mais mais terrível das pragas que assola nossa indústria; a carga trabalhista. É a velha história de sempre, tirar de quem tem pouco para preservar quem tem muito.
Enquanto isso a CPMI do Cachoeira segue, o sujeito foi ao Congresso apenas por ser obrigado, afinal não respondeu nada e as oposições seguem querendo colocar a Delta nacional no banco dos réus, afinal eles sabem que Perillo está muito enrrolado e terá que cedo ou tarde dar explicações, agindo desta maneira esperam contar com o medo dos parlamentares da situação, numa espécie de ameaça. Ver a Veja e o “Poli” explicando suas peripécias é desejo de todos, menos do PIG e de quem tem o rabo preso ou espera sair nas paginas amarelas. Quando você vê a cobertura da mídia é notório que os políticos não resistem ao ver uma câmera, ou um microfone da Globo, esses parecem ser os únicos que não tem interesse em ver nada apurado nesta relação, afinal eles sabem que os donos mídia tem poder para criar um mito ou um monstro. Cachoeira diz que falará, somente após passar por audiência com o juiz em 31 de maio, quem sabe ele não esteja querendo negociar uma delação premiada?


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