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Atitude de ex-prefeita pode levá-la para o ostracismo

Se tudo der errado na campanha de Fernando Haddad à Prefeitura de São Paulo, culminando em sua derrota, o PT já sabe sobre quem descarregar a culpa. Por Cláudio Gonçalves Couto.

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Por CLÁUDIO GONÇALVES COUTO, ESPECIAL PARA A FOLHA

Se tudo der errado na campanha de Fernando Haddad à Prefeitura de São Paulo, culminando em sua derrota, o PT já sabe sobre quem descarregar a culpa.

Se tudo der certo e Haddad for eleito prefeito, o PT também já sabe a quem espezinhar. Nos dois casos, essa pessoa é Marta Suplicy.

É evidente o inconformismo da ex-prefeita com seu preterimento na escolha da candidatura petista, para a qual se via como uma escolha natural -tal qual a de Aécio Neves para o PSDB, no pleito presidencial, na visão de Fernando Henrique.

Marta, contudo, assemelha-se pouco a Aécio, no que concerne a esta “naturalidade”. Está para a Prefeitura de São Paulo e para o PT mais ou menos como o ex-governador José Serra está para a Presidência e o PSDB.

Em ambos os casos, os postulantes veem-se como o nome óbvio, não reconhecem correligionários à sua altura e pensam mais em seu projeto pessoal do que no do partido.

A semelhança, porém, acaba por aí. Não só porque se trata de disputas de tamanho distinto, mas também porque PT e PSDB são muito diferentes.

Se no PSDB o serrismo conseguiu impor-se à máquina partidária para mais um malogro em 2010 (e continua a alentar nova aventura para 2014), no PT o peso da organização partidária se fez sentir na definição da disputa.

Alguém replicará que é o peso do caciquismo lulista. Há um erro em tal avaliação.
Embora a unção de Lula tenha sido crucial na opção do PT por Haddad, ela opera em contexto organizacional e com significado muito distintos daqueles do PSDB. O PT é um partido em que a lógica da organização tende a prevalecer sobre caciquismos.

A unção de Lula funciona na indicação do candidato porque se coaduna com os interesses mais amplos e de longo prazo da organização.

Em tal cenário, o beicinho de Marta, se mantido, tenderá a lhe causar um ostracismo interno. Organizações tão densas não costumam deixar barato esse individualismo.

CLÁUDIO GONÇALVES COUTO é cientista político, professor do curso de Administração Pública da FGV-SP.
Folha de S.Paulo
05/06/2012

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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