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As revoluções simultâneas de Dilma Rousseff

Santos vai na contramão de todas as análises pessimistas e identifica no presente uma série de transformações em curso, muitas das quais silenciosas, mas todas profundas e reais.

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(Desenho de Juliano Guilherme n.7. David e Golias. Coleção Cadernos)

 

Santos vai na contramão de todas as análises pessimistas e identifica no presente uma série de transformações em curso, muitas das quais silenciosas, mas todas profundas e reais.

O tempo das revoluções simultâneas

Por Wanderley Guilherme dos Santos, cientista político.

A Lei de Responsabilidade Fiscal de Fernando Henrique Cardoso foi um dos últimos atos da república oligárquica brasileira, atenta à estabilidade da moeda e fiadora de contratos. Necessária, sem dúvida, mas Campos Sales, se vivo, aplaudiria de pé em nome dos oligarcas. Mas já não ficaria tão satisfeito com que o veio a seguir. Depois de promover drástica rearrumação nas prioridades de governo, o presidente Lula instaurou no país uma trajetória de crescimento via promoção social deixando para trás, definitivamente, a memória de Campos Sales e de seus rebentos tardios. Milhões de famílias secularmente atreladas às sobras do universo econômico foram a ele integradas como ativos atores e consumidores. Desde agora, para desgosto de alguns e expectativa de todos os demais, a história do Brasil não se fará sem o concurso participante do trabalho e das preferências desse novo agregado a que chamamos de povo.

Com Dilma Rousseff instalou-se a desordem criadora, aquela que não deixa sossegada nenhuma rotina nem contradição escondida. Não há talvez sequer um segmento da economia, dos desvãos sociais e das filigranas institucionais que não esteja sendo desafiado e submetido a transformação. Da assistência universal à população, reiterando e expandindo a trilha inaugurada por Lula, à reformulação dos marcos legais do crescimento econômico, à organização da concorrência, à multiplicação dos canais de troca com o exterior, ao financiamento maiúsculo da produção, aos inéditos programas de investimento submetidos à iniciativa privada, a sacudidela na identidade nacional alcança de norte a sul. A cada mês de governo parece que sucessivas bandeiras da oposição tradicional tornam-se obsoletas. Já eram.

O tempo é de revoluções simultâneas, cada qual com seu ritmo e exigências específicas, o que provoca inevitáveis desencontros de trajetos. Uma usina geradora de energia repercute na demanda por vários serviços, insumos, mão de obra, criando pressões, tensões, balbúrdias. Li em Carta Maior (9/4/13) que a Associação Brasileira de Tecnologia para Equipamentos e Manutenção informa que, no Brasil, convivem hoje 12.600 obras em andamento e agendadas até 2016. Ainda segundo a mesma fonte, das 50 maiores obras em execução no planeta, 14 estão sendo realizadas no país. Claro que os leitores não serão informados pela mídia tradicional. A monumental transformação do país, que não precisa apenas crescer, mas descontar enorme atraso histórico, produz entrechoques das dinâmicas mais díspares, o que surge, na superfície, como desordem conjuntural. É, contudo, indicador mais do que benigno. Mas disso os leitores só são informados em reportagens e manchetes denunciando o que estaria sendo o atual desgoverno do país. Qual…

Os melhores informativos do estado geral da nação encontram-se nos portais do IBGE, do IPEA e afins. Os antigos jornalões apequenaram-se. São, hoje, nanicos.

 

Wanderley Guilherme dos Santos é cientista político. Ás quintas, publica a coluna Cafezinho com Wanderley Guilherme.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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Rodrigo

03/06/2013 - 17h33

De onde veem os numeros 14 de 50 das maiores obras sao no Brasil? Alguem pode citar a fonte?
Abracos

airton

30/05/2013 - 18h21

Se tudo o que dos Santos escreve tem a força da verdade, como essa análise se casa com um PIB de 0,9% em 2012 e de 0,6% no 1º trimestre de 2013 ?

    Marcos Sousa

    30/05/2013 - 19h51

    O Pib está baixo devido às crises Europeia e americana e o arrefecimento do crescimento chinês. O importante é que o Brasil é um dos únicos a diminuir o desemprego e a aumentar a renda dos trabalhadores.

Antonio Barbosa de Jesus

30/05/2013 - 10h50

“… das 50 maiores obras em execução no planeta, 14 estão sendo realizadas no país.” Será esse o mesmo Brasil que vemos, dioturnamente na GRANDE imprensa? Que Deus nos ajude e proteja desses canalhas.

Yuri Stugges

30/05/2013 - 09h46

Melhor texto do mês!!!!

Hugo T.

30/05/2013 - 09h45

Que bom ler este artigo, professor! Salvou o dia!

Vera

30/05/2013 - 09h44

Muito bom!


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