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Putin é culpado?

Enquanto os brasileiros são bombardeados por nossa mídia com a informação de que o presidente russo, Vladimir Putin, tem culpa na queda do avião da Malasya Airlines, Pepe Escobar, um dos maiores especialistas mundiais em geopolítica e seu jogo na mídia, traz informações muito diferentes. Nunca é demais cumprimentar o blog Redecastorpohoto, pela contribuição inestimável […]

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Enquanto os brasileiros são bombardeados por nossa mídia com a informação de que o presidente russo, Vladimir Putin, tem culpa na queda do avião da Malasya Airlines, Pepe Escobar, um dos maiores especialistas mundiais em geopolítica e seu jogo na mídia, traz informações muito diferentes.

Nunca é demais cumprimentar o blog Redecastorpohoto, pela contribuição inestimável de traduzir os artigos de Escobar, o qual, apesar de brasileiro, escreve em inglês para jornais da Ásia e da Rússia.

*

Pepe Escobar: Míssil de Putin?

19/7/2014, [*] Pepe Escobar, RT – Russia Today
“It was Putin’s missile?”
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Eis o veredicto da boataria de guerra: a mais recente tragédia da Malaysia Airlines (a segunda em quatro meses) é “terrorismo” perpetrado por “separatistas pró-Rússia” armados pela Rússia, e Putin é o principal culpado. Acabou-se a história. Quem tenha ideia diferente dessa, que cale a boca.

Por quê? Porque sim. Porque a CIA disse. Porque a Hilária “Nós viemos, nós vimos, ele morreu” Clinton disse. Porque a doida Samantha ‘’Responsabilidade de Bombardear para Proteger’’ Power disse – trovejando na ONU, tudo devidamente impresso pelo Washington Post infestado de neoconservadores.

Porque a empresa-imprensa anglo-americana – da CNN à Fox (que tentou comprar a Time Warner, que pertence à CNN) – disse. Porque o Presidente dos EUA (PEUA) disse. E principalmente, sobretudo, porque Kiev vociferou, em primeiro lugar.

E lá estavam todos eles, em fila – as resmas de invariavelmente histéricos “especialistas” da “comunidade de inteligência dos EUA” literalmente espumando pela boca contra a maléfica Rússia, o ainda mais maléfico Putin; os “especialistas” de inteligência, aqueles, que não viram um comboio de coruscantes picapes Toyota brancas atravessando o deserto iraquiano para tomar Mosul. Esses, aliás, já sentenciaram: ninguém mais precisa examinar prova alguma. Nada e nada. O mistério do voo MH17 está resolvido.

Destroços do MH17 - Malaysia Airlines

Destroços do MH17 – Malaysia Airlines

Eis o veredicto da boataria de guerra: a mais recente tragédia da Malaysia Airlines (a segunda em quatro meses) é “terrorismo” perpetrado por “separatistas pró-Rússia” armados pela Rússia, e Putin é o principal culpado. Acabou-se a história. Quem tenha ideia diferente dessa, que cale a boca.

Por quê? Porque sim. Porque a CIA disse. Porque a Hilária “Nós viemos, nós vimos, ele morreu” Clinton disse. Porque a doida Samantha ‘’Responsabilidade de Bombardear para Proteger’’ Power disse – trovejando na ONU, tudo devidamente impresso pelo Washington Post infestado de neoconservadores.

Porque a empresa-imprensa anglo-americana – da CNN à Fox (que tentou comprar a Time Warner, que pertence à CNN) – disse. Porque o Presidente dos EUA (PEUA) disse. E principalmente, sobretudo, porque Kiev vociferou, em primeiro lugar.

E lá estavam todos eles, em fila – as resmas de invariavelmente histéricos “especialistas” da “comunidade de inteligência dos EUA” literalmente espumando pela boca contra a maléfica Rússia, o ainda mais maléfico Putin; os “especialistas” de inteligência, aqueles, que não viram um comboio de coruscantes picapes Toyota brancas atravessando o deserto iraquiano para tomar Mosul. Esses, aliás, já sentenciaram: ninguém mais precisa examinar prova alguma. Nada e nada. O mistério do voo MH17 está resolvido.

Boeing 777-200 - Malaysia Airlines

Boeing 777-200 – Malaysia Airlines

Pouco importa que o presidente Putin tenha dito que a tragédia do MH17 ainda tem de ser investigada objetivamente. E “objetivamente”, é claro, não inclui aquela “comunidade internacional” ficcional que Washington concebeu – aquela congregação de vassalos/sabujos curváveis.

E sobre Carlos?!

Pesquisa rápida já mostra que o voo MH17 estava deslocado, 200km para o norte, distante da rota habitual da Malaysian Airlines nos dias anteriores – dirigido bem para o centro de uma zona de guerra. Por quê? Que tipo de comunicação o MH17 recebeu da torre de controle aéreo de Kiev?

Kiev não disse uma palavra sobre isso. Mas a resposta seria simples, se Kiev tivesse distribuído as gravações dos contatos entre a torre e o vôo MH17; aMalaysia distribuiu exatamente essas gravações, depois que o vôo MH370 desapareceu para sempre.

Essas gravações nunca aparecerão. O serviço secreto da Ucrânia (SBU) confiscou essas gravações. Sem elas, não há como saber por que o vôo MH17estava fora da rota e o que os pilotos disseram antes da explosão.

Buk 9K37  do exército da Ucrânia

Buk 9K37 do exército da Ucrânia

O ministro da Defesa da Rússia, por sua vez, confirmou que havia uma bateria Buk antiaérea controlada por Kiev e operacional, próxima da área onde caiu o MH17. Kiev havia distribuído vários sistemas de mísseis Buk terra-ar, com pelo menos 27 lançadores; todos perfeitamente capazes de derrubar jatos a 33 mil pés (10.000 m aprox.) de altura.

Militares russos detectaram radiação de um radar Kupol, como parte de uma bateria Buk-M1 perto de Styla [vila ao sul, a cerca de 30 km de Donetsk].Segundo o ministério, o radar poderia estar transmitindo informações de rastreamento para outra bateria que estava a distância de tiro da rota do vooMH17.

O radar de um sistema Buk rastreia um máximo de 80km. O MH17 voava à velocidade de 500 mph. Assim, assumindo-se que os “rebeldes” teriam um Buk operacional e o usaram, não teriam mais de cinco minutos para rastrear todo o céu acima deles, todas as altitudes possíveis, e fazer a mira. Naquele momento, saberiam que nenhum cargueiro poderia voar naquela altitude.

Em FINAL – Part II: Evidence Continues to Emerge #MH17 Is a False Flag Operation encontram-se muitas evidências que apoiam a hipótese de que tenha sido atentado forjado sob falsa bandeira.

E há também a história, mais estranha a cada minuto que passa, de Carlos, espanhol, controlador de tráfego aéreo de serviço na torre de Kiev, que estava acompanhando o vôo MH17 em tempo real. Para muitos, Carlos é personagem real e autêntico, não é forjado; para outros, nunca nem trabalhou na Ucrânia. Fato é que tuitou feito doido. Sua conta na empresa Tweeter foi apagada – não por acaso –, e ele sumiu. Seus amigos estão agora desesperadamente à sua procura. Ainda consegui ler todos os tuítos dele, em espanhol, enquanto a conta ainda estava ativa. Agora, já se encontram cópias das mensagens que distribuiu e traduções para o inglês.

Presidente Vladimir Putin  (Foto: Alexei Nikolsky)

Presidente Vladimir Putin
(Foto: Alexei Nikolsky)

Aqui, reproduzo alguns dos tuítos mais importantes:

“O B777 estava escoltado por dois jatos ucranianos de combate minutos antes de desaparecer do radar (5.48pm)”

“Se as autoridades em Kiev querem admitir a verdade, dois jatos de combate voavam muito perto minutos antes do incidente, mas não derrubaram a aeronave (5.54)”

“Imediatamente depois de o B777 da Malaysia Airlines desaparecer, autoridades militares de Kiev nos informaram sobre o avião derrubado. Como sabiam? (6.00)”

“Tudo foi gravado no radar. Para os que não acreditem: foi derrubado por Kiev; nós sabemos aqui [na torre de controle] e o controle militar do tráfego aéreo também sabe (7.14)”

“O Ministério do Interior sabia que havia aviões de combate na área, mas o Ministério da Defesa não (7.15)”

“Os militares confirmaram que foi a Ucrânia, mas não se sabe de onde veio a ordem (7.31)”

A avaliação de Carlos (lê-se compilação parcial de seus tuítos em: FINAL – Spanish Air Controller @ Kiev Borispol Airport: Ukraine Military Shot Down Boeing #MH17) é bem clara: o míssil foi lançado por militares ucranianos por ordem do ministério do Interior – NÃO do Ministério da Defesa. Assuntos de segurança, no ministério do Interior estão sob comando de Andrey Paruby, que trabalhava bem perto dos neoconservadores dos EUA e dos neonazistas do Banderastão na Praça Maidan.

Assumindo-se que Carlos exista e seja quem diz ser, sua avaliação faz perfeito sentido.Os militares ucranianos estão divididos entre o rei do chocolate [presidente Petro] Poroshenko – que quer uma détente com a Rússia, essencialmente para promover os interesses sombrios dos próprios negócios – e Santa Yulia Tymoshenko, que é bem conhecida por pregar o genocício dos russos étnicos no leste da Ucrânia.

Neoconservadores e “conselheiros militares” dos EUA em campo na Ucrânia, como já se sabe, estão subindo as apostas, apoiando simultaneamente os grupos de Poroshenko e de Tymoshenko.

 Yulia Timoshenko   e             Petro Poroshenko

Yulia Timoshenko e Petro Poroshenko

Assim sendo… a quem interessa?

A questão chave permanece, é claro: cui bono? Só descerebrados terminais acreditariam que derrubar um avião de passageiros beneficiaria os federalistas no leste da Ucrânia, para nem pensar no Kremlin, que absolutamente nada teria a ganhar.

Quanto a Kiev, teriam os meios, o motivo e a janela de oportunidade – especialmente depois que os neofascistas de Kiev foram efetivamente derrotados e já estavam em retirada no Donbass. E isso depois que Kiev insistiu em bombardear a população do leste da Ucrânia, mesmo de longe e de cima. Não surpreende que os federalistas tivessem de se defender.

E há também o timing, muito muito suspeito. A tragédia do MH17 acontece dois dias depois de os BRICS anunciarem o antídoto contra o FMI e o Banco Mundial, deixando ao largo, longe, o dólar norte-americano. E exatamente quando Israel avança “cautelosamente” em sua nova invasão/limpeza étnica em câmera lenta, em Gaza. A Malásia, por falar nisso, é sede da Comissão de Crimes de Guerra Kuala Lumpur – comissão que condenou Israel por crimes contra a humanidade.

Washington, é claro, sim, se beneficia. O que o Império do Caos consegue, nesse caso, é um cessar-fogo (e as gangues neonazistas de Kiev, que estão sendo fragorosamente derrotadas, poderão ser reabastecidas); ganham novo alento para a campanha de demonizar os ucranianos do leste como “m terroristas” (como Kiev, ao estilo Dick Cheney, sempre quis); e passam a lançar quantidades ilimitadas de lama sobre a Rússia e, especialmente, sobre Putin, até se acabar o mundo. Não é pouco ganho, para servicinho de minutos. Quanto à OTAN… É Natal em julho.

Daqui em diante, tudo depende da inteligência russa. Já estavam vigiando e rastreando tudo que acontecia na Ucrânia, 24 horas por dia, sete dias por semana. Nas próximas 72 horas, depois de examinar os muitos dados de rastreamento, com telemetria, radar e rastreamento por satélite, os russos saberão exatamente que tipo de míssil foi lançado, de onde, e terão também as comunicações da bateria que lançou o míssil. E terão acesso a todas as provas recolhidas na cena do crime.

Diferente de Washington – que sempre já sabe tudo antes, mesmo sem investigar nada (lembram-se do 11/9?) – Moscou precisa de tempo para obter os fatos jornalísticos básicos (o quê, onde, quem?) e começar a trabalhar para provar a verdade e/ou desmentir a boataria distribuída por Washington.

Os registros históricos mostram que Washington simplesmente ocultará todas as informações, se comprovarem que seus vassalos em Kiev lançaram um míssil contra avião de passageiros. Os dados de realidade podem apontar para bomba plantada no MH17, ou falha mecânica – embora pareça hoje explicação improvável. Se foi erro terrível cometido pelos rebeldes da Novorrússia, Moscou terá de admitir, relutantemente, que seja. Se foi Kiev, Moscou divulgará e comprovará imediatamente. Aconteça o que acontecer, só há, de garantida, a resposta ocidental histérica de sempre. Foi a Rússia. A culpa é da Rússia.

Putin está mais que certo ao dizer que essa tragédia não teria acontecido se Poroshenko tivesse aceito uma extensão do cessar-fogo, como Merkel, Hollande e Putin tentaram convencê-lo a aceitar, no final de junho. No mínimo, para começar, Kiev já é culpada pelas mortes, porque o governo de Kiev é responsável pela segurança dos voos no espaço aéreo sob seu (teórico, que seja) controle.

Mas tudo se vai esquecendo nas brumas da guerra, tragédia e boataria. Sobre as declarações histéricas de Washington, e sua autoproclamada credibilidade, deixo aqui apenas um número: Iran Air 655. [1]

*

Nota dos tradutores

[1] 2/7/2012, Samy Adghirni, Folha de S.Paulo em: “Iran Air 655. O dia em que os EUA mataram 290 civis inocentes”:

Um dos mais polêmicos ataques americanos contra civis inocentes ocorreu há exatos 24 anos, no calor da guerra entre o Irã do então aiatolá Khomeini e o Iraque do ditador Saddam Hussein, aliado de Washington. Na manhã de 3/7/1988, um navio de guerra dos EUA disparou dois mísseis contra um Airbus A300 da Iran Air, matando na hora as 290 pessoas a bordo, incluindo 66 crianças. Entre as vítimas havia cidadãos de Irã, Índia e Itália, dentre outros países (…)

Iran Air 655

[*] Pepe Escobar (1954) é jornalista, brasileiro, vive em São Paulo, Hong Kong e Paris, mas publica exclusivamente em inglês. Mantém coluna (The Roving Eye) no Asia Times Online; é também analista de política de blogs e sites como: Tom Dispatch, Information Clearing House, Red Voltaire, Counterpunch e outros; é correspondente/ articulista das redesRussia Today,The Real News Network Televison e Al-Jazeera. Seus artigos podem ser lidos, traduzidos para o português pelo Coletivo de Tradutores da Vila Vudu e João Aroldo, no blog redecastorphoto.

Pepe Escobar-Russia-Today


Livros:

? Globalistan: How the Globalized World is Dissolving into Liquid War, Nimble Books, 2007.
? Red Zone Blues: A Snapshot of Baghdad During the Surge, Nimble Books, 2007.
? Obama Does Globalistan, Nimble Books, 2009.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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revenger

27/09/2014 - 13h47

E a caixa preta? Esses cães devem uma explicação à sociedade internacional!

Marco

23/07/2014 - 11h45

Voce forca a barra como os jornais russos. Se acha jornalista? Cade o cuidado com as fontes? Tudo, absolutamente tudo o que voce afirma e tao fraco quanto as reportagens que voce critica. E ganha pra isso? Tsk.

Arthur Caria

21/07/2014 - 15h42

A mídia nacional não quer nem saber do que está acontecendo lá fora… isso aí é somente uma maneira torpe de atingir a candidatura de Dilma, diminuindo o feito do Banco BRICS, tentando sujar a imagem de Putin pra os manipulados

Maria Regina Arruda

21/07/2014 - 01h24

dudu, leia isso !

Maria Regina Arruda

21/07/2014 - 01h24

dudu, leia isso !

Veras Águas

21/07/2014 - 01h21

Só hipóteses.

Veras Águas

21/07/2014 - 01h21

Só hipóteses.

Veras Águas

21/07/2014 - 01h20

Derrubar um avião comercial não seria um ato muito inteligente dos separatistas ucranianos,caso fossem os separatistas tentando assassinar Pútin,também outra burrice pois caso isso ocorresse a resposta Russa seria destruidora sobre os separatistas,sobra então os ucranianos para fazerem essa besteira.

Veras Águas

21/07/2014 - 01h20

Derrubar um avião comercial não seria um ato muito inteligente dos separatistas ucranianos,caso fossem os separatistas tentando assassinar Pútin,também outra burrice pois caso isso ocorresse a resposta Russa seria destruidora sobre os separatistas,sobra então os ucranianos para fazerem essa besteira.

Sel Ma Guarani Kaiowá

20/07/2014 - 21h42

eh porque o Putin iria querer derrubar um aviao comercial?

Sel Ma Guarani Kaiowá

20/07/2014 - 21h42

eh porque o Putin iria querer derrubar um aviao comercial?

Mirian Belchior

20/07/2014 - 21h39

Com certeza que não !!!!!!!!!!!!!!!!

Mirian Belchior

20/07/2014 - 21h39

Com certeza que não !!!!!!!!!!!!!!!!

Elisa

20/07/2014 - 18h29

Em 2001 a Ucrânia derrubou um avião Russo deixando 80 mortos, agora eles dizem que não têm capacidade militar para fazer isso… estão de brincadeira, né?

Euler

20/07/2014 - 18h15

Um comentário que fiz no dia 18/07, aqui mesmo n’O Cafezinho, tem tudo a ver com o excelente texto do jornalista Pepe Escobar. Por isso, achei por bem reproduzi-lo aqui:

Não sei não, mas acho que deveríamos dar início a uma ampla campanha pelo boicote à mídia golpista no Brasil. Depois de um bom tempo sem assistir a telejornais, resolvi abrir uma exceção hoje, dia 18 de julho, para ver e ouvir uma parte inicial do Jornal Nacional. Que arrependimento! Que mal-estar! Somente notícia ruim e manipulada. Começaram pela derrubada do avião na Ucrânia. Imediatamente a Globo já condenou a Rússia – a Rússia de Putin, do Brics, que esteve aqui no Brasil ao lado da Dilma, lembram? – quase perguntaram isso ao telespectador.

E deram amplo espaço para uma gravação que a própria emissora considerou sem condições de confirmar como prova válida; e passaram a dar destaque à representante dos EUA na ONU, sempre a culpar a Rússia, como se vivêssemos ainda em plena Guerra Fria. Numa reportagem totalmente sem contextualizar o conflito separatista na Ucrânia, aliás, alimentado pelo Ocidente. Os focos eram: vítimas civis abatidos pela Rússia, ou com o apoio desta. A Rússia, claro, de Putin, que é do BRICS, que se reuniu no Brasil para criar um banco que vai disputar hegemonia com o FMI e o Banco Mundial, e a política imperialista dos EUA. Lógico que a culpa já é da Rússia!

Em seguida, o conflito em Gaza. Tudo muda. O repórter da Globo está ao lado dos tanques do poderoso exército israelense. Mostra os soldados israelenses em clima de festa antes do ataque. Já não se trata mais de um massacre, um genocídio contra um povo indefeso, isolado, expulso do seu próprio território, os palestinos. Nada disso, Israel tem direito de se defender e cassar os terroristas do Hamas – diz o presidente dos EUA. Que ainda pede ao poderoso exército que vá devagar. Como a dizer: podem destruir tudo, mas devagar, please. Cínicos: a Globo, Obama, a ONU.

Aliás, desta vez a ONU já não aparece mais condenando com veemência, como no caso da derrubada do avião, mas pedindo cautela ao estado israelense. A reportagem mostra rapidamente um pouco do estrago e da destruição contra os moradores de Gaza, um dos campos de concentração daquele pequeno espaço. E os números parecem não ter qualquer importância: quase 300 civis mortos do lado dos palestinos (um avião derrubado na Ucrânia) contra 3 israelenses, incluindo um militar.

Que diferença e que parcialidade no tratamento dos dois temas! Sempre a favor do olhar do império norte-americano e contra o resto do mundo! Até quando o Brasil dos de baixo vai se permitir o domínio de uma mídia deste tipo, que invade os nossos lares, bombardeia nossa mente e cria um clima de ódio, de desconfiança, de medo, de pessimismo. E de manipulação.

O Jornal Nacional e seus iguais – Band, Rádio Itatiaia em Minas, os programas policiais, etc., – são uma verdadeira tortura diária contra o povo brasileiro. Deveríamos pensar e agir mais seriamente contra este atentado. Um boicote generalizado, talvez, enquanto nossa política, a dos de baixo, não consegue conquistar uma real democratização dos meios de comunicação.

Até quando vamos viver assim, vítimas de uma mídia que nos escraviza diariamente?

Elisa

20/07/2014 - 17h59

Ah, eu não engoli essa história porque desde a anexação da Crimeia os Estados Unidos, e por tabela nossa mídia tradicional, que é uma sobra dos americanos, tenta a todo custo culpar a Rússia de tudo, escondendo, por exemplo, o avanço dos nazistas na Ucrânia e que a maioria da população da Crimeia queria a proximidade com a Rússia, ocultando também que a Ucrânia apoiou os nazistas na 2ª guerra mundial. Vi uma entrevista com o embaixador da Ucrânia, mas nenhuma com o embaixador da Rússia. Enfraquecer a Rússia interessa, e muito, aos Estados Unidos.

Ana Engajada

20/07/2014 - 20h38

Querem subestimar a inteligência das pessoas!Igual o incidente da Síria! Porque raios o Putin faria isso? Que ganho político teria? Por que os prós russos fariam isso? Seria como atirar na própria cabeça! Putin é inteligente demais para cometer esta estupidez!


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