Relatório de senadores: situação na Venezuela é normal e democrática

(Atualização: e o Aécio e sua comitiva de golpistas internacionais? Gastou dinheiro público, usou avião militar, e não fez nenhum relatório? O relatório de Aécio é reportagem da Globo?)

A comitiva de senadores que foi à Venezuela conferir a situação da democracia naquele país divulgou há pouco o relatório sobre a viagem. A conclusão é a mesma de qualquer pessoa honesta que visite a Venezuela: é um país cheio de problemas, como qualquer país do mundo, mas a questão democrática não é um deles.

A democracia na Venezuela é plena, rica e plural. A oposição é forte, atuante e quase ganhou as últimas eleições presidenciais. A imprensa é livre.

Eu diria mais: a democracia venezuelana é bem mais avançada do que a nossa, por várias razões. Entre elas, o governo tem voz. Existem alguns canais públicos bons, e o governo tem 10 minutos por dia em todas as redes de tv.

Não é que nem o Brasil, onde o povo é torturado dia e noite por uma mídia reacionária, vendida e golpista. E o governo, eleito pelo povo, não tem espaço para prestar contas do que está fazendo.

***

Matéria publicada na Agência Senado.

(Foto: Integrantes da segunda comissão que foi à Venezuela entregam o relatório ao presidente do Senado Waldemir Barreto/Agência Senado)

Relatório de Requião sobre a visita de senadores à Venezuela gera discussão em Plenário

Da Redação | 15/07/2015, 19h23 – ATUALIZADO EM 15/07/2015, 20h08

Relatório apresentado pelo senador Roberto Requião (PMDB-PR) sobre a Venezuela provocou intenso debate no Plenário do Senado nesta quarta-feira (15). No texto, ele afirma que o problema do país vizinho é a ausência de diálogo entre as forças políticas e que esse problema deve ser resolvido após as eleições parlamentares marcadas para dezembro e de um possível recall em 2016. Requião fez parte de comissão de senadores que visitou a Venezuela em junho.

— A grande exigência da oposição era o estabelecimento das eleições, que foram marcadas para o dia 6 de dezembro. Dessa forma, eu quero dizer que nos desincumbimos dessa tarefa sem nenhum problema — disse o senador.

O chamado recall é previsto na Constituição da Venezuela na metade do mandado do presidente, que, no caso de Nicolas Maduro, se dá em 2016. Para que haja esse referendo, são necessárias as assinaturas de 20% dos eleitores do país. O referendo, segundo Requião, pode derrubar um governo.

O senador disse ao Plenário não ter encontrado dificuldade de acesso ao país vizinho. A primeira comissão, que visitou o país uma semana antes com a intenção de conversar com presos políticos, não conseguiu cumprir a missão. A van que conduzia os senadores foi parada por manifestantes e os senadores tiveram que retornar ao aeroporto. A ida de uma segunda comitiva, chamada por senadores oposicionistas de “chapa branca”, gerou críticas dos senadores na ocasião.

Críticas

O relatório de Requião gerou protestos de senadores oposicionistas. O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), disse considerar positivo o fato de as eleições serem marcadas. Ainda assim, afirmou que há razões para se preocupar com o país vizinho. Ele citou casos como o da cassação da deputada María Corina Machado, uma das líderes da oposição.

— Nós todos deveremos trabalhar para que o governo brasileiro, no âmbito da Unasul, faça valer a sua força política, faça valer a sua força moral, faça valer a sua tradição democrática e aja efetivamente no sentido de trabalhar, no sentido de fazer com que o governo venezuelano abra os olhos para essa situação, abra as cadeias, permita que todos participem das eleições — disse.

Para o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), que estava na primeira comitiva de senadores em visita à Venezuela, causa estranheza o depoimento de Requião sobre a normalidade naquele país. O senador disse que vê com tristeza essa posição, já que a primeira comitiva de senadores não foi bem recebida no país vizinho. O senador defendeu um compromisso com o Senado, que foi desrespeitado na Venezuela.

— A maneira como fomos recebidos mostra exatamente um desrespeito completo à instituição Senado Federal. A grosseria, a irresponsabilidade, a agressão, a violência, o desrespeito, não eram aos senadores que ali estavam. Nós estávamos em missão oficial — alertou.

Aécio Neves (PSDB-MG), que também fez parte da primeira comissão, disse acreditar que o debate sobre a situação da Venezuela já é um atestado de que não há situação de normalidade naquele país. Ele disse que essa “normalidade” de que fala Requião não é algo que gostaríamos de viver no Brasil.

Diferença de propósitos

A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) defendeu a segunda comissão enviada à Venezuela, da qual fez parte. Para ela, o fato de a comissão ser bem recebida não foi por acaso. Segundo a senadora, o primeiro grupo de senadores não pediu autorização ao governo e não tinha uma agenda definida, ao contrário do segundo.

A senadora também defendeu a legalidade do processo que culminou com a cassação da deputada Corina e classificou como antidemocráticas as ações de alguns oposicionistas na Venezuela.

Aécio Neves, Aloysio Nunes e Sérgio Petecão (PSD-AC) contestaram a senadora. Petecão, integrante do grupo de senadores que fez a primeira visita, disse que o debate deve levar em conta a situação difícil da Venezuela, e não as afinidades políticas dos senadores.

Telmário Mota, integrante da segunda comissão, disse que a primeira já tinha uma tendência e que por isso não foi bem recebida. O senador defendeu a ida de uma comissão ao país vizinho em dezembro para acompanhar as eleições.

Lindbergh Farias (PT-RJ) classificou a segunda comitiva como equilibrada, já que os senadores conversaram tanto com opositores quanto com governistas. O senador disse que a posição do governo brasileiro é reconhecida como positiva mesmo por oposicionistas do país vizinho. O senador também defendeu uma comissão para acompanhar as eleições parlamentares em dezembro.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

Confira a íntegra do relatório.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
Related Post

Privacidade e cookies: Este site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com seu uso.