Principal delator da Lava Jato enrosca Aécio no Furnalão

Olha, eu dou razão aos que acusam o PT de tentar se defender apenas acusando os outros.

O PT se enroscou em escândalos de corrupção e não soube se defender adequadamente.

A política de hoje é como sempre foi, desde a Roma Antiga. Não basta ser honesto, tem de parecer honesto.

Justa ou injustamente, o PT está pagando um preço altíssimo, um preço político, moral e penal.

Vários de seus dirigentes mais importantes estão presos ou condenados.

Mas os adversários do PT precisam lhe fazer, ao menos, um elogio.

O governo não interferiu em nenhuma investigação, mesmo aquelas que inúmeros juristas e intelectuais denunciam como extremamente viciadas, promovendo uma série de arbítrios e uma notória seletividade penal.

Não interferiu, e todo mundo sabe a importância da autonomia e liberdade para que uma investigação possa seguir adiante.

A guerra contra a corrupção devastou politicamente o PT e o governo. É um fato. Ponto.

Mas a guerra não acaba aí. É preciso limpar todos os partidos, todos os governos, estaduais, municipais, legislativos, judiciário, ministério público, porque sabemos que há corrupção em toda parte, e não foi o PT que a inventou.

Há corrupção em hospitais, na reforma de estradas, nas aduanas, em todas as polícias, em toda a parte.

Vamos dar um exemplo.

Hoje o delator maior da Lava Jato, Alberto Yousseff, compareceu à CPI da Petrobrás e fez novamente acusações à Aécio Neves.

Disse que o seu sócio, José Janene, lhe confirmou que Aécio recebia propina de empresa ligada à Furnas.

Eu não acredito em delator, mas pau que bate em Chico precisa bater também em Francisco, não?

Se acusações de um delator contra um político, seja Dirceu, seja Eduardo Cunha, recebem tanta atenção da mídia, as acusações contra Aécio merecem também, certo?

Além disso, essa história de Furnas é bem antiga, e há uma série de fatos que a mídia sempre escondeu, a começar pela existência de inquéritos sobre o mesmo tema no Ministério Público. Onde estão esses inquéritos?

Refiro-me às investigações envolvendo a famigerada Lista de Furnas, a qual merecia também um apelido, como Furnalão.

Tem um modelo morta, que seria a operadora do esquema. Aliás, há mais de um assassinato nessa história.

Bem que a mídia, com seus centenas de repórteres que ainda não demitiu, podia correr atrás. Podia fazer uns infográficos também.

O Chico Caruso podia fazer umas charges.

Quando a coisa envolve tucanos, o segredo, lentidão e má vontade de procuradores, delegados, juízes e mídia é impressionante!

Se algum internauta generoso encontrar vídeo do Yousseff na CPI, hoje, acusando Aécio, favor publicar aí nos comentários.

[Já publicaram, obrigado! Segue aí abaixo].

Enquanto isso, dou o link para o primeiro vídeo com o depoimento de Yousseff, em que ele acusa Aécio de receber mais de 400 mil reais por mês (US$ 120 mil) de empresa ligada a um esquema com a Furnas.

***

No Diário do Centro do Mundo.

Em nome de sua cruzada moral, Aécio vai explicar a acusação de Youssef sobre Furnas.

Por Kiko Nogueira, em 25 ago de 2015.

Em meio aos exercícios de futurologia sobre o mês de agosto, as magas patológicas apostaram na derrocada do governo Dilma e esqueceram de Aécio Neves.

Deu no que deu.

Aécio termina o mês numa situação, na melhor das hipóteses, constrangedora. Embarcou enlouquecido no golpismo, com direito a uma participação especial de 25 minutos num protesto.

Calou-se sobre o amigo de ocasião Eduardo Cunha. Ou melhor, deu uma de joão sem braço.

“Todos os homens públicos, independente da função que ocupam – isso serve para o presidente da Câmara, para a presidente da República, para todos os eleitos e outros que ocupam funções pública -, têm que estar sempre prontos a responder às acusações, e é isso que se espera do presidente da Câmara dos Deputados para, a partir do momento em que apresente sua defesa, ele possa ser julgado”, disse, subitamente acometido de sobriedade.

A respeito do afastamento de Cunha, respondeu: “Essa é uma questão interna da Câmara dos Deputados na qual eu não interfiro”. Ora, como assim? Em outras questões internas de outras áreas ele interfere?

Na terça-feira, finalmente, o doleiro Alberto Youssef reafirmou, agora à CPI da Petrobras, que Aécio recebeu dinheiro de corrupção envolvendo Furnas.

“Eu confirmo por conta do que eu escutava do deputado José Janene, que era meu compadre e eu era operador dele”, disse Youssef.

Em nome de toda a cobrança pela ética e pela transparência, em nome da acusação de que Dilma “estabeleceu a mentira como método”, em nome de sua cruzada pelo impeachment, em nome dos votos que recebeu — Aécio certamente vai dar uma explicação sobre o depoimento de Alberto Youssef.

Setembro será a primavera de Aécio Neves.

Risos.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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