A nova armação contra Lula

Essa nova armação contra o filho de Lula e, logo, contra Lula é uma das mais grotescas que eu já vi nos últimos tempos.

E olha que a concorrência é braba.

(Na verdade, a armação contra Gilberto Carvalho é pior ainda. Tentam pegar ele porque acharam um papelzinho, onde um empresário anota a tentativa de tomar um café com Gilberto. E um dos empresários diz para levar “duas bonecas” para Carvalho -as bonecas eram mesmo para as duas filhas de Gilberto. Não era linguagem cifrada.)

Pegaram a Zelotes, enterraram toda a investigação original – centrada em tretar com o Carf para reduzir dívidas fiscais – numa gaveta e recomeçaram do zero, com uma coisa que não tem nada a ver, apenas para enfiar o Lulinha na história.

Razão? A empresa de Lulinha recebeu um dinheiro de uma das empresas pescadas na investigação da Lava Jato.

A empresa do Lulinha prestou um serviço, apresentou nota fiscal, ponto.

A mídia fica tentando enganar o povo em relação a valores, sobretudo a classe média udenista, que é miserável na alma, invejosa, problemática, truculenta, preconceituosa.

O filho do FHC ganha mais de R$ 15 milhões do governo federal para fazer uma feirinha na Alemanha, e a mídia vai pra cima de Lulinha, cuja firma organiza um campeonato nacional, porque ganhou quatro vezes menos por um serviço prestado para uma empresa privada.

É assim. Tucano pode ganhar milhões de dinheiro público, roubar à vontade, comprar voto.

Petista não pode trabalhar no setor público, nem no privado. Tem de perecer miserável no gueto de Varsóvia.

É muito preconceito!

As acusações – ridículas – contra Lulinha não tem nada a ver com sonegação fiscal ou Carf. A empresa do Lulinha pagou impostos pelos serviços que prestou, muito diferente do que fez Bradesco, RBS, Gerdau, Santander, etc.

Estão tentando vincular – acusação surreal – o recebimento do dinheiro pela empresa do Lulinha a uma medida provisória de Lula concedendo benefício fiscal para montadoras se instalarem em alguns estados.

Pelo menos, agora não mais poderão me acusar de paranoico, quando eu denuncio essas conspirações midiatico-judiciais. Elas mesmo estão se tornando tão contraditórias, que se autodenunciam.

A medida provisória de Lula foi iniciativa política de todos os partidos. Antônio Carlos Magalhães articulava isso desde 1999. Os tucanos foram os principais entusiastas da medida porque ela beneficiava estados governados pelo PSDB, sobretudo Goiás.

Quando foi votada no Congresso, a MP foi relatada por tucanos e demos, que se destacaram pela disciplina com que defenderam a aprovação da medida.

Lobistas tentaram vender um terreno no céu para as montadoras? Não sei, provavelmente sim, eles fazem isso o tempo inteiro, em todos os assuntos. E aí temos que ver o que é crime ou que é apenas o velho e inevitável lobby, que não é necessariamente corrupção – tanto que nos Estados Unidos é legalizado.

O que não podemos permitir é que juízes golpistas e partidários saiam emitindo ordens judiciais de sequestro de bens contra qualquer um, sem nenhuma base. Isso é uma profunda agressão à democracia, às liberdades individuais.

O princípio da nossa Constituição é a liberdade e a democracia, e não o arbítrio de juízes golpistas, reacionários e autoritários!

Eu fico pasmo com a hipocrisia dos nossos liberais. Quando o Estado se torna mais autoritário, quebrando sigilo até de advogados – coisa que nem a ditadura militar ousou – então a gente sente falta de um bom liberal para defender às liberdades civis em nosso país.

E onde os liberais estão?

Estão defendendo o golpe junto com os autoritários, ou seja, explorando o discurso hipócrita e fariseu da luta contra a corrupção, aliam-se aos inimigos da liberdade e da democracia.

Liberais ao lado de defensores da ditadura, eis o retrato patético da direita brasileira, provavelmente a mais provinciana, entreguista e ignorante do mundo.

Abaixo, o editor do blog, faz uns comentários em vídeo para o jornal da TVT sobre a nova armação contra Lulinha.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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