Artistas e intelectuais se insurgem contra o golpe

Em alguns minutos, um chamado para que artistas e intelectuais se manifestassem sobre o impeachment reuniu dezenas das mais importantes personalidades do país, e continua crescendo.

Isso é mais uma prova que o impeachment perdeu.

Até o momento, não há uma mísera lista de pessoas que apoiam o impeachment, enquanto os que protestam contra o impeachment já tem lista com os maiores juristas do país, uma outra com grandes artistas e escritores. Além de uma lista com 16 governadores, contra o impeachment.

Os golpistas fizeram uma manifestação com 15 pessoas no Leblon. Os que defendem a democracia colocaram ontem mais de cinco mil pessoas na Cinelândia.

Claro, os golpistas marcaram uma de suas manifestações coxinhas, organizadas por aquelas estranhas entidades que recebem recursos de empresas norte-americanas, para o domingo, dia 13.

Mas os anti-golpistas marcaram a sua também, para o dia 16.

O golpe, para ser bem sucedido, teria que ter unanimidade na sociedade. Não tem.

É um golpe feito com a marca de Eduardo Cunha, que já começou a usar suas manobras ilegais, com vistas a vencer ou vencer, e, se derrotado, ao menos prolongar ao máximo o golpe, esticando a crise política e, por conseguinte, a crise econômica, num esforço para manipular o sofrimento do povo em prol da ruptura democrática.

Os nomes mais ilustres do país estão se alinhando contra o golpe.

Por exemplo: Lira Neto, autor da já clássica biografia de Getúlio Vargas, dentre outros livros de grande repercussão nacional; Arrigo Barnabé, compositor; as atrizes Dira Paes, Letícia Sabatela, Betty Faria, Camila Pitanga; os cineastas Murilo Salles, Miguel Faria, Roberto Farias, Eliane Caffè, Renato Tapajós, Tata Amaral.

Fernando Morais, Eric Nepomuceno, José Roberto Torero, são alguns escritores de renome signatários do manifesto.

Além de Chico Buarque, naturalmente.

Gilberto Gil não está na lista, mas já se manifestou duramente, em evento realizado no Circo Voador, nesta segunda-feira, contra o golpe.

Miguel Nicolelis, um dos maiores cientistas do Brasil, está usando seu twitter (@MiguelNicoleis) contra o golpe.

A lista já saiu na Folha de São Paulo, sem destaque. O Globo, central do golpe, ainda tenta escondê-la.

***

Carta ao Brasil

Artistas, intelectuais, pessoas ligadas à cultura, que vivemos direta e indiretamente sob um regime de ditadura militar; que sofremos censura, restrições e variadas formas de opressão; que dedicamos nossos esforços de
forma obstinada, junto a outros setores da sociedade, para reestabelecer o Estado de Direito, não aceitaremos qualquer retrocesso nas conquistas históricas que obtivemos.

Independente de opiniões políticas, filiação ou preferências, a democracia representativa não admite retrocessos. A institucionalidade e a observância do preceito de que o Presidente da República somente poderá ser destituído do seu cargo mediante o cometimento de crime de responsabilidade é condição para a manutenção desse processo democrático.

Consideramos inadmissível que o país perca as conquistas resultantes da luta de muitos que aí estão, ou já se foram. E não admitiremos, nem aceitaremos passivamente qualquer prática que não respeite integralmente deste preceito.

8 de dezembro de 2015

Altamiro Borges, jornalista
André Klotzel, cineasta
André Vainer, arquiteto
Anibal Massaini, produtor de cinema
Antônio Grassi, ator
Antônio Pitanga, ator
Antonio Prata, escritor
Arrigo Barnabé, compositor
Bete Mendes, atriz
Beto Rodrigues, cineasta
Betty Faria, atriz
Camila Pitanga, atriz
Carolina Benevides, produtora de cinema
César Callegari, sociólogo
Chico Buarque, compositor, cantor, escritor
Claudio Amaral Peixoto, diretor de arte e cenografia
Cláudio Kahns, cineasta
Clélia Bessa, produtora de cinema
Conceição Lemes, jornalista
Dacio Malta, jornalista
Dira Paes, atriz
Eduardo Lurnel, produtor cultural
Eliane Caffé, cineasta
Eduardo Fagnani, economista
Emir Sader, sociólogo
Eric Nepomuceno, escritor
Felipe Nepomuceno, documentarista
Fernando Morais, jornalista e escritor
Francisco (Ícaro Martins), cineasta
Galeno Amorim, jornalista
Giba Assis Brasil, cineasta
Guiomar de Grammont, escritora e professora universitária
Hildegard Angel, jornalista
Isa Grinspum Ferraz , cineasta
Ivo Herzog, diretor do Instituto Vladimir Herzog
Izaías Almada, escritor
João Paulo Soares, jornalista
José de Abreu, ator
Jose Joffily, cineasta
José Miguel Wisnik, músico
Jose Roberto Torero, escritor
Letícia Sabatella, atriz
Lincoln Secco, professor da USP
Lira Neto, escritor
Lucas Figueiredo, jornalista e escritor
Lucy Barreto, produtora de cinema
Luiz Carlos Barreto, produtor de cinema
Marcelo Carvalho Ferraz, arquiteto
Marcelo Santiago, cineasta
Marcos Altberg, cineasta
Marema Valadão, poeta
Maria Rita Kehl, psicanalista
Marília Alvim, cineasta
Marina Maluf, historiadora
Marta Alencar Carvana, produtora
Martha Vianna, ceramista
Maurice Capovila, cineasta
Miguel Faria, cineasta
Murilo Salles, cineasta
Padre Ricardo Rezende, diretor da ONG Humanos Direitos
Paula Barreto, produtora de cinema
Paulo Betti, ator
Paulo Cesar Caju, jornalista
Paulo Roberto Feldman, professor da USP
Paulo Thiago, cineasta
Pedro Farkas, cineasta
Renato Tapajós, cineasta
Roberto Farias, cineasta
Roberto Gervitz, cineasta
Roberto Lima, dramaturgo e gestor cultural
Roberto Muylaert, jornalista
Romulo Marinho, produtor de cinema
Rosemberg Cariri, cineasta
Sebastião Velasco e Cruz, Cientista Político
Sergio Muniz, cineasta
Solange Farkas, curadora
Tata Amaral, cineasta

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
Related Post

Privacidade e cookies: Este site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com seu uso.