Golpistas derrubam líder do PMDB (mas ele pode voltar)

[s2If !current_user_can(access_s2member_level1) OR current_user_can(access_s2member_level1)]
Análise Diária de Conjuntura – 09/12/2015

A conjuntura política brasileira, em especial no congresso, me lembra cada vez mais uma pintura de Hieronymus Bosch.

Seres híbridos, bisonhos, grotescos, engalfinham-se em cenários infernais, com incêndios ao fundo.

Todo dia um golpe, uma reviravolta, uma surpresa, uma liminar judicial bombástica, uma prisão espetacular.

[/s2If]

[s2If !current_user_can(access_s2member_level1)]
Atenção, você não está logado como assinante. Para continuar a ler, você precisa fazer seu login como assinante (na coluna da direita; ou abaixo da seção de comentários, se você estiver lendo pelo celular). Confira aqui como assinar o blog O Cafezinho. Se já foi um assinante, temos promoções especiais. Qualquer dúvida, entre em contato com a Flavia, no assinatura@ocafezinho.com. [/s2If]

[s2If current_user_can(access_s2member_level1)]
Na sociedade, a primeira semana da batalha do impeachment está promovendo um massacre contra a oposição. Juristas, intelectuais, escritores, acadêmicos, artistas, governadores, as listas contra o golpe se sucedem ininterruptamente.

Os golpistas, por sua vez, se agarram cada vez mais às barras da saia de Eduardo Cunha, que promove todo o tipo de rasteira regimental para cumprir seus objetivos, como ficou bem claro com criação da figura da “chapa avulsa” para a comissão do impeachment e a instalação do voto secreto.

O grupo do PMDB ligado a Eduardo Cunha e ao impeachment conseguiu derrubar Leonardo Picciani e eleger Leonardo Quintão, um deputado de Minas lobista das mineradoras.

São pequenas vitórias parlamentares, regimentais, um tanto neutralizadas pela decisão do STF de suspender a tramitação do impeachment para ordenar o rito e evitar novas trapaças de Cunha.

O partido, contudo, está rachado. O grupo que derrubou Picciani conseguiu 35 assinaturas, num total de 66 deputados do partido, ou seja, apenas uma assinatura a mais.

Fontes de Brasília apostam que Picciani reverterá a votação em breve, após conseguir mudar o voto de alguns parlamentares.

Tudo pode acontecer, inclusive não acontecer nada.

Na votação de ontem para montar a Comissão do Impeachment, a chapa 1, mais governista, obteve 199 votos. É um número menor do que esperava o governo, mas todos esses números ajudam a montar um cenário mais realista sobre a força real do governo para derrotar o impeachment.

O governo precisa exatamente de 171 parlamentares. É um desafio bem grande para a oposição, que não tem esses votos.

Mas a batalha não vai poder durar muito tempo. A pressão dos agentes econômicos para uma solução rápida tem sido muito forte.

O apoio de 19 governadores ao manifesto contra o impeachment demonstra bem que a oposição caminha por águas turvas, ao fim das quais só encontrará um abismo.

Afinal, qual a perspectiva da oposição? Como pensa em governar o país após um processo de ruptura da legalidade?

Temer não tem condição de presidir o país, nem Cunha, nem ninguém que não tenha legitimidade dada pelas urnas, de maneira que o país entrará numa perigosa, caótica, imprevisível espiral de violência política e vazio institucional.

Me parece claro que esse espetáculo de horror e irresponsabilidade é o grande espantalho do crescimento econômico e dos investimentos.

No front econômico, as notícias não são boas: a inflação disparou em novembro, e atingiu dois dígitos em 12 meses.

O golpômetro está bem alto, e instável, sobretudo porque paira no ar, silenciosa e terrível, a ameaça do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Do jeito que o clima anda, prenhe de surpresas terríveis, já não parece absurdo imaginar que o TSE pode cassar o mandato de Dilma através de um ato repentino e arbitrário, aprofundando ainda mais a crise política, visto que haveria cassação da chapa e não saberíamos quem assumiria o poder: seria o caos.

Mas a cada dia, sua agonia. O que nos espanta é ver como o governo não aprende a se comunicar. Já era tempo dele montar um dossiê público de defesa contra as acusações do TSE, em vídeo, texto, áudio, para cegos, para surdos, em desenho animado.

Os tribunais nunca foram tão sensíveis à opinião pública, e isso é um problema porque não se sabem ao certo quem é a opinião pública, de maneira que a mídia amplia seu poder de manipulação não apenas influenciando a opinião pública, mas recortando esta opinião pública, dando voz a apenas uma pequena parcela desta.

Entretanto, as redes sociais nunca foram tão caóticas e intensas. As pessoas tem procurado, efetivamente, fontes diversas de informação. Se eles conseguirem dar um golpe, como vão controlar as denúncias? Irão censurar blogs, redes sociais, prender e torturar pessoas?

A fanpage do Cafezinho já está alcançando mais de 10,4 milhões de pessoas, em sete dias.

[/s2If]

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
Related Post

Privacidade e cookies: Este site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com seu uso.