O surrealismo político de Eduardo Cunha

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Análise Diária de Conjuntura – 10/12/2015.

Insisto na comparação da nossa conjuntura política com as pinturas de Bosh, cujo talento é um dos mistérios da idade média. Insisto porque me acalma.

Quero acreditar que o grotesco, a violência política, a ignorância travestida de informação jornalística, a intolerância radical, o ódio de classe, perfazem um cenário perfeito para que algum artista, algum intérprete genial do nosso tempo, o transforme em obras-primas tão voluptuosas, sarcásticas e originais como a do pintor flamengo.

Kátia Abreu despejou uma taça de vinho no rosto de José Serra, em jantar na casa do senador Eunício Oliveira, realizado ontem à noite. Menos mal que ainda ocorrem cenas hilárias na república.

Nem tudo é engraçado, porém.[/s2If]

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Um terço dos deputados que querem julgar o impeachment de uma presidente da república sem nenhuma mácula na justiça são investigados, eles sim, por acusações criminais de gravíssimo nível.

O conselho de ética que investiga o presidente da Câmara dos Deputados tem sido manipulado descaradamente pelo próprio presidente da Câmara, que tem conseguido adiar, dia após dia, as sessões.

E agora, o presidente da Câmara, o indefectível Eduardo Cunha, anuncia que não haverá debates em plenário até que o STF julgue a causa do impeachment. O ministro Edson Fachin paralisou o processo, aceitando reclamação do PCdoB, de que Cunha estava manipulando os ritos.

A Fundação Getúlio Vargas divulgou hoje o seu índice de inflação, o IGP-M, para os dez primeiros dias de dezembro (na verdade, o intervalo apurado compreende os dias 21 a 30 de novembro): 0,44%, forte queda sobre os 1,31% registrados em igual período do mês anterior.

A queda foi puxada pelos preços para o produtor, que caíram, e pelo índice das matérias-primas, que experimentaram deflação no período.

O índice para o consumidor (IPC), o que afeta mais diretamente a vida do cidadão, registrou suave alta de 0,73%, contra 0,62% no mês anterior – mas a tendência do IPC é seguir a tendência dos índices mais primários e cair também.

A OCDE – Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento – divulgou há pouco um longo documento sobre o Brasil, no qual oferece estratégias para superação das dificuldades atuais. Talvez valha a pena dar uma olhada nisso.

A conjuntura permanece confusa, instável. Várias espadas ainda pendem sobre a cabeça do governo. O que decidirá o TSE? A Lava Jato vem com nova onda de prisões espetaculares?

A delação de Nestor Cerveró apimentou um pouco o debate sobre a Lava Jato, porque incluiu o período tucano. Cerveró disse que Delcídio do Amaral, o senador petista preso há algumas semanas, recebia propinas milionárias na época em que era diretor da Petrobrás, quando Delcídio era um indicado tucano trabalhando sob as orientações do governo do PSDB.

Não é nada que isente o PT de ter aceito Delcídio entre seus quadros, mas qualquer informação que prove o óbvio, que a corrupção não se iniciou com o PT, mas sempre existiu é bem vinda (e só agora está sendo devidamente combatida, mas isso não vem ao caso).

A mídia rapidamente tratou de dar espaço para FHC se defender, e ele o fez, alegando que Delcídio “roubava sozinho”. Lenga lenga. A política brasileira sempre foi financiada. A emenda da reeleição foi a maior fraude da nossa história recente, não apenas porque foi uma eleição comprada, e com testemunhos, mas porque o presidente da república mudou a lei com o jogo em andamento, para benefício próprio.

No próximo domingo, 13, acontecem as manifestações pró-golpe. Segundo fontes variadas, os coxinhas não estão conseguindo mobilizar tanta gente como em ocasiões anteriores, apesar do forte investimento financeiro e tecnológico que estão fazendo.

No dia 16, é o dia da luta contra o golpe.

Enfim, o ano vai se encerrando sob fortes emoções: Cunha vai cair, será preso, quando? O que o STF decidirá sobre a comissão do impeachment? Picciani conseguirá voltar à liderança do PMDB?

Aliás, sobre este último assunto, a fofoca que rola em Brasília é que os aliados de Cunha e Temer ameaçaram Pedro Paulo, secretário de Eduardo Paes, que tinha se licenciado da prefeitura para assumir seu cargo como deputado, numa estratégia para fazer Picciani recuperar a liderança. A ameaça teria consistido em usar as denúncias contra Pedro Paulo, de agredir sua ex-esposa, para inviabilizar sua candidatura à prefeito no ano que vem. A ameaça parece ter surtido efeito, mas é improvável que Picciani desista no primeiro revés.

A única conclusão que podemos tirar de toda essa balbúrdia é que os golpistas, apesar de estarem fortes, não tem, nem de longe, consenso em lugar nenhum: não tem juristas, não tem artistas, não tem intelectuais, não tem votos na Câmara.

E Lula está no exterior denunciando o golpe.

Mas os golpistas tem força, e diversas armas engatilhadas. Eles contam com: a impopularidade de Dilma, em grande parte derivada de sua impressionante falta de jeito para falar, articular, negociar; a piora da situação econômica; manifestações coxinhas; manobras regimentais no processo de impeachment da Câmara; a postura hostil e pusilânime do Judiciário; manipulação da mídia; além das conspirações judiciais.

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Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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