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Wadih: não foi condução coercitiva; foi sequestro.

Na Carta Capital. Entrevista – Wadih Damous “Há um golpe de Estado em curso” Ex-presidente da OAB do Rio, deputado petista vê na Lava Jato uma “ação orquestrada” para derrubar o governo e inviabilizar Lula em 2018 por Rodrigo Martins — publicado 04/03/2016 11h48, última modificação 04/03/2016 12h23 “Temos uma tradição de golpes em nosso […]

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Na Carta Capital.

Entrevista – Wadih Damous

“Há um golpe de Estado em curso”

Ex-presidente da OAB do Rio, deputado petista vê na Lava Jato uma “ação orquestrada” para derrubar o governo e inviabilizar Lula em 2018

por Rodrigo Martins — publicado 04/03/2016 11h48, última modificação 04/03/2016 12h23

“Temos uma tradição de golpes em nosso País, mas também de resistência”, diz Wadih Damous

Ex-presidente da OAB do Rio de Janeiro e deputado federal pelo PT, Wadih Damous considera ilegal a 24ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada na manhã desta sexta-feira 4. Para o parlamentar, não há justificativa jurídica para a condução coercitiva de Lula, porque o ex-presidente jamais se recusou a comparecer em juízo. “Lula foi sequestrado pela PF, a mando da República do Paraná”, enfatiza.

Em entrevista a CartaCapital, Damous também questiona a competência da jurisdição de Curitiba para investigar Lula, além de apontar uma “ação orquestrada” para derrubar o governo, inviabilizar a candidatura do ex-presidente em 2018 e cassar o registro do PT. “É um golpe”.

CartaCapital: A 24ª fase da Lava Jato tem como alvo o ex-presidente Lula. Causou surpresa a operação da Polícia Federal na manhã de hoje?

Wadih Damous: Nenhuma surpresa. Quero ser objetivo: há um golpe de Estado em curso. Não um golpe patrocinado pelos militares, como ocorreu em 1964. É patrocinado pelo sistema judicial brasileiro, através de um obscuro juiz do Paraná, que está colocando as instituições democráticas de joelhos. Não é correto falar que a PF fez uma condução coercitiva do ex-presidente. Isso só se justifica quando alguém é intimado a comparecer em juízo e se rebela, não vai. Nesse caso, houve um sequestro. Lula foi sequestrado pela PF, a mando da República do Paraná.

CC: Então a condução coercitiva não se justifica porque Lula jamais se recusou a prestar depoimento. É isso?

WD: Exatamente, embora é preciso enfatizar que todos esses depoimentos nunca visaram esclarecer as coisas a bem da Justiça. O objetivo é constranger o ex-presidente Lula. Até o momento, esse é o passo mais importante e ousado para o golpe. No próximo dia 13, teremos mais uma vez a Marcha da Família com Deus, a exemplo do ocorrido em 1964. Então, temos de evocar João Goulart, Getúlio Vargas, que estão redivivos na figura de Lula. Há um golpe em curso no País.

E mais: há uma estratégia por trás da República do Paraná, por trás das ações do juiz Sérgio Moro. Querem macular indelevelmente a imagem do ex-presidente e inviabilizar sua candidatura em 2018, que é o maior temor da oposição. Essa estratégia passa pela cassação do mandato da presidente Dilma Rousseff e pela cassação do registro do Partido dos Trabalhadores. O juiz Lava Jato criou uma estratégia processual.

Associado com a turba de 13 de março e com os grandes meios de comunicação, ele quer forçar o Supremo Tribunal Federal a fixar competência de Curitiba nas investigações.

CC: O presidente Lula não deveria estar sob a jurisdição de Curitiba?

WD: De jeito nenhum. Essa farsa de Atibaia e do Guarujá é da competência do Ministério Público e da Justiça de São Paulo, se for o caso. Não da Justiça de Curitiba. Perceba o movimento orquestrado. Na quinta, vazam trechos da suposta delação de Delcídio do Amaral. Esse panfleto desqualificado, de nome IstoÉ, antecipa sua edição com essa história, mas acabei de receber a informação de que o senador Delcídio soltou uma nova nota desmentindo, de forma peremptória, o conteúdo dessa delação. Não há nenhum cuidado com a informação.

CC: O senhor acredita que haverá reação nas ruas em defesa de Lula?

WD: Sem dúvida. Golpe se barra nas ruas. Eles estão nos testando. Vamos sequestrar o Lula e ver qual será a reação. Se não houver, o próximo passo será a prisão. Mas eles vão se surpreender. Mesmo as novas gerações sabem pelas gerações passadas que golpe se faz assim, como está ocorrendo no Brasil hoje. Temos uma tradição de golpes em nosso País, mas também de resistência. E ela se dará nas ruas, tenha certeza.

CC: O episódio reacende o debate do impeachment no Congresso?

WD: Sim, a intenção é essa também. Essa é a hora do adeus às ilusões. Mesmo dentro do PT, muita gente estava iludida com a legalidade, com o Estado Democrático de Direito, com o Republicanismo, agora vê o que representa isso. Eu só espero que a conduta da Polícia Federal, do Ministério Público e da República do Paraná seja investigada. Tem de haver um enfrentamento às ilegalidades praticadas pela Lava Jato.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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