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Grande mídia é uma ameaça à democracia no Brasil

Foto: Mídia NINJA Parcialidade da grande imprensa ameaça democracia brasileira, dizem especialistas Na RFI A controversa cobertura da crise política brasileira pelos maiores meios de comunicação do país está no alvo de críticas de especialistas e profissionais da mídia. Para os jornalistas ouvidos pela RFI, não há dúvidas sobre a parcialidade da cobertura do processo […]

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Foto: Mídia NINJA

Parcialidade da grande imprensa ameaça democracia brasileira, dizem especialistas

Na RFI

A controversa cobertura da crise política brasileira pelos maiores meios de comunicação do país está no alvo de críticas de especialistas e profissionais da mídia. Para os jornalistas ouvidos pela RFI, não há dúvidas sobre a parcialidade da cobertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff que, além de resultar na falta de credibilidade da informação, ameaça a própria democracia do Brasil.

“Alguns órgãos de comunicação, como a revista Veja e a Rede Globo, demonstraram um engajamento claro na defesa do impeachment, o que, em alguns momentos, transformou o jornalismo destes grupos em verdadeiros panfletos”, avalia o professor Dennis de Oliveira, chefe do Departamento de Jornalismo e Editoração da Escola de Comunicação e Artes da USP (ECA-USP).

Para ele, a visão “panfletária” da grande imprensa tem contribuído para se deslegimitar e acirrar ainda mais a opinião pública. “Nesse debate sobre a crise há ofensas, agressões, acusações, mas não verdadeiros argumentos. Então, a longo prazo, a credibilidade dos jornalistas pode, sim, ser afetada. Mas, o mais grave é a que a grande mídia prejudica, desta forma, a democracia brasileira”, analisa.

O país dos trinta Berlusconis

A parcialidade da grande mídia na cobertura do processo de impeachment de Dilma Rousseff é algo que vem preocupando organizações que militam pela liberdade de imprensa, como a ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF). Na edição deste ano de sua Classificação Mundial de Liberdade de Imprensa, o Brasil, que aparece em 104° lugar entre 180 países, é lembrado como a nação onde os maiores meios de comunicação seguem nas mãos de poderosas famílias próximas da classe política.

 Em 2013, em um relatório sobre os desequilíbrios e obstáculos dos meios de comunicação brasileiros, a ONG descreveu o Brasil como “o país dos trinta Berlusconis” que “dominam as plataformas de comunicação de todo o território” e impedem que “os meios de comunicação sejam independentes dos centros de poder”.

Ao comentar a posição do Brasil no ranking de 2016, a ONG diz que o tratamento que os meios de comunicação deram à crise política no país mostra que “os principais meios convidaram sua audiência de maneira dissimulada a ajudar na queda da presidente Dilma Rousseff”.

“Percebemos uma clara distorção no tratamento da informação e uma falta de objetividade evidente que contribuíram para a polarização da sociedade”, diz o chefe do Departamento América Latina da RSF, Emmanuel Colombié. Para ele, é inegável que a cobertura da crise política pelas grande imprensa brasileira é direcionada à saída de Dilma Rousseff da presidência.

Para Colombié, isso vai até mesmo de encontro ao principal dever do jornalismo, que é informar. Ele lembra, por exemplo, que na semana que antecedeu a votação da abertura do processo de impeachment na Câmara dos Deputados, uma pesquisa do Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas de Acesso à Informação da USP, revelou que três das cinco matérias mais compartilhadas por brasileiros no Facebook eram falsas. “Isso mostra a desinformação da própria população sobre o que acontece no Brasil, o que é um verdadeiro perigo para a democracia”, conclui.

Jornalismo pode ser imparcial?

Ao contrário de boa parte dos veículos internacionais, como os grandes jornais franceses Le Monde, Le Figaro e Libération, no Brasil, os grandes meios de comunicação ainda defendem a ideia de que fazem jornalismo imparcial. Um conceito inexistente, para o jornalista Carlos Castilho, do Observatório da Imprensa. “Não existe isenção absoluta no jornalismo. Por outro lado, é possível fazer uma cobertura equilibrada”, defende.

Castilho acredita que seja difícil desconstruir esse antigo discurso do jornalismo, que data de antes do advento da internet, no qual ouvir “os dois lados” de cada história era suficiente para justificar a objetividade. “Mas hoje já não podemos fazer isso porque, em cada história, temos muitos lados. O que acontece é que o jornalismo ainda não se adaptou a essa nova realidade”, ressalta.

A falta de reflexão nas redações

Na semana passada, em editorial, o jornal francês Le Monde se questionou se sua cobertura sobre a crise na política brasileira estava apenas ecoando os principais jornais do Brasil. A dúvida surgiu depois que o diário recebeu dezenas de cartas de brasileiros e franceses vivendo na França e no Brasil, criticando a parcialidade da correspondente no país, Claire Gatinois.

Le Monde também reconheceu e lamentou que o editorial de 31 de março, intitulado “Brésil: ceci n’est pas un coup d’Etat” (Brasil: isto não é um golpe de Estado, em tradução livre), não tenha sido equilibrado, em especial por ter omitido que os apoiadores do impeachment são acusados de corrupção, a começar por Eduardo Cunha, presidente da Câmara, assim como por não ter considerado suficientemente a parcialidade da imprensa nacional.

No Brasil, essa reflexão dentro das redações está longe de acontecer. Os próprios jornalistas percebem que falta uma discussão mais aprofundada sobre o trabalho que desempenham. “Institucionalmente, as reflexões não têm sido críticas. Poucos veículos têm abordado essa questão. Alguns, mais ligados à esquerda, como a Carta Capital, fazem uma crítica maior em relação a esta cobertura. Mas, obviamente, cada veículo segue o que estabelece sua linha editorial”, diz o sub-editor de Política do site G1, Fabiano Costa.

Fora do espectro dos grandes grupos de comunicação, meios independentes parecem ser os únicos a marcarem sua posição, como explica a repórter Katia Passos, do Jornalistas Livres. “Eu diria que mais do que um apoio, as grandes mídias estão patrocinando um golpe de Estado no Brasil. Lutar contra isso e desconstruir o discurso delas é uma tarefa muito difícil. Mas o poder de alcance que têm é tão grande que encontramos muitas dificuldade para chegar ao mesmo patamar dessa mídia golpista”, diz.

A repórter ressalta a tradição dos brasileiros de se informar unicamente pela imprensa tradicional e a influência que a televisão ainda exerce no público. Além disso, ela nota a falta de reflexão da população sobre a informação que consome, independentemente da classe social à qual pertence. “Em qualquer matéria da revista Veja que fale sobre o processo de impeachment, por exemplo, as pessoas fazem comentários horrorosos, preconceituosos, sexistas. Isso acontece justamente porque as pessoas acreditam naquela informação sem raciocionar. E isso demonstra também uma falta de responsabilidade muito grave das grandes mídias, que incitam esse tipo de comportamento”, conclui Passos.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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MZ

29/04/2016 - 20h31

O PT chegou ao poder porque o povo não aguentava mais pagar o pato dos que querem dar o golpe hoje para voltar ao poder. Com a sempre promessa de esperar o bolo crescer, mas o bolo diminuiu com FHC, o PIB caiu em dólar, vendemos a preço de banana nossas estatais, o dinheiro sumiu, o povo ficou mais pobre, o país estava cheio de miseráveis passando fome, cheio de trabalhadores escravos no campo, baixa estima, sem o direito de comprar uma geladeira, tv, carro, ter uma casa nem pensar. Hoje queremos mais escola de qualidade para todos e mais empregos.
O PT continuou no poder, apesar da mídia, porque promoveu o povo, valorizou os salários, os funcionários públicos, estes mesmos que agora tomam posições partidárias na função de estado. Mas foi traído pela base “aliada”, dormia com o inimigo. O congresso é este nível que vimos dia 17. Sabotou o governo dentro do próprio governo.

    William Robson

    30/04/2016 - 15h29

    Porque há menos fome no Brasil?

    Criar uma conta bancaria para as famílias carentes e depositar algum dinheiro foi muito mais eficiente que os programas anteriores de distribuir cestas básicas.

    Cansamos de ver comida apodrecendo em galpões por falhas na distribuição.

    O Governo FHC mudou essa situação.

    Não se esqueçam que Lula era contra esse tipo de programa de assistência aos mais pobres. [YouTube]

    E o IDH, a qualidade de vida?

    Comparar a expectativa de vida de 1995 com a de 1965 sem levar em consideração a realidade mundial nessas épocas limita nossa percepção.

    A tecnologia avançou muito.

    Em 1965 era muito difícil um pobre colocar marca passo, hoje é um procedimento um tanto comum no SUS.

    Mesmo o cara mais rico em 1965 não teria um marca-passo com a qualidade que temos hoje.

    Quero dizer que a qualidade de vida e expectativa de vida pode melhorar independente de algum Governo.

    O marca passo foi desenvolvido no “capitalista” Estados Unidos e impactou a expectativa de vida no mundo inteiro.

    ?????

    Comparemos o IDH do Brasil no Governo do PSDB e no do PT:

    Índice de Desenvolvimento Humano [IDH]

    A escala do IDH vai de 0 a 1 quanto mais próximo de 1, melhor o desempenho do país.

    GOVERNO FHC – Entre 1995 e 2002, o Brasil melhorou seu IDH de 0,753 para 0,789

    GOVERNO DILMA – O índice brasileiro é 0,744 — a média da América Latina é de 0,74 e a média mundial ficou em 0,702.

    Os dados foram divulgados em relatório do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) com base em números referentes ao ano de 2013.

    http://williamrobsonfilosofia.blogspot.com.br/2016/04/qualidade-de-vida-pt-vs-psdb.html

    ______________________

William Robson

29/04/2016 - 19h20

Como o PT chegou ao poder se a mídia é tão decisiva na opinião dos brasileiros?

Até 2014 a mídia foi petista?

    renato andretti

    29/04/2016 - 21h01

    A Midia chefiada pela GLOBO..
    (Band, SBT, Record, JPan, e outros..)
    PERDERAM…
    Daí ficaram loucas..
    A gaiola virou, o alpiste entornou..a água vazou..
    Agora, ela esta tendo depressão pós eleição..
    O Tucano está querendo voar para longe..
    Mas esta com a anilha…escrito GOLPISTA..
    Se achar devolve para o POVO..
    O POVO vai colocar o TUCANO no Jardim ZOO..
    Que é para não procriar com os tucaninhos inocentes
    da MATA ATLÂNTICA..
    A GLOBO…esta e vai receber o dela….
    A Folha e o ESTADÃO….vão ter que comprar papel
    higiênico para produzir algo mais serio..
    Afinal..Jornais idôneos servem como documentos, a serem
    visitados por estudantes e historiadores..
    Que já classificaram tudo isto, como GOLPE..
    Os brasileiros já migram para a Mídia Internacional para
    verificar veracidade dos assuntos referentes ao GOLPE..
    E o PT sai agora dia 1º de maio, convocando aquele, que ainda
    não entrou na roda….
    O TRABALHADOR…até agora só os militantes sairam as ruas..

      Ita Marques

      29/04/2016 - 21h28

      Mas será que o povo já acordou? São informados pela Globo e os outros na mesma linha, então só vão se dar conta do que vai acontecer de retrocessos em suas vidas quando Inês já estiver morta e enterrada. Aí é só sentar no meio fio e chorar.

      William Robson

      30/04/2016 - 07h42

      Lula fez de tudo para “regulamentar/censurar” a mídia, ainda bem que o PMDB não deixou.

      O PMDB tem inúmeras falhas, mas ao menos respeita a DEMOCRACIA.

      Não há monopólio da mídia.

      Fazer TV custa caro, quem paga são os anunciantes…não tem tantos anunciantes para sustentar 10 grandes TVs abertas.

      Na Internet as pessoas só veem a Globo não sei porque!!!

      Aqui em casa pega a SBT, Band, Rede TV, Cultura, Record…e outras menores como Século 21 e Gazeta.

      Hoje em dia muitas pessoas tem TV a cabo, podem assistir até canais internacionais.

      Quem se acha tão “coagido” a assistir a Globo não está disposto a pagar 100 reais ou menos por um pacote básico de TV a cabo!?

      Fora isso tem a Internet que você acessa em qualquer celular de boa qualidade, onde você pode ver o presente e revirar o passado.

      Toda cidade mesmo pequena tem emissoras de rádio e jornais locais.

      PARECE QUE AS PESSOAS QUEREM QUE A GLOBO “INVENTE” NOTICIAS OU NÃO NOTICIE NADA QUE ELAS NÃO QUEIRAM OUVIR.

      A Globo não deveria falar sobre o Petrolão ou o caso Siemens do metro de SP?

      Qual emissora ou portal da Internet não falou sobre isso?

      A Globo não deveria falar sobre o massacre na França?

      A Globo não deveria falar nada sobre a Dilma mesmo ela sendo a dirigente maior do Brasil?

      A Globo deve ignorar crimes, ignorar debates sobre drogas, parar de passar filmes violentos, novelas, programas de auditório, futebol…

      A Globo deve passar só orquestras sinfônica e telecurso

      2º Grau.

      Globo Rural também pode desde que as vacas não apareçam com as tetas de fora…HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAAHAH!

      http://terapiadalogica.blogspot.com.br/2013/07/odio-globo.html

      ____________________________


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