O MBL faz o teste de QI do ano: manifestações a favor da Lava-Jato e sem “Fora Temer” ou “Fora PMDB” são possíveis?

Por Tadeu Porto (@tadeuporto), colunista do Blog O Cafezinho*

Vamos ter uma bela oportunidade de separar, na data da próxima mobilização do Movimento Brasil Livre, aqueles brasileiros e brasileiras que tem uma capacidade cognitiva um pouco maior, daquelas que conseguem montar um quebra cabeça de 48 peças.

Bem, os liberais decidiram se mexer e vão as ruas protestar novamente. Todavia, por incrível que pareça, eles decidiram poupar o governo interino – e golpista – e não levar palavras de ordem como “Fora Temer ou PMDB”. A mobilização, que é legítima apesar de não fazer sentido para mim, será, mais uma vez, pelo impeachment com a adição de lutar “pela Lava-Jato”.

Oras… Com esse movimento, o MBL lança um grande desafio lógico para a galera verde e amarela que deseja ir as ruas combater a corrupção: tentar descobrir como é possível lutar pela ética e pela moral poupando mais da metade do nosso sistema político. Destaco, aqui, pelo menos dois motivos pelos quais essa ação é sem sentido:

Em primeiro lugar, porque o governo Temer lança mão de uma agenda ultraconservadora que nenhum liberal esclarecido aceitaria. Não obstante a ter um ministro que quer fazer do Brasil algo semelhante aos EUA dos anos 20, com algum tipo de “lei seca” e um o combate as drogas que beira a pré história, temos também outro ministro que libera aumento para os planos de saúde – sem falar hora alguma de quebra do oligopólio no setor – e um secretário de inclusão digital e internet que auxiliará outro oligopólio, o das telecomunicações, com a inevitável limitação dos planos da internet. Ou seja, a equipe interina não aponta sequer alguma sinalização concreta sobre competição real na economia brasileira.

Além do mais, é difícil acreditar que algum tipo de libertário conte com o apoio explícito de setores fundamentalistas, bem representados por Feliciano, Malafaia e Cunha, que desejam pautar projetos de leis baseados em dogmas religiosos, como Temer tem usado e abusado.

E em segundo lugar, por que parece impossível, depois dos fatos colocados na mesa, fazer um ato em favor da Lava-Jato sem responsabilizar o PMDB, afinal, o presidente do partido foi pego em áudio manifestando o desejo de estancar “a sangria” das investigações e foi afastado do cargo por conta disso. Ademais, a Procuradoria Geral da República pediu a prisão de quatro figuras importantes do partido (vejam bem, não é simplesmente aparecer em delação é um pedido de prisão do PGR) num inquérito dentro da operação que os amigos de Kim Kataguari e companhia procura defender nas ruas.

Honestamente alguém em sã consciência acha que é possível uma coisa dessas? Não há explicação sensata em se protestar contra a corrupção atacando um só partido (dentre os quase 30 que temos no congresso) e poupar outros que estão visceralmente ligado às investigações.

Mas vejamos…

Talvez seja até coincidência, entretanto vale abstrair um pouquinho aqui: será que o MBL poupa, vergonhosamente, o PMDB e o *PSDB* das suas mobilizações pois utilizam as “máquinas partidárias” destas instituições?

*[ só para lembrar que pedir a cassação do Senador Aécio “o mais vulnerável” Neves e a prisão de FHC “o maior propina da Petrobrás” não é proibido]*

Algo do tipo, existe alguma possibilidade do MBL ter o ligações antiéticas com esses partidos e, por isso, não vemos manifestações de ruas contra os tucanos e os pmdbistas?

Ou melhor: o que está faltando para os paladinos da moral libertária estamparem em seus carros de sons (alugados com dinheiro de venda na lojinha) o “Fora Temer” e o “Fora PMDB?

Tá aí o grande desafio no momento! Solucionar esse puzzle tão complicado quanto uma Torre de Hanói de três discos. Como será que os coxinhas vão se sair?

*Tadeu Porto é diretor do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (SindipetroNF).


Tadeu Porto: Petroleiro e Secretário adjunto de Comunicação da CUT Brasil
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