A 33ª fase da Lava Jato é mais do mesmo: ataque à soberania nacional e viés político escancarado

Charge: Pataxó

por Pedro Breier, correspondente policial do Cafezinho

Foi deflagrada hoje a 33ª terceira fase da Operação Lava Jato, batizada de ‘Resta Um’, com a expedição de 23 mandados de busca e apreensão, 6 de condução coercitiva, 2 de prisão preventiva e 1 de prisão temporária.

O foco desta fase é a construtora Queiroz Galvão. As obras investigadas envolvem contratos no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, nas refinarias Abreu e Lima, Vale do Paraíba, Landulpho Alves e Duque de Caxias.

A operação provavelmente manterá seu modus operandi, o que significa que serão paralisadas as refinarias e destruídos milhares de empregos.

Muitas das obras nas refinarias já estavam paralisadas, inclusive, por conta da Lava Jato. A Abreu e Lima era uma obra de suma importância estratégica para o desenvolvimento do nordeste.

Com o pretexto de combater a corrupção, destrói-se a economia nacional.

A Lava Jato age como um elefante em uma loja de cristais. Mas um elefante que sabe muito bem o que está fazendo.

Essa nova fase é a continuação do ataque empreendido pela operação à soberania energética do Brasil.

Os projetos das refinarias brasileiras são os maiores da América Latina e possuem, além de uma notável importância econômica, um valor político inestimável. O Brasil poderia parar de vez de importar gasolina e passar a exportar para o mundo.

E aí a simbiose entre Lava Jato, mídia e o governo golpista fica bem clara (o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima falou hoje sobre “a importância da mídia para o sucesso da Lava Jato”).

A visão estreita/vendida dos nossos plutocratas e seus testas de ferro quer manter o Brasil como a colônia que sempre foi: exportadora de commodities e importadora de produtos com maior valor agregado, como os derivados do petróleo, que gerariam muito mais riqueza e empregos qualificados caso fossem produzidos no país.

Em entrevista, o delegado Igor Romário de Paula disse que o nome ‘Resta Um’ “de forma alguma indica encerramento da Lava Jato, mas uma referência à última grande empreiteira que faltava na investigação da formação de cartel, corrupção, dentre outros crimes na Petrobras”.

A explicação oficial não convence.

O objetivo escancarado da Lava Jato, após atingir a meta de derrubar o governo, é prender Lula ou ao menos torná-lo inelegível para as eleições de 2018.

A condução coercitiva ilegal e midiática, a divulgação ilegal de grampos telefônicos para provocar agitação política, as investigações ridículas sobre a reforma em um sítio e a compra de um apartamento no Guarujá não deixam dúvidas quanto a isso.

Inclusive o nome da operação que investigou o tal apartamento era “Triplo X”, referência ao tríplex do Guarujá. A Lava Jato nem faz questão de esconder seu objetivo.

Tudo indica, portanto, que o nome “Resta Um” é uma ameaça e um escárnio dirigido ao ex-presidente. Ainda mais logo após Lula recorrer à ONU para barrar os arbítrios de Sérgio Moro.

Fatos envolvendo o próprio delegado Igor de Paula também colaboram para que a Lava Jato seja vista como uma operação com viés político definido.

Leia esse trecho de uma matéria do Uol sobre a ação que o delegado moveu contra o Google e o Facebook para censurar perfil crítico à sua atuação:

Nas eleições de 2014 ele (delegado Igor de Paula) costumava pedir votos para o então candidato Aécio Neves, em páginas de redes sociais fechadas ao público geral. Além disso, participava de uma comunidade cujo símbolo era uma caricatura da presidente Dilma Roussef (PT), com dois grandes dentes para fora da boca e coberta por uma faixa vermelha na qual estava escrito “Fora PT!”.

Como não questionar a isenção do delegado se este faz campanha fervorosa para Aécio Neves, o qual é posteriormente citado por um incontável número de delatores e não é nem chamado para depor?

A discrepância de tratamento a políticos do PT e do PSDB é gritante.

Tudo fica ainda mais sinistro quando percebemos que a operação serve muito bem ao jeito tucano de governar, também adotado pelo atual presidente ilegítimo.

Se por um lado a Lava Jato investe contra a soberania nacional através da destruição das grandes empresas brasileiras, por outro o governo PMDB/PSDB vende patrimônio público a preços módicos.

Enquanto Sérgio Moro recebe prêmios nos EUA e os procuradores do MPF vão trocar informações com os americanos sobre a Petrobras, Temer cumpre a promessa de Serra à Chevron e começa a entrega do pré-sal. Serra, por sua vez, adota uma política diplomática submissa aos Estados Unidos, a qual seria extremamente burra não fosse simplesmente desonesta.

A Lava Jato não tem nada a ver com justiça ou combate à corrupção.

Trata-se de uma operação com todas as características de uma polícia política, típica de regimes autoritários.

Uma polícia política que serve aos interesses estrangeiros e dos nossos entreguistas de sempre.

 

 

 

 

 

 

 

 

Pedro Breier: Pedro Breier nasceu no Rio Grande do Sul e hoje vive em São Paulo. É formado em direito e escreve sobre política n'O Cafezinho desde 2016.
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