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Golpe ‘made in USA’: Queda de Dilma foi ordenada por Wall Street?

no Sputnik News Em artigo publicado pela primeira vez em junho, mas reeditado neste 1º de setembro, um dia após a consumação do impeachment no Brasil, o renomado professor e economista canadense Michel Chossudovsky explica por que a queda de Dilma foi ordenada por Wall Street e tenta desmascarar “os atores por trás do golpe”. […]

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no Sputnik News

Em artigo publicado pela primeira vez em junho, mas reeditado neste 1º de setembro, um dia após a consumação do impeachment no Brasil, o renomado professor e economista canadense Michel Chossudovsky explica por que a queda de Dilma foi ordenada por Wall Street e tenta desmascarar “os atores por trás do golpe”.

“O controle sobre a política monetária e a reforma macroeconômica eram os objetivos últimos do golpe de Estado. As nomeações principais do ponto de vista de Wall Street são o Banco Central, que domina a política monetária e as operações de câmbio, o Ministério da Fazenda e o Banco do Brasil”, diz o artigo, ressaltando que, desde o governo FHC, passando por Lula e Temer, Wall Street tem exercido controle sobre os nomes apontados para liderar essas três instâncias estratégicas para a economia brasileira.

“Em nome de Wall Street e do ‘consenso de Washington’, o ‘governo’ interino pós-golpe de Michel Temer nomeou um ex-CEO de Wall Street (com cidadania dos EUA) para dirigir o Ministério da Fazenda”, diz o artigo, referindo-se a Henrique Meirelles, nomeado em 12 de maio.

Como observa o artigo, Meirelles, que tem dupla cidadania Brasil-EUA, serviu como presidente do FleetBoston Financial (fusão do BankBoston Corp. com o Fleet Financial Group) entre 1999 e 2002 e foi presidente do Banco Central sob o governo Lula, entre 1º de janeiro de 2003 e 1º de janeiro de 2011.

Antes disso, o atual ministro da Fazenda, que volta ao poder sob o governo Temer após ter sido dispensado por Dilma em 2010, também atuou por 12 anos como presidente do BankBoston nos EUA. Já o atual presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, nomeado por Temer em 16 de maio, tem dupla cidadania Brasil-Israel e foi economista-chefe do Itaú, maior banco privado do Brasil. Segundo o artigo, Goldfajn “tem laços estreitos tanto com o FMI [Fundo Monetário Internacional] quanto com o Banco Mundial”.

“Goldfajn já havia trabalhado no Banco Central sob Armínio Fraga, bem como sob Henrique Meirelles. Ele tem estreitos laços pessoais com o prof. Stanley Fischer, atualmente vice-presidente do Federal Reserve dos EUA [além de ex-vice-diretor do FMI e ex-presidente do Banco Central de Israel]. Desnecessário dizer que a nomeação de Golfajn ao Banco Central foi aprovada pelo FMI, pelo Tesouro dos EUA, por Wall Street e pelo Federal Reserve dos EUA”, afirma o artigo.

Fraga, por sua vez, atuou como presidente do Banco Central entre 4 de março de 1999 e 1º de janeiro de 2003.  Ele foi diretor de fundos de cobertura (hedge funds) por seis anos na Soros Fund Management (associada ao magnata George Soros), e também tem dupla cidadania Brasil-EUA.

“O sistema monetário do Brasil sob o real é fortemente dolarizado. Operações da dívida interna são conducentes a uma dívida externa crescente. Wall Street tem o objetivo de manter o Brasil em uma camisa de força monetária”, explica o professor canadense.

Por isso, afirma o artigo, quando Dilma Rousseff aponta um nome não aprovado por Wall Street para a presidência do Banco Central, a saber, Alexandre Antônio Tombini, cidadão brasileiro e funcionário de carreira no Ministério da Fazenda, é compreensível que os interesses financeiros externos se articulem aos interesses das elites brasileiras para mudar o quadro político no país.

Contexto histórico

No início de 1999, na sequência imediata do ataque especulativo contra o real, diz Chossudovsky, o presidente do Banco Central, Francisco Lopez (que havia sido nomeado em 13 de janeiro de 1999, a Quarta-feira Negra) foi demitido pouco depois e substituído por Armínio Fraga, cidadão americano e funcionário da Quantum Fund de George Soros em Nova York.

“A raposa tinha sido nomeada para tomar conta do galinheiro”, resume o artigo, afirmando que, com Fraga, os especuladores de Wall Street tomaram o controle da política monetária do Brasil.

Sob Lula, o apontamento de Meirelles para a presidência do Banco Central do Brasil dá seguimento à situação, diz o artigo, destacando que o nomeado já havia atuado anteriormente como presidente e CEO dentro de uma das maiores instituições financeiras de Wall Street. “A FleetBoston era o segundo maior credor do Brasil, após o Citigroup. Para dizer o mínimo, ele [Meirelles] estava em conflito de interesses. Sua nomeação foi acordada antes da ascensão de Lula à presidência”, escreve o autor.

Além disso, Meirelles foi um firme defensor do controverso Plano Cavallo da Argentina na década de 1990: “um ‘plano de estabilização’ de Wall Street que causou grandes estragos econômicos e sociais”, segundo o professor Chossudovsky.

De acordo com ele, “a estrutura essencial do Plano Cavallo da Argentina foi replicada no Brasil sob o Plano Real, ou seja, a imposição de uma moeda nacional conversível dolarizada. O que este regime implica é que a dívida interna é transformada em uma dívida externa denominada em dólar”.

Quando Dilma sobe à presidência em 2011, Meirelles é retirado da presidência do Banco Central. Como ministro da Fazenda de Temer, ele defende a chamada “independência do Banco Central”.

“A aplicação deste conceito falso implica que o governo não deve intervir nas decisões do Banco Central. Mas não há restrições para as ‘Raposas de Wall Street’”, diz o artigo, acrescentando que “a questão da soberania na política monetária é crucial” e que “o objetivo do golpe de Estado foi negar a soberania do Brasil na formulação de sua política macroeconômica”.

De fato, sob o governo Dilma, a “tradição” de nomear uma “raposa de Wall Street” para o Banco Central foi abandonada com a nomeação de Tombini, que permaneceu no cargo de 2011 até maio de 2016, quando Temer assume a presidência interina do país.

A partir daí, Meirelles, no Ministério da Fazenda do governo interino, “aponta seus próprios comparsas para chefiar o Banco Central [Goldfajn] e o Banco do Brasil [Paulo Caffarelli]”, diz o artigo do Global Research, sublinhando que o novo ministro havia sido descrito pela mídia dos EUA como “market friendly” (“amigo do mercado”).

Conclusão

“O que está em jogo através de vários mecanismos – incluindo operações de inteligência, manipulação financeira e meios de propaganda – é a desestabilização pura e simples da estrutura estatal do Brasil e da economia nacional, para não mencionar o empobrecimento em massa do povo brasileiro”, afirma Chossudovsky.

Segundo a tese do renomado professor, “Lula era ‘aceitável’ porque seguiu as instruções de Wall Street e do FMI”, mas Dilma, com um governo mais guiado por um nacionalismo reformista soberano, não pôde ser “aceita” pelos interesses financeiros dos EUA, apesar da agenda política neoliberal que prevaleceu sob seu governo.

“Se Dilma tivesse decidido manter Henrique de Campos Meirelles, o golpe de Estado muito provavelmente não teria ocorrido”, afirmai o analista.

“Um ex-CEO/presidente de uma das maiores instituições financeiras dos Estados Unidos (e um cidadão dos EUA) controla instituições financeiras-chave do Brasil e define a agenda macroeconômica e monetária para um país de mais de 200 milhões de pessoas. Chama-se um golpe de Estado… dado por Wall Street”, conclui Chossudovsky.

Michel Chossudovsky, escritor premiado, é professor (emérito) de Economia da Universidade de Ottawa, fundador e diretor do Centro de Pesquisa sobre a Globalização (CRG) e editor da organização independente de pesquisa e mídia Global Research. Ele lecionou como professor visitante na Europa Ocidental, no Sudeste Asiático e na América Latina, serviu como conselheiro econômico para governos de países em desenvolvimento e tem atuado como consultor para várias organizações internacionais. Ele é o autor de onze livros, publicados em mais de vinte línguas. Em 2014, foi premiado com a Medalha de Ouro de Mérito da República da Sérvia por seus escritos sobre a guerra de agressão da OTAN contra a Iugoslávia.

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Guilherme Souza Pinto

14/09/2016 - 19h32

Uma breve digressão sobre a política econômica brasileira:

1962 – João Goulart sanciona a lei de remessa de lucros, que disciplinava a atuação do capital estrangeiro no país. Goulart chega a dar explicações na Onu

1964 – É deposto: uma das primeirsa medidas do governo é a derrubada da lei de remessa de lucros.

Inicia-se um modelo econômico subserviente ao capital estrangeiro com o estado colocado em seu serviço das multinacionais.

1974 – preparação para abertura democrática – a URSS já dava seus sinais de decadência – e por conseguinte, a justificativa do regime militar já estava em vias de se esgotar, embora a esquerda nese período tenha se fortalecido ainda mais.

Geisel anuncia a abertura “lenta, gradual e segura”, até que se forjasse uma nova força de dissuasão a serviço do capital financeiro. Assim se criou o PT, com o patrocínio da ditadura, bancando cursos do Lula nos EUA, conforme está explicito no livro do especulador Mário Garneiro.

Paralelamente a isso: Golbery cuidou pra que Brizola não herdasse a sigla do PTB, partido de Getúlio Vargas, ao qual tanto Brizola, quanto Goulart pertenciam.

1980 – A raiz do PT é a mesma do PSBD: Floretan Fernandes (Usp)

2002 – a força triunfante é a mesma de 64. Toda a polítca econômica, o trato com o capital estrangeiro, com o processo de desestatização iniciado no governo Color, é mantido. A criação de alguns ministérios, a inclusão social mediante o assistencialismo, a concessão de voz aos movimentos sociais, criação do Foro de SP, política externa, tudo isso é mera fachada – a orientação submissa é a mesma: em essência, nada mudou.

Para o cargo do Banco Central do Governo petista, lula nomeu d o ex presidente do Bank Boston, que também era ex-deputado do PSDB, Henrique Meirelles.

Att. moderação

* Retirado do FACEBOOK Enéas Pensador

REPÓRTER

03/09/2016 - 11h52

Bela sacada a da foto que ilustra esse artigo. Adorei. Pena que está sem crédito. Entretanto, olhos de brasa pegariam melhor no PT. (risos)

Miguel F Gouveia

02/09/2016 - 19h24

É BEM MAIS COMPLEXO DO QUE UMA
BRIGA ENTRE ESQUERDA E DIREITA, SENHORES “JORNALISTAS”
É estarrecedor o primarismo de alguns “jornalistas” ao reduzir o que ocorre no Brasil e no mundo a velha, mofada e ultrapassada peleja de esquerda vs direita. Se não for primarismo, é má fé mesmo.
O Comunismo teve seu fim decretado em 1989, com a queda do muro de Berlim. A partir dali a podre União Soviética ruiu e explodiu em dezenas de pedaços, jogando na lata do lixo tudo o que tinha aprendido em geografia.
O Capitalismo cantou vitória até 2008, quando uma fraude financeira espetacular nos USA quebrou o mundo e quase o trouxe à falência global. A partir dali as agências de rating mostraram a sua cara de serviçais dos interesses financeiros e a falta de regulamentação no mercado provou ser um dos maiores erros do berço do capitalismo.
A Esquerda extrema morreu. A Direita extrema se ridicularizou e faliu. Ambos jazem em covas não muito profundas, mas estão enterrados enquanto modelos econômicos de valia no mundo moderno.
Hoje em dia, O Comunismo da China compra bancos e tem 4 deles entre os 10 maiores do mundo. Esse mesmo comunismo tem Bolsa de Valores e dança a ciranda do mercado financeiro como gente grande. Seu PIB rivaliza o dos USA e cresce a taxas invejáveis, independente dos problemas que possam ser apontados na sustentação desse crescimento. Os índices financeiros da comunista China determinam a economia mundial.
Nos USA, o prejuízo do desastre capitalista da fraude de 2008 foi socializado. O governo socorreu fartamente a iniciativa privada incompetente e criminosa com bilionárias verbas públicas, fazendo inveja ao nosso BNDES. De olho no aumento da pobreza USA, a administração Obama lançou o maior dos programas de medicina socializada do mundo: o Obamacare. Esse programa está estimado em US$1,3 trilhões (segundo a Money) para a próxima década – o PIB do Brasil vai ser gasto em saúde pública (nosso SUS) nos próximos 10 anos.
Eis a falência da discussão reduzida a esquerda vs direita. Dói ler artigos de “jornalistas” de ambos os extremos rebaixarem os problemas atuais a esta disputa bolorenta.
A discussão hoje é bem mais profunda, mas o tema central é muito simples de ser identificado. Diz respeito ao fracasso do Neoliberalismo como política econômica de distribuição de riquezas.
O Neoliberalismo, implantado com vigor nas eras Reagan e Thatcher, trabalhou na premissa de que ao incentivar o setor privado, sem qualquer ou com mínima interferência do governo, este criaria um ambiente econômico de fartura e crescimento para todos.
A transferência de dinheiro público (nossos impostos) ao setor privado sem qualquer regulamentação se provou um equívoco, pois os donos da iniciativa privada o usaram para aumentar suas fortunas pessoais. Descobriram que com a globalização (outra falácia), os mercados financeiros do mundo estavam à disposição para uma lucrativa especulação. Ficaram mais ricos as custas dos mais pobres.
O resultado do Neoliberalismo está disponível em números: nunca a concentração de riqueza foi tão acentuada na história do mundo. A organização não-governamental britânica Oxfam, baseado em dados do banco Credit Suisse relativos a outubro de 2015, mostrou que a riqueza acumulada pelo 1% mais abastado da população mundial agora equivale, pela primeira vez, à riqueza dos 99% restantes. Eis o resultado prático de décadas de neoliberalismo.
Recentemente, o Neoliberalismo recebeu críticas de um de seus maiores defensores, o Fundo Monetário Internacional (FMI), em artigo publicado por três economistas da instituição. “Em vez de gerar crescimento, algumas políticas neoliberais aumentaram a desigualdade, colocando em risco uma expansão duradoura”, argumentaram seus autores. O artigo pode ser lido aqui http://www.imf.org/external/pubs/ft/fandd/2016/06/ostry.htm .
Com o aumento da desigualdade social, passamos a conviver com mais pobreza, menos educação, menos saúde, mais violência, menos moradia, mais miséria, mais protestos, mais manifestações, mais crise e todos aqueles problemas sociais que estamos fartos de saber. O mundo se tornou um lugar mais injusto e perigoso. E os 99% vivem isso na pele em menor ou maior grau, enquanto o 1% desfruta de suas regalias conquistadas com as verbas públicas – dinheiro dos 99%.
Portanto, senhores “jornalistas”, a discussão a ser abordada hoje em dia é sobre distribuição de riquezas – não é sobre esquerda e direita. O tema central é: que tipo de Economia precisamos ter para redistribuir as riquezas de forma mais justa.
Redistribuir riquezas de forma mais justa significa reduzir muito a política neoliberal que encheu o setor privado de dinheiro sem cobrar resultados econômicos. O problema aqui reside mais uma vez no setor financeiro. Este setor pegou as benesses do Neoliberalismo e saiu emprestando aos governos de diversos países para com esse dinheiro público (de graça) gerar mais dinheiro ainda e aumentarem absurdamente seus lucros. E saiu emprestando para todo mundo – e os governos saíram gastando em programas sociais diversos para combater o aumento da desigualdade social.
Os programas de combate à desigualdade social incluíam desde obras de infraestrutura, programas de empréstimos para Educação, programas de auxílio à aposentadoria, de moradia, de saúde socializada, etc. São dívidas contraídas juntos as entidades financeiras do mundo e aplicadas em programas que, na sua maioria, visam a sanar problemas do passado e agora. Muitos desses programas ignoraram o futuro ou simplesmente deram errado e aumentaram sobremaneira a dívida pública dos países.
A Trading Economics, no seu banco de dados, afirma que o quadro de dívida pública dos países do G7 chegou em 2015 ao seguinte:
1. Japão – 229% do PIB
2. Italia – 132 % do PIB
3. USA – 104% do PIB
4. Espanha – 99% do PIB
5. França – 98% do PIB
6. Canadá – 92% do PIB
7. Região do Euro – 91% do PIB
8. Reino Unido – 90% do PIB
9. Alemanha – 72% do PIB
10. Índia – 67% do PIB
O Brasil exibe uma dívida pública de 66% do PIB. A China 44% do PIB. A Rússia 17% do PIB. A lista completa pode ser vista aqui http://www.tradingeconomics.com/country-list/government-debt-to-gdp .

Ao ultrapassar 100% do seu PIB, um país atesa que a sua capacidade de gerar riquezas é inferior à sua capacidade de honrar compromissos. Não há como sua Economia pagar o que pegou emprestado para melhorar a sua Economia, salvo a exceção em que o dinheiro foi gasto em programas que permitirão o aumento de seu PIB mais à frente – o que não corresponde ao caso dos países mais endividados. A dívida do Japão, por exemplo, tem um componente pesado de previdência social para atender uma população envelhecida que não se renova.
Observem que o G7, considerados os países mais ricos do mundo, formado por Canadá, França, Alemanha, Itália, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos, estão todos endividados de forma avassaladora, com a exceção a Alemanha. Esses países não dispõem de uma Economia capaz de saldar essas dívidas e a perspectiva é que não tenham como no futuro.
Reparem também que os países do recém-criado BRICS não compartilham essa inadimplência toda com o G7. Brasil, Índia, China e Rússia estão com dívidas públicas administráveis. No momento, suas respectivas Economias têm capacidade de honrar compromissos e suas respectivas dívidas são em prol de programas que visam o crescimento de seus PIBs – por exemplo, o programa de Pré-sal no Brasil.
E para quem esses países devem essa impagável dívida? Para o setor financeiro (Bancos e Fundos) e para outros governos, em diferentes moedas. Essa generalização toda desemboca nos maiores bancos do mundo, os quais estão por trás do setor financeiro credor, e representam a maioria dos que são classificados no 1% acima já mencionado.
Segundo a consultoria Brand Finance e a revista especializada The Banker, os maiores Bancos do mundo em 2015 são:
1. Wells Fargo – USA
2. ICBC – China
3. HSBC – UK
4. Banco da Construção da China – China
5. Citi – USA
6. Bank of America – USA
7. Chase – USA
8. Banco da Agricultura da China – China
9. Bank of China – China
10. Santander – Espanha
Veja a lista completa aqui http://brandirectory.com/league_tables/table/banking-500-2015 .
Sem capacidade para aumentar suas respectivas Economias, os governos dos países endividados colocam em risco a riqueza do 1% tão generosamente aumentada pelos anos de ouro do Neoliberalismo. E esse pessoal de forma alguma aceita reduzir sua criminosa margem de lucro (?) para redistribuir a riqueza do mundo.
O que fazer? Resposta: avançar sobre a capacidade de geração de riqueza de países /continentes economicamente em ascensão.
Tomando foco no Brasil, ao final de 2015, meses antes do dia da consumação do golpe no país, a economia brasileira era descrita pelos seguintes dados (fontes: PNAD, IPEA, IBGE, BC):
1) as reservas internacionais líquidas do Brasil são de US$ 377 bilhões (eram de apenas US$ 16 bilhões em 2002). Elas superam, com folga, toda a dívida externa do país, que é de US$ 333,6 bilhões, sendo que apenas 30% disso a curto prazo;
2) o Brasil é credor do FMI – o Brasil é credor externo líquido em US$ 42,7 bilhões;
3) a dívida pública líquida era 36% do PIB e a bruta 66% do PIB (em 2002 a dívida líquida era de 60% do PIB);
4) os investimentos externos produtivos (IED) no Brasil foram de US$ 75 bilhões em 2015, sendo equivalentes a 4,5% do PIB;
5) o Brasil tem o 7o. maior PIB mundial (era o 13o. em 2002);
6) o PIB per capita fechou em US$8.670 (era de US$2.800 em 2002);
7) a taxa de inflação está caindo e deverá fechar o ano, segundo o Banco Central, perto do teto da meta em 2016, ficando próxima de 6,5% no acumulado do ano. Para 2017, já se prevê uma taxa de inflação perto do centro da meta (de 4,5%);
8) o salário mínimo fechou em de R$824, equivalente a cerca de US$368 (era de US$158 em 2002);
9) o déficit externo, em transações correntes, fechou em 3,32% do PIB (caiu dos 4,31% de 2014) e continua caindo; e
10) o Superávit comercial foi de US$19,7 bilhões em 2015, já acumulou US$32,4 bilhões de janeiro a agosto de 2016, sendo que estimativas apontam que o mesmo poderá chegar a US$50 bilhões neste ano.
Dificilmente um cenário ruim, ainda mais quando comparado aos países endividados do G7. Alguns “jornalistas” vendem esse cenário como “terra arrasada”, país quebrado, etc. Há problemas sim com a tendência de piora de alguns índices, mas nada que não possa ser corrigido ou que o país não tenha condições econômicas de assim fazer.
Eis que surge a encomenda do golpe no Brasil.
O setor financeiro enxerga no cenário atual, nos investimentos estratégicos realizados e nas possibilidades econômicas do Brasil, detentor de mais de 50% da economia na região, uma fonte de geração de receita para tapar o buraco da farra financeira que patrocinou aos países do G7 – agora sem qualquer garantia de retorno. A mesma perspectiva também ocorre em relação ao continente africano, hoje em disputa ferrenha com a China.
Não somente é necessário adquirir as fontes de riqueza do país alvo, como também reduzir ao máximo seus gastos em programas sociais e trabalhistas. Essa receita toda deverá ser migrada para o setor financeiro em risco de calote. Deverá ser transferida para as economias dos países esgotados. Deverá ser usada para gerar riquezas aos grandes devedores do mundo.
Então, a questão central é a seguinte: com equacionar o poder do 1% com as necessidades do 99%. Isso não necessariamente desemboca numa discussão ideológica de esquerda vs direita. E levar para essa disputa é retroagira aos tempos de guerra fria.
O fato é: a continuar essa exploração indevida e sem controle, sem espaço para o social sem ser na forma de esmola, o confronto interno será inevitável. Esse confronto não será, apesar de possível, necessariamente uma guerra civil. Virá na forma do aumento da violência do 99% em cima de si mesmo e, transpostas as barreiras de segurança, em cima do 1%. Testemunharemos mais assaltos, mais roubos, mais crimes e mais mazelas sociais de que tanto tememos e que também afetará, consequentemente, o 1%.
Aceitar que nossos “jornalistas” não reportem isso é inadmissível numa era que envolve o descontrole da informação, a ponto de colocar tudo ao alcance de todos via Internet; a redefiniçao dos mercados econômicos com novas fontes de geração de receita e a crise ambiental que bate a nossa porta.
O Jornalismo deve a si mesmo esse alerta. Ou morreu de fato.

Marcos Augusto Neves

02/09/2016 - 18h28

Alguém tem alguma dúvida que esse golpe foi liderado por Washington?

    label vargas

    02/09/2016 - 18h35

    No país dos imbecis (maioria) eles ainda acham que o golpe foi contra a corrupção.


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