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Espiando o poder – A mesma imagem, idêntica, com ângulos diferentes

[s2If !current_user_can(access_s2member_level1) OR current_user_can(access_s2member_level1)] Espiando o poder: análise diária da grande imprensa Foto: Beto Barata/Presidência Por Luis Edmundo Araujo, colunista do Cafezinho A imagem aí de cima, do mesmo fotógrafo, ilustra as manchetes de hoje do Globo, do Estado e da Folha de São Paulo, que se unem de novo como batalhão entrosado, ensaiado, pra […]

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Espiando o poder: análise diária da grande imprensa

Foto: Beto Barata/Presidência

Por Luis Edmundo Araujo, colunista do Cafezinho

A imagem aí de cima, do mesmo fotógrafo, ilustra as manchetes de hoje do Globo, do Estado e da Folha de São Paulo, que se unem de novo como batalhão entrosado, ensaiado, pra atacar a prioridade do momento de ângulos diferentes, cada qual no seu tom. O Estadão diz que o serviço público tem seis das dez categorias mais bem pagas do País. Ao lado, na foto, o presidente não eleito Michel Temer fala com aparente desenvoltura, a gesticular bem humorado enquanto pede “apoio para aprovar a PEC do teto dos gastos”, segundo a legenda da imagem que na Folha vem atrelada à manchete em tom de fim de mundo, com Temer falando em “‘catástrofe’ sem o teto”, enquanto o Globo vem otimista, projetando a votação que deve começar hoje na Câmara dos Deputados. “Governo diz já ter votos para aprovar teto de gastos”, afirma a manchete. E no segundo subtítulo, “em encontro com ministro da Fazenda”, uma diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI) aposta “que aval do Congresso às reformas daria credibilidade ao Brasil”.

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A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241 limita o crescimento das despesas públicas à inflação. Ex-ministro da Fazenda do governo José Sarney, ministro-chefe da Secretaria da Administração Federal (SAF) de Fernando Henrique Cardoso, Luiz Carlos Bresser-Pereira define, em seu Facebook, a aprovação da proposta como a “desmontagem do Estado Social” brasileiro, na medida em que, por 20 anos, “congela o gasto público exceto juros”. Na prática, os investimentos sociais passam a depender do mercado financeiro, que volta a ditar as regras no Brasil, todo poderoso, e sob a égide do FMI volta também às primeiras páginas pra dizer, apostar, afirmar tudo em perfeita harmonia com os editoriais dos jornais, principalmente do Estadão de hoje, que chega a citar “dois documentos liberados na semana passada pelo Fundo…” pra falar que ao “país afundado em dívidas” do título do editorial impõe-se, logo no subtítulo, “desafios à política fiscal”. A Folha não cita o FMI, mas fala em “Piso para o futuro” no título de seu editorial principal. Já o Globo dá sua opinião nas páginas de dentro, ao lado da matéria da manchete, em editorial menor que tabela curto, preciso, com a manchete do Estadão.

Entre as categorias mais bem pagas do assunto principal de sua capa, o jornal paulista destaca “promotores e procuradores” no subtítulo e avisa, no chamado “olho” do jargão jornalístico, com destaque em vermelho, que o ganho de integrantes da elite do funcionalismo é “4 vezes maior” do que o dos profissionais da iniciativa privada. E em seu único editorial com chamada na capa de hoje, exatamente o pequeno que vem na abertura da editoria de economia, colado à manchete, o Globo informa que “MP federal e juíza do STJ querem cassar direito do Congresso de definir quanto e como se gasta”. A “juíza” em questão é a presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministra Laurita Vaz, rebaixada a magistrada de primeira instância (juíza) na capa do Globo talvez por descuido, ela que deu declarações contrárias à aprovação da PEC 241, unindo-se à frente jurídico-corporativa que já contava com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e que ataca a proposta visando, primordialmente, evitar cortes de verbas para o Judiciário.

Em seu editorial principal de hoje, o Globo repete a tese de que o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, regido por Eduardo Cunha num processo sem crime nem provas, não foi golpe. “Golpe real” seria “antecipar as eleições de 2018”, diz o jornal que, nas duas derradeiras linhas do texto, dá o recado também a Temer, mesmo publicando a mesma foto dos concorrentes, que mostra a plateia toda do jantar no Palácio Alvorada com a atenção voltada ao presidente empossado, não eleito, ao contrário da maior parte dos líderes internacionais em ocasião recente na Organização das Nações Unidas (ONU), pra falar apenas dos que não se retiraram, como os presidentes da Costa Rica, Equador, Nicarágua e Venezuela, ou simularam atraso, como o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Se Temer “não puder continuar, eleição indireta feita no Congresso, para alguém concluir o mandato”, concluiu o texto do jornal ao lado de outro em igual tamanho, plural, do deputado federal Givaldo Vieira (PT-ES). Mais um petista a dialogar pacificamente, ainda, com a grande mídia, Givaldo clama por eleições diretas já, pela “mobilização de todos os setores democráticos” e não faz mea culpa, ao contrário de Tarso Genro que hoje no Globo dá continuidade à sua ronda na grande imprensa, depois da entrevista para a Folha no último dia 5.

trump-hillary-debate“PT perdeu a hegemonia”, diz Tarso Genro, que aparece preocupado no espaço nobre da página 3, com a mão na testa, afirmando que o partido precisa de novas lideranças. Ganha com isso um pedacinho da capa do jornal carioca, logo abaixo da chamada para a eleição municipal no Rio de Janeiro que mostra neutralidade, mas nem tanto. Tanto Marcelo Crivella quanto Marcelo Freixo terão, como eventual prefeito eleito, minoria na Câmara dos Vereadores, diz a chamada acima de outra menor sobre o mesmo assunto, para a coluna de Ricardo Noblat que, com a convicção de um procurador da Lava Jato, diz que “Freixo sabe que melhor para ele seria perder eleição”. Em cima, em corpo um pouco maior, “Trump e Hillary se insultam” no “debate raivoso” do chapéu da chamada para a eleição americana que ganhou foto na primeira página do Estado e da Folha, os dois destacando a tensão do evento na reta final da campanha que, com a derrota de Bernie Sanders na convenção democrata e, agora, com a derrota aparente do candidato republicano Donald Trump, caiu numa certa mesmice a mostrar que nada mudará muito por lá, nem para o bem, nem para o mal.

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Luis Edmundo

Luis Edmundo Araujo é jornalista e mora no Rio de Janeiro desde que nasceu, em 1972. Foi repórter do jornal O Fluminense, do Jornal do Brasil e das finadas revistas Incrível e Istoé Gente. No Jornal do Commercio, foi editor por 11 anos, até o fim do jornal, em maio de 2016.

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Comentários

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Xenia Maria Pereira

10/10/2016 - 20h54

Censura??? ??? Onde?


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