Defesa de Dilma desmente acusação do ex-presidente da Andrade Gutierrez: o cheque de R$ 1 milhão não foi para o PT, mas para o PMDB

(O cheque de 1 milhão do PMDB para a chapa Dilma/Temer)

Por Pedro Breier, correspondente policial do Cafezinho

Há menos de dois meses os portais da mídia corporativa deram destaque ao depoimento que o ex-presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, prestou ao TSE, no qual ele afirmou que um valor de R$ 1 milhão que entrou no caixa da campanha da chapa Dilma/Temer foi proveniente de um pagamento de propina feito pela Andrade Gutierrez em março de 2014 ao diretório nacional do PT.

Na última terça, os advogados de Dilma pediram ao TSE a expedição de ofício ao ministério público para averiguação da prática de crime de falso testemunho por parte do ex-presidente da Andrade Gutierreez (íntegra do requerimento aqui).

A defesa de Dilma apresentou um cheque de 1 milhão destinado à chapa Dilma/Temer, mas vindo do PMDB, e não do PT, como havia afirmado Otávio de Azevedo.

Juntou também recibo eleitoral identificando a Andrade Gutierrez como doadora originária desse valor repassado ao PMDB, bem como o comprovante do depósito em conta bancária do PMDB.

O TSE negou o pedido de ofício ao MP para que fosse investigado o crime de falso testemunho, mas marcou para a próxima semana uma acareação entre Otávio de Azevedo e Edinho Silva, que foi tesoureiro da campanha da chapa Dilma/Temer, por causa da discrepância entre o depoimento prestado pelo empreiteiro e a prestação de contas da campanha.

Em um contexto de escancarada e absurda politização do judiciário, que aderiu ao golpismo e à onda conservadora da primeira instância aos tribunais superiores, não surpreende que réus tentem implicar em crimes os alvos já escolhidos há muito tempo pelo consórcio midiático/judicial, buscando certamente amenizar as suas próprias penas.

Neste caso foi em depoimento junto ao TSE (presidido pelo ministro tucano Gilmar Mendes, é bom lembrar) mas nas delações diante de Sérgio Moro é ainda pior: a ameaça da prisão “preventiva” eterna é argumento muito convincente para que delatores falem o que o procurador, o juiz e a imprensa querem ouvir.

A delação, seja verdadeira ou mentirosa, gera manchetes garrafais e alimenta o ódio político dos zumbis midiáticos.

Ou seja, cumpre seu papel para os que usam a justiça como arma política.

Pedro Breier: Pedro Breier nasceu no Rio Grande do Sul e hoje vive em São Paulo. É formado em direito e escreve sobre política n'O Cafezinho desde 2016.
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