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Lava Jato protege empresas estrangeiras

“Odebrecht apontava mais de vinte empresas internacionais envolvidas em corrupção junto à Petrobras. O bloqueio e avanço da investigação, contudo, ameaçou somente a própria estatal brasileira”. No Jornal GGN Contra corrupção, quebra-se a Odebrecht, mas se protegem as estrangeiras Por Patricia Faermann A cooperação aceita pelos procuradores da República da força-tarefa da Lava Jato no […]

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“Odebrecht apontava mais de vinte empresas internacionais envolvidas em corrupção junto à Petrobras. O bloqueio e avanço da investigação, contudo, ameaçou somente a própria estatal brasileira”.

No Jornal GGN

Contra corrupção, quebra-se a Odebrecht, mas se protegem as estrangeiras

Por Patricia Faermann

A cooperação aceita pelos procuradores da República da força-tarefa da Lava Jato no Brasil com a Justiça norte-americana, desde o fim de 2014, teve um de seus desfechos no final do último ano. O resultado foi a tutela das autoridades brasileiras para Departamento de Justiça dos Estados Unidos investigar e fiscalizar as empresas nacionais.

Desde o início da cooperação internacional, os procuradores anunciavam que o intercâmbio era positivo ao país. Um dos gestos mais simbólicos da extensão dessa aliança na Operação foi a visita do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em fevereiro de 2015, aos Estados Unidos, para fechar um acordo de “entendimento” com o Banco Mundial contra a corrupção.

Aquele era o início da abertura dos investigadores brasileiros à fiscalização e controle dos EUA, ainda que infringindo medidas de proteção do Estado contra a soberania nacional.

No dia 21 de dezembro de 2016, o Departamento de Justiça norte-americano concluía uma das principais etapas desta colaboração. Anunciava um acordo assinado pela Odebrecht, por intermédio dos procuradores da República brasileiros, para pagar multas aos EUA e Suíça, além do Brasil, pelas práticas ilícitas e de corrupção [leia aqui].

Mas a investigação dos Estados Unidos não se limitou a apontar atos de suborno e repasses de propinas da Odebrecht no país da América do Norte. A apuração comandada pelo procurador de Justiça, Robert L. Capers, e pelo chefe da Seção de Frade da Divisão Criminal, Andrew Weissmann, elencou os doze países que a empreiteira brasileira teria cometido ilegalidades, incluindo o Brasil.

Os cálculos dos investigadores norte-americanos foram de mais de US$ 780 milhões de pagamentos corruptos, envolvendo políticos e intermediários, em mais de 100 projetos em doze países.

A contexto de interesses dos Estados Unidos sobre a fiscalização da empresa brasileira, a Odebrecht ocupa o 13º lugar das empresas que mais conseguiram contratos públicos bilionários no ano de 2015, segundo os dados mais recentes da Engineering News-Record (ENR). Em comparação com os próprios EUA, só ficam à frente da brasileira duas construtoras norte-americanas, a Bechtel e Fluor Corp.

Já do ponto de vista de sobrevivência da empreiteira, a Odebrecht possui mais de 70% de sua carteira de lucros com contratos fora do Brasil. E é diante disso que a empresa é fortemente ameaçada pelos bloqueios recentes e sucessivos dos países estrangeiros com que mantém contratos hoje.

Como naturalmente esperado, foi a partir do anúncio do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, com os números de corrupção, que os países mencionados ativaram alertas de suas Justiças e iniciaram a paralisação de novas contratações da empreiteira pelo mundo.

Até o momento, já foram três dos onze países a anunciar o bloqueio: Panamá, Peru e Equador [leia aqui]. Como se não bastasse para a ameaça da empreiteira, jornais brasileiros começaram a pressionar o país a repetir a postura dos demais mundo afora.

Reportagem publicada nesta quinta-feira (05) pela Folha de S. Paulo cobra: “enquanto outros países vêm proibindo contratos com a Odebrecht, diante da revelação pelo Departamento de Justiça americano de irregularidades, as empresas do grupo continuam autorizadas a ser contratadas pelo poder público no Brasil.”

O tom rebaixador da publicação vai além: como se o Brasil não fizesse o que supostamente deveria, relata que a empresa assinou um acordo de leniência, que em troca de cooperar com as investigações e implantar mecanismos de controle e fiscalização internos, garante a autorização para seguir obtendo contratos com a União.

Mas destacou que, ainda que protegida pela leniência, a Odebrecht “pode ser barrada de licitações no Brasil por determinação do Ministério da Transparência (antiga CGU) e do Tribunal de Contas da União [TCU]”. E deu o alerta de que o TCU hoje analisa a inidoneidade das empresas investigadas pela Lava Jato.

Por outro lado, se do exterior para o Brasil a cobrança dos países está sendo dura e colocando em risco a sobrevida da empreiteira nacional, daqui para o exterior a rigidez não é a mesma.

Intitulada “Dois pesos?”, coluna de Sonia Racy do Estadão já mostrava as diferenças há um ano e meio. “A dinamarquesa Maersk e mais outras 21 empresas internacionais com sedes na Itália, Holanda, EUA, Grécia e Cingapura foram citadas nas delações premiadas da Lava Jato como envolvidas no esquema de corrupção da Petrobrás”, publicava a jornalista.

Seguindo: “Entretanto, elas não foram alvo de bloqueio cautelar da estatal – medida que impediria temporariamente assinatura de novos contratos com ela. Para as companhias nacionais, o bloqueio está valendo”.

Ainda naquela época, em junho de 2015, a Odebrecht apontava mais de vinte empresas internacionais envolvidas em corrupção junto à Petrobras. O bloqueio e avanço da investigação, contudo, ameaçou somente a própria estatal brasileira.

São elas: Maersk, Jurong, Kawasaki, Keppel Fels, Mitsubishi, Rolls-Royce, Samsung, SBM, Sembcorp Marine, Skanska, Techint, Toyo, Mitsui, Toshiba, Sargent Marine, Astra Oil, GB Marine, Trafigura, Glencore, Ocean Rig, Pirelli e Sevan.

Para se ter uma ideia, um ano após as denúncias contra a dinamarquesa Maersk Line, a maior operadora mundial de transporte de contêineres por navios só se viu ameaçada financeiramente pelo contexto global de baixa nas cotações dos fretes.

Mas, nem por isso, deixou de atuar e expandir seu mercado. Em fevereiro de 2016, anunciava a unificação de suas operações no Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai, e uma nova atuação no mercado de cargas congeladas, principalmente carnes. E ainda que projetando um ano “fraco”, contabilizava crescimento de 1% a 3% no último ano.

O representante da empresa dinamarquesa na América Latina é o panamenho Antonio Dominguez, que assume a diretoria da operação da Maersk Line na costa leste da América do Sul. Curiosamente ou não, o Panamá foi o primeiro país a anunciar o bloqueio contra a Odebrecht.

No dia 27 de dezembro, o ministro da Presidência do Panamá, Álvaro Alemán, proibiu que a empreiteira “obtenha qualquer contrato em futuros processos de licitação pública”, até que a Odebrecht demonstre “uma colaboração efetiva e eficaz nas investigações do Ministério Público e se garantam os valores que o grupo deve restituir ao Estado”.

Não apenas impediu futuras contratações, como também paralisou obras em andamento já garantidas para a carteira da empresa brasileira. O governo panamenho anunciou que cancelará “sem custo para o Estado” um contrato com a Odebrecht para a construção de um hidrelétrica.

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Paulo Lima

06/01/2017 - 20h40

1 milhão de desempregados no Brasil, mais alguns milhares de técnicos e engenheiros brasileiros que trabalhavam em nossas empresas no estrangeiro. Sérgio Moro comandou com a lavajato o desmonte de nossa economia, que o governo golpista quer arrematar entregando a exploração de nosso petróleo a qualquer pretendente de “interesse” seja BP, Total: se é gringa, é limpa: “suja”, só a nacional Petrobras. Para a trupe de Sérgio Moro, e jornalistas e simpatizantes do PSDB -manifestos defensores ou ocultos representantes da imperial e imperativa Democracia dos Estados Unidos da América-, políticos corruptos e empresas corruptoras só existem no Brasil, por causa do PT. A lavajato então quer salvar e limpar o capitalismo, pelo menos o daqui. E assim como em São Paulo, maior cidade da América do Sul, os mandatos seriam assumidos por “gestores de sucesso”, como João Dória ou Trump. Mercado x Política! Enquanto isso nosso submarino nuclear, nossa SOBERANIA, e a educação de nossos filhos e netos restam como projetos. Avanti populi, Fora temer!

Gustavo Horta

06/01/2017 - 17h47

UMA NOVA MENTIRA A CADA DIA…
UMA NOVA MENTIRA A CADA HORA… UMA NOVA MENTIRA TODA HORA!

ORA BOLAS, O CARA ERA ADVOGADO DO PCC, ALÇADO AO GOVERNO DE SP PELO P(CC)SDB DO ALCKMIN E, POSTERIORMENTE, ELEVADO À CATEGORIA DE MINISTRO DA JUSTIÇA – VEJA SÓ – PELO TEMEROSO ACIDENTE PAVOROSO QUE SE APOSSOU DO PODER EM UMA TRAIÇÃO HISTÓRICA!

“Assim é. País sem pudor! TERIA SIDO UM GOLPE? TERIA SIDO UM GOLPE COMANDADO PELOS PODERES DA REPÚBLICA, SOB DOGMAS DOS PODEROSOS MULTI-NACIONAIS E GOVERNOS EXTERNOS?”
> https://gustavohorta.wordpress.com/2017/01/05/assim-e-pais-sem-pudor-teria-sido-um-golpe-teria-sido-um-golpe-comandado-pelos-poderes-da-republica-sob-comando-dos-poderosos-internacionais/

“…, se está convencido de que não foi um golpe, certamente você está mais atento ao imoral, ainda que legal, uso do helicóptero feito pelo petista governador de Minas Gerais um dia desses para buscar o filho de uma ressaca de passagem de ano e menospreza, despreza, desconsidera o uso ilegal e imoral das aeronaves pelos ex-governadores do mesmo estado, srs. Aécio e Anastasia. Despreza, releva, desconsidera também o uso ilegal e imoral das aeronaves do estado de São Paúlo feito pela família Alckmin. É claro, considera irrelevante o papelão feito pelo recém eleito prefeito da cidade de São Paulo ao posar cinicamente entre garis como se assim o fosse! Apenas um cretino oportunista. Mas você releva. Assim, não perca seu tempo lendo esta crônica. …”

    D. Queiroz

    06/01/2017 - 20h32

    Acho que nao devemos usar a ecpressao “esse país” porque isso nos iguala a todos. Eu não me considero cinica, corrupta e golpista como uma parte dos que se apoderaram desse pais!


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