Rosa Luxemburgo, presente

Por Maria Fernanda Arruda, colunista do Cafezinho

Há 98 anos morria Rosa Luxemburgo, com apenas 48 anos de idade. Ela foi sequestrada e assassinada por milícias paramilitares de direita, com a cumplicidade do governo social-democrata de Ebert, no dia 15 de janeiro de 1919.

Após o brutal assassinato, os algozes de Rosa jogaram seu cadáver no Canal Landwehr, Berlim, onde só foi localizado no dia 31/05/1919 em total estado de decomposição. Seu cortejo fúnebre, realizado em junho daquele ano, se transformou numa manifestação política acompanhado de grande multidão, especialmente composta de trabalhadores.

Nos meses seguintes ao seu assassinato (e de outras lideranças revolucionárias importantes, tais como Karl Liebknecht e Leo Jogiches) uma onda de violência se seguiu, culminando numa carnificina que resultou na morte de mais de cinco mil militantes da esquerda comunista, prenúncio do nazifascismo que estava sendo gestado no seio da sociedade alemã do entre guerras, atravessada pelo dilema histórico da revolução/contra revolução.

Na véspera de sua morte, ela publicou um texto que pode ser considerado seu testamento politico e intelectual, aonde, dentre outras coisas, ela afirma o seguinte: “Dessa contradição, numa fase inicial do desenvolvimento revolucionário, entre o agravamento da tarefa e a falta de condições prévias para a sua solução, resulta que as lutas isoladas da revolução acabem formalmente em derrota. Mas a revolução é a única forma de ‘guerra’ – esta é também uma de suas peculiares leis vitais – em que a vitória final só pode ser preparada por uma série de ‘derrotas’! O que nos mostra toda a história das revoluções modernas e do socialismo? A primeira labareda da luta de classes na Europa, a rebelião dos tecelões de seda de Lyon em 1831, terminou com uma pesada derrota; o movimento cartista na Inglaterra – com una derrota.

O levante do proletariado parisiense nas jornadas de junho de 1848 acabou numa derrota esmagadora. A Comuna de Paris terminou com uma derrota terrível. O caminho do socialismo – levando em consideração as lutas revolucionárias – está inteiramente pavimentado de derrotas. E, no entanto, essa mesma história leva irresistivelmente, passo a passo, à vitória final! Onde estaríamos nós hoje sem essas ‘derrotas’ das quais extraímos experiências históricas, conhecimento, poder, idealismo? (…) Contudo, com uma condição! É preciso perguntar em que condições cada derrota se deu: se resultou do fato de que a energia bélica das massas, avançando, se chocou contra a falta de maturidade das condições históricas prévias, ou se a própria ação revolucionária foi paralisada por meias medidas, indecisões, fraquezas internas.”

Passado quase um século de sua trágica morte, a obra teórica e o exemplo da revolucionária internacionalista permanece, mais do que nunca, atual. Rosa Luxemburgo, a vermelha: presente, sempre!

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