As perguntas não respondidas sobre a morte de Teori

De como ler jornais, ou o que teorizar sobre Teori e o Riocentro?

Por Denise Assis*, colunista do Cafezinho

Digamos que eu leio os jornais, mas não tenho lá muita capacidade de interpretá-los. Ou, até mesmo, tenho dificuldade de entender o que leio.

Dito isto, peço auxílio aos leitores para me ajudarem a pensar em algumas questões que se colocaram para mim, a partir das leituras feitas nesses dias, sobre a morte do ministro do Supremo Tribunal Federal, (STF), Teori Zavascki.

Há um “acidente” a ser apurado, mas por que será que o espaço ao eventual substituto toma o dobro do espaço das investigações do ocorrido?

Por que será que ninguém estranhou que a Marinha do Brasil, que em 1992, tinha condições de rastrear com sonares toda a costa fluminense, em busca do corpo do Dr. Ulysses, e enviou ao local aparelhagem sofisticadíssima, desta vez vem a público dizer que não é capaz de erguer do mar, a uma profundidade de quatro metros, uma aeronave de pequeno porte, em frangalhos, coisa que os próprios pescadores fizeram, antes de chegar socorro, conforme detalha André Barcinsky na Folha de São Paulo? Quais os impedimentos técnicos?

Ninguém considera esquisito transferir para a empresa dona do avião, a responsabilidade de retirar da água uma aeronave que transportava uma alta personalidade pública, responsável por conclusões em torno de delações que implicariam a cúpula do governo?

A Marinha do Brasil não conseguiria, estaria economizando recursos, conforme disse um constrangido oficial na TV, ou dentro do avião estariam aparelhos e documentos que deveriam ser entregues apenas a quem de “direito”? Ou seja, à família do empresário e a quem mais tivesse interesse naquela viagem?

Por que os bombeiros não abriram a aeronave para resgatar a moça que apelava pela vida? Era mais importante retirá-la viva ou preservar seco o ambiente interno do avião, para resguardar o que lá estivesse e pudesse ser resgatado logo? (Até que um pescador solidário furou a fuselagem, estragando tudo, na sanha de passar oxigênio para a moça que apelava por socorro).

Por que o senador José Medeiros (PSD) de Mato Grosso – tal como as mulheres que estavam no avião, e cujas identidades levaram uma eternidade para serem reveladas-, disse às 10h58, em seu Face, que à noite, no JN, a população seria assombrada com uma “bomba” sobre o Supremo?

Qual seria a agenda do senador José Medeiros no gabinete do Michel, por volta das 17h, quando a notícia chegou ao gabinete presidencial, e que o fez clamar por Deus! Como reproduziram os jornais?

Por que o ministro não comunicou à sua segurança que viajaria a Paraty, em companhia de um empresário citado na Lava-Jato?

Por que o hangar de onde partiu a aeronave tinha tão poucas informações a dar a respeito dos passageiros?
E, por fim, por que não estamos tratando disto como o fizemos com o caso do Riocentro, que pôs fim à ditadura de 21 anos que se abateu sobre o Brasil? Vai ver eu sou mesmo limitada para entender este momento por que passa o país… Ou, tenho que voltar a ter exercícios de “interpretação de textos…

* jornalista.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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