O grosseiro “perfil ideológico” do Facebook encomendado pelo PSDB

(Sergio Moro e Eduardo Bolsonaro. Foto do Twitter de Eduardo Bolsonaro)

O blog Poder 360 acaba de publicar um post sobre o novo “projeto” do PSDB. Vai um trecho:

O projeto, intitulado Tideo (Termômetro Ideológico) é de iniciativa de Xico Graziano, ex-assessor do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e executado pela empresa ePoliticSchool. O ranking será divulgado semanalmente.

O monitoramento considera número de fãs e o envolvimento em 150 páginas de mídias, políticos, influenciadores e partidos da esquerda e da direita na rede, divididos em “vermelhos” e “azuis”, respectivamente.

É uma pesquisa enviesada, em vários sentidos; e tosca: trata-se de um ranking de páginas e perfis de políticos que qualquer estagiário poderia fazer por 200 reais, mas o PSDB deve ter pago alguns milhares, quiçá dezenas de milhares de reais, ou até mais, pelo serviço.

O objetivo do PSDB é simples, quase vulgar: mostrar a direita brasileira na liderança do ranking do Facebook. Ou então, é algo mais sinistro: oferecer uma espécie de lista negra para os fascistas que a própria pesquisa promove, ao classificá-los como “campões” do Facebook.

A tática é quase infantil. A direita sempre esteve na frente da internet brasileira, embora, de fato, tenha crescido bastante nos últimos dois anos, na esteira da Lava Jato e da paralisia mental do PT e do governo Dilma.

Na verdade, a direita é até muito mais forte do que a pesquisa sugere, porque os grandes meios de comunicação deveriam ser alinhados, definitivamente, ao lado dos “azuis”.  Mas uma pesquisa tucana jamais cometeria essa “traição” com seus amigos da imprensa corporativa, em especial dos canais de TV e suas ramificações na internet, porque entendem que um de seus trunfos mais importantes é sua mal fingida imparcialidade.

Repare que a pesquisa inclui entre os “vermelhos”, sites como o da Carta Capital, mas omite, no campo dos “azuis”, as revistas Veja, Época e Istoé – sem falar em Globo, Estadão e Folha, também deixados de fora (apesar de serem, evidentemente, “azuis”).

Ou seja, outro objetivo evidente é vender o mito de que somente a imprensa corporativa e comercial é isenta, o que é a maior mentira do mundo: a principal força dos “azuis” vem justamente da grande mídia. No campo da internet, a esquerda, mesmo sendo minoria, consegue manter a batalha equilibrada, pela qualidade de seus argumentos. O que desequilibra a batalha é a partidarização da Globo, SBT, Record, CBN, Jovem Pan, e toda a grande ou média mídia herdeira da ditadura ou das concessões federais do governo Sarney.

O forte da esquerda sempre foi o voto do pobre, de um lado, e a hegemonia entre setores mais esclarecidos da opinião pública. Apesar da derrota eleitoral em 2016, e da sangria provocada pelo terrorismo político da mídia, esses ainda são seus trunfos, vide a liderança isolada de Lula nas pesquisas de intenção de voto para 2018, e a ascendência cada vez mais evidente do “Fora Temer” junto a setores importantes da intelectualidade, da academia e da classe média.

O que eu achei curioso mesmo é o PSDB ter se resignado, tão tranquilamente, em ser categorizado ao lado de gente como Silas Malafaia, Jair Bolsonaro e todo o tipo de site de extrema-direita. Também chama a atenção o fato de páginas louvaminhas da Lava Jato e Sergio Moro serem tão explicitamente classificadas como partidárias “azuis”, alinhadas portanto com Revoltados Online, Olavo de Carvalho, Aécio Neves, Bolsonaro…

A pesquisa, por ser tão grosseira, e mesmo tendo procurado proteger a grande mídia, deixando-a acima dos azuis e vermelhos, provoca arranhões na narrativa golpista, que tenta pintar a Lava Jato como imparcial.

Do lado da esquerda, há alguns erros bobos: Marina Silva e Gabeira não são, definitivamente, de esquerda, porque apoiaram Aécio Neves em 2014 e, em seguida, o golpe.

Mas vamos à pesquisa tucana. A íntegra do documento segue ao fim do post. Abaixo, eu recorto algumas tabelas.

 

 

 

 

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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