Sergio Moro tenta queimar o arquivo Eduardo Cunha

A condenação de Eduardo Cunha (ver aqui a íntegra da sentença) tem aspectos curiosos.

O homem bomba de Michel Temer tentou de tudo para delatar o colega Michel Temer.

Não teve jeito.

Como Cunha não pode delatar Lula ou o PT, então sua delação não vale nada.

A única delação de Cunha seria delatar o golpe, e isso não pode acontecer.

Sergio Moro sabe muito bem o papel que lhe cabe, de defender o golpe a qualquer preço, e censurou todas as perguntas incômodas que Cunha fez a Michel Temer.

Até no despacho em que condena Cunha a 15 anos, Sergio Moro continua a defender o presidente golpista. Abaixo, trechos em que Moro, sem qualquer necessidade, defende Michel Temer:

Eduardo Cunha era o queridinho dos Marinho. Antes do impeachment, andou se reunindo a portas fechadas com a diretoria do Jornal O Globo, para afinarem uma estratégia em conjunto para levar adiante o golpe.

Flagrado pelo Cafezinho, o Globo divulgou uma foto de Eduardo Cunha sendo paparicado por suas jornalistas de política. A imagem de Zileide Silva rindo e batendo palminhas para Cunha é antológica.

Durante a campanha em 2014, Cunha era o deputado que mais anunciava na Globo.

Suas primeiras declarações como presidente da Câmara dos Deputados, no início de 2015, foram para atacar a regulação da mídia, ou seja, para defender a Globo.

Na época, a Veja e Reinaldo Azevedo o adoravam:

O STF, desde sempre aliado ao golpe, só o afastou depois que ele cumpriu o serviço: atropelou todos os ritos possíveis e imagináveis para paralisar o governo Dilma.

Cunha foi o principal articulador do impeachment.

Em sua sentença, Sergio Moro fala de tudo. Fala em Teori Zavaski, faz política contra a lei do abuso de autoridade, mas, curiosamente, não se menciona, nem uma vez, a palavra impeachment.

Ou seja, para Moro e para a Lava Jato, Cunha foi corrupto em tudo, menos no impeachment…

Sua condenação é uma espécie de queima de arquivo.

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Na Agencia Brasil

Moro condena Cunha a 15 anos de prisão por corrupção, lavagem e evasão de divisa

Por Daniel Isaia – Correspondente da Agência Brasil

O juiz federal Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, condenou hoje (30) o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha a 15 anos e quatro meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Além da reclusão, foi fixada uma multa de mais de R$ 250 mil a ser paga pelo ex-deputado.

A sentença foi publicada no final da manhã, no sistema eletrônico da Justiça Federal do Paraná (JFPR). Por ser uma condenação de primeira instância, Cunha poderá recorrer a um tribunal superior. No entanto, Moro determinou no despacho que, mesmo em uma eventual fase recursal, o ex-deputado responda sob regime de prisão cautelar.

Edição: Lílian Beraldo

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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