Globo lidera campanha de retirada de direitos do trabalhador

Imagem: Repórter Brasil

O discurso da retomada de empregos, da modernização, do dinamismo e de tudo o que é contrário ao arcaico, ao antigo que deve ser mudado, domina a cobertura da imprensa corporativa sobre a reforma trabalhista.

A informação saiu de levantamento feito pela ONG Repórter Brasil, que para isso “analisou mais de 150 textos dos três jornais de maior projeção nacional – Folha, O Globo e Estadão – e 30 minutos de matérias dos dois principais telejornais – Jornal Nacional e Jornal da Record”.

O Jornal da Record, por exemplo, apresenta o mais que sugestivo índice de 100% de reportagens favoráveis à proposta do governo, que, na prática, decreta o fim da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Por outro lado, não se pode tirar a Globo da posição de líder da narrativa que interessa aos grandes conglomerados da mídia.

O Jornal Nacional consegue a façanha de falar do assunto ouvindo somente fontes favoráveis à reforma trabalhista. Em coberturas como a da greve geral do último dia 28 de abril, seguiu a mesma linha dos concorrentes abordando, em primeiro lugar, o vandalismo.

Os transtornos causados à população sem transporte ou serviços também receberam prioridade, assim como “confrontos” entre policiais e manifestantes. Os tais “confrontos”, aliás, não são chamados de outra maneira mesmo que na maioria dos casos tenha havido agressão planejada por parte da polícia.

Já os reais motivos de tudo aquilo, o impacto negativo das mudanças para o trabalhador que perde direitos conquistados havia 74 anos, isso não é discutido. Pelo contrário, é escondido, mostrado em espaço ínfimo, quando muito, e sempre seguido daqueles que, aos olhos da “grande mídia’ parecem ser os únicos detratores da reforma, “apegados ao atraso” ou coisa parecida: as centrais sindicais e os sindicalistas.

 

Luis Edmundo: Luis Edmundo Araujo é jornalista e mora no Rio de Janeiro desde que nasceu, em 1972. Foi repórter do jornal O Fluminense, do Jornal do Brasil e das finadas revistas Incrível e Istoé Gente. No Jornal do Commercio, foi editor por 11 anos, até o fim do jornal, em maio de 2016.

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