Renan detona reforma trabalhista de Michel Temer: é pra revogar direito do trabalhador

(Foto: Lula Marques)

O senador Renan Calheiros, até então líder do PMDB no Senado (função a qual praticamente renunciou, após seu discurso, tanto que Romério Jucá já pediu a Michel Temer para arrumar outro infeliz para assumir essa responsabilidade), fez um duríssimo discurso ontem contra a reforma trabalhista que o governo tenta aprovar a toque de caixa.

Renan foi sintético:

– é uma reforma que revoga direitos do trabalhador e foi ditada exclusivamente pelo sistema financeiro.
– um presidente denunciado por corrupção não tem moral para aprovar uma reforma desse tipo.
– o governo tem de aprender a dialogar com a sociedade.

Nas entrelinhas, Temer sugeriu que o governo não pode achar que basta seguir as ordens da Globo e que tudo irá bem.

É preciso dialogar com a oposição, com a esquerda, com as centrais sindicais.

Em entrevista ontem a Radio Itataia, Lula deu uma aula de democracia. Ao ser perguntado como faria com a oposição, Lula lembrou que uma oposição forte é necessária e saudável à democracia, e que irá conversar e governar com ela também.

O governo Temer, ao seguir a linha autoritária exigida pela Globo, achou que bastaria se cercar da grande imprensa, para governar.

Os primeiros meses de Temer foram o período mais chapa-branca da história do jornalismo brasileiro, com o governo despejando dinheiro público na grande mídia, Globo à frente, como se fossem malas de propina da JBS.

O apoio da mídia ao governo, no entanto, não foi suficiente para evitar o colapso político, moral, social, econômico, administrativo e institucional, acarretado pelo golpe.

Não se pode mais fugir dessa conclusão. A causa principal de todos os males que afligem o país, da sensação desesperada de que não há saída, de que o país está perdido, morto, é um golpe irresponsável e insano: derrubar uma presidenta eleita por 54 milhões de votos através da manipulação criminosa do impeachment.

E os responsáveis pelo golpe são a Globo, o PSDB e os setores autoritários da alta burocracia (leia-se Lava Jato).

O país está afundando a um ritmo alucinante. Os serviços públicos estão todos em colapso.

E não adianta a Globo e o governo se esconderem novamente atrás dos patos da Fiesp e de seu único discurso hoje: que a culpa é do PT, que o PT destruiu o país.

O PT não destruiu nada.

O governo Dilma termina no momento em que se inicia a Lava Jato, ao final do primeiro trimestre de 2014. A partir daí, a Lava Jato e a Globo tomam conta do país e tem início um processo de autodestruição sem paralelo na história do mundo.

Quem continua destruindo o país é quem está no governo agora: Temer, Globo e Lava Jato.

O Brasil precisa de novas eleições: ponto. Esse é o início da conversa. E não porque isso interessa à “esquerda”, como alguns colunistas da Globo dizem. Isso interessa à democracia, ao povo, ao futuro.

O Brasil precisa de um governo legítimo, eleito pela população, porque somente essa legitimidade, conferida pelas urnas, permitirá um diálogo entre o Executivo e a sociedade brasileira.

Somente o diálogo permitirá que o país tome decisões respeitadas pela maioria.

E somente decisões respeitadas pela maioria podem ser implementadas com rapidez e sucesso.

A ideia autoritária de que o país e a economia tem de entrar “nos trilhos” é apenas um delírio absolutista de Temer e da Globo, porque parte de dois pressupostos falsos: 1) de que existe uma fórmula mágica para o crescimento econômico e 2) que o fator democrático, ou seja, quem coordenará o processo, não importa para que este seja bem sucedido.

Ora, não existe fórmula mágica para o crescimento econômico. E nenhuma fórmula, por mais certa que seja, jamais dará certo sem uma mediação democrática com a sociedade.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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