Setor público, trabalho informal e por “conta própria” responderam por 98% dos novos empregos

A mídia não vai falar.

O próprio IBGE, que durante a era Lula e Dilma sempre se notabilizou por sua postura crítica, republicana, evitando se imiscuir na política, hoje procura sempre destacar o lado “positivo” dos números.

Mas os números não mentem. O trabalho com carteira assinada continua caindo. O que segurou o desemprego no segundo trimestre do ano foi o trabalho informal e o setor público.

É ótimo que, no geral, o desemprego tenha caído, de um trimestre para outro, de 13,7% para 13,0%. Francamente, nunca fui da turma do “quanto pior melhor”, porque não sou juiz nem procurador. Sou um blogueiro de poucos recursos, que precisa que as pessoas tenham empregos para que possam assinar o meu blog.

Apesar de ser um blog de oposição ao governo Temer, sou a favor do Brasil.

Primeiramente, portanto, vamos dar a notícia boa. O desemprego caiu ligeiramente no segundo trimestre do ano, na relação com o primeiro.

Na comparação com o igual trimestre dos anos anteriores, porém, os números apresentaram o pior índice histórico.

Se a imprensa fosse hoje tão crítica como foi durante a era Lula/Dilma, a ênfase seria dada apenas sobre o ano anterior, conforme se vê no gráfico que abre o post.

Entretanto, para não copiar a tática vulgar da grande mídia, que ora destaca a variação anual, ora a trimestral, conforme seu interesse, vamos nos ater à variação trimestral, a preferida pelo governo. Daí é preciso que os internautas analisem as duas tabelas abaixo. Observem principalmente a segunda tabela, onde eu resumi os dados.

Volto sem seguida.

Pela tabela acima, vê-se que o emprego sem carteira, o trabalho por conta própria e o setor público responderam por 98% dos empregos gerados no último trimestre.

Os empregos com carteira assinada, por sua vez, perderam 75 mil postos de trabalho.

O setor público aumentou sua participação nos empregos totais do país, de 12,22% em Jan/Mar para 12,52%. O golpe dos ultraliberais está, ironicamente, atingindo o setor privado.

A participação de 12% do setor público no total de empregos do país, conforme mostrada pelo IBGE, é a mesma que consta, para o Brasil, no ranking mundial da OCDE.

Nos EUA, país do ultraliberalismo, a participação do emprego público no total de empregos do país é de 15%, segundo os últimos dados da OCDE, um número considerado muito baixo para a média das nações desenvolvidas. Na Europa, por exemplo, esse percentual oscila entre 15% (Alemanha), 24% (Reino Unido) e  28% (Suécia).

Na China, país que mais cresce no mundo, o percentual de servidores públicos no total dos empregos do país é de 50%.

 

 

 

 

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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