A escandalosa proximidade entre o nazismo e o liberalismo econômico

(Nazista esbanjando toda sua esquerdice)

Por Pedro Breier

O grotesco evento nazista chamado “Unir a direita”, que ocorreu na última sexta-feira na cidade de Charlottesville  (pertencente ao estado americano de Virgínia) e deixou um rastro de violência e morte, serviu ao menos para uma coisa: desmascarar a direita liberal brasileira.

Com o aumento da influência das ideias de direita nos últimos anos, especialmente sobre a juventude, ganharam notoriedade teorias estapafúrdias como a de que o nazismo  é de esquerda. Pois alguns cartazes e bandeiras empunhados em Charlottesville pelo patético bando de homens brancos, raivosos e de parca inteligência não deixam margem para dúvida sobre com qual lado do espectro político-econômico o nazismo cerra fileiras.

Se a foto que abre o post deixa evidente a relação nada amistosa entre esses babacas com chapéus ridículos e a esquerda, a montagem abaixo, da página Deboas na Revolução, demonstra cabalmente a proximidade pornográfica entre os nazistas americanos e a direita “libertária” brasileira.

A bandeira amarela que tremula ao lado de uma bandeira nazista no evento da última sexta é a bandeira de Gadsen. Segundo a Wikipedia, “a antiga bandeira revive de tempos a tempos, como símbolo do patriotismo americano e da valorização das liberdades individuais, também é utilizada por anarcocapitalistas como bandeira símbolo do movimento.”

O estímulo constante ao ódio às minorias e os elogios ao torturador Brilhante Ustra na votação do impeachment já colavam inapelavelmente os Bolsonaro aos ideais e métodos nazistas. O post do Bolsonaro filho explicando a origem da referida bandeira – segurando, previsivelmente, uma arma para demonstrar toda sua frágil masculinidade – é somente a confirmação da proximidade.

Ao lado, na imagem, uma camiseta com o mesmo símbolo ostentado no evento nazista sendo vendida por uma página do Facebook chamada Socialista de Iphone. Esta página tem quase 1 milhão de curtidas e atingiu tal popularidade repetindo ad nauseam o genial “argumento” político de apontar pessoas de esquerda utilizando objetos de maior valor monetário.

A página é defensora ferrenha do Estado mínimo e do liberalismo econômico, as supostas soluções mágicas para todos os nossos problemas. Neste post de 2015 tentou aproximar o nazismo da esquerda. O flagra da bandeira amarela com a cobra do ladinho da suástica mostra quem, na verdade, tem muito em comum com os discípulos tardios de Hitler.

O blogueiro Jones Manoel explicou, de forma simples e precisa, o motivo da relação fraternal entre os defensores do liberalismo (eufemismo para selvageria) econômico e os nazistas:

Em poucas palavras, em Cuba, não haveria manifestação neonazista contra negros, LGBTs, imigrantes e judeus. Não existiria por causa das relações sociais e culturais vigentes na ilha (sem base para criar forças nazistas) e porquê o Estado de transição socialista iria REPRIMIR e DESMONTAR as redes de grupos neonazi. E tem que reprimir mesmo. Não tem duas conversas.
Já na democracia burguesa, são reprimidos sindicatos, partidos comunistas, expressões do movimento negro, Occupy Wall Street etc., mas há, sempre, uma tolerância com grupos nazi. Sabe por quê? O fascismo é sempre a alternativa da democracia burguesa em épocas de crise e intensificação da luta.

 

 

Pedro Breier: Pedro Breier nasceu no Rio Grande do Sul e hoje vive em São Paulo. É formado em direito e escreve sobre política n'O Cafezinho desde 2016.
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