Palestras remuneradas e prêmios para juiz e procurador: a propina reinventada

A Folha publica hoje uma reportagem sobre palestras pagas a juízes que mais esconde do que informa. A matéria fala em portaria do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) que “orienta os juízes a divulgarem suas palestras, mas não se houve remuneração pelas apresentações”. É um texto às avessas para dizer que o CNJ baixou portaria permitindo o segredo aos cachês. A matéria não informa também que a portaria aconteceu pouco antes de Sergio Moro viajar aos EUA para dar uma série de palestras.

A reportagem, aliás, menciona diversos ministros do STF, dando inclusive valores bem altos pagos a alguns deles, como Toffoli, mas esconde o nome de Sergio Moro, palestrante frenético desde o início da Lava Jato, em 2014.

A matéria não inclui procuradores da Lava Jato, cuja ânsia por cachês de palestras configura um imenso conflito de interesses, na medida em que os patrocinadores são partes interessadas nas investigações: no caso da Lava Jato, participantes do mercado financeiro, como fundos estrangeiros, ávidos para adquirir (como o fizeram) os escombros da Odebrecht, por exemplo. Ou seja, os cachês das palestras são propinas. E a mesma coisa se pode falar de “prêmios” de grupos de mídia a juizes, como os prêmios recebidos por Sergio Moro da Globo e da revista Time.

[Esse foi o Cafezinho Spoiler de hoje, enviado por email e whatsapp. Assine por aqui. É gratuito.]

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
Related Post

Privacidade e cookies: Este site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com seu uso.