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Urna eletrônica brasileira: a “teoria da conspiração” fica só na “teoria”?

Por Romulus Maya (texto) e Welington Calasans (investigação), para o Blog O Cafezinho, O Blog O Cafezinho publica com exclusividade requerimento do Comitê Multidisciplinar Independente – CMInd para a realização de audiência pública acerca da(s) vulnerabilidade(s) da urna eletrônica brasileira. O pedido foi protocolizado ontem, 4/12, no Tribunal Superior Eleitoral. Dirige-se, como não poderia deixar […]

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Por Romulus Maya (texto) e Welington Calasans (investigação), para o Blog O Cafezinho,

O Blog O Cafezinho publica com exclusividade requerimento do Comitê Multidisciplinar Independente – CMInd para a realização de audiência pública acerca da(s) vulnerabilidade(s) da urna eletrônica brasileira.

O pedido foi protocolizado ontem, 4/12, no Tribunal Superior Eleitoral. Dirige-se, como não poderia deixar de ser, ao “Excelentíssimo Senhor Presidente” daquela corte, o Ministro Gilmar Mendes, com cópia para a Procuradora-Geral-Eleitoral (e da República), Dra. Raquel Dodge.

Nós, aqui do Cafezinho, folgamos na certeza de que Gilmar mostrará grande interesse pela matéria, dada a facilidade peculiar com que “transita” por “sorteios eletrônicos” no (seu?) STF, não é mesmo?

– Gilmar Mendes é praticamente um homem-imã!

Atentem para o seguinte extrato da peça, bastante revelador (e exasperante!):

Os recentes êxitos nos testes de penetração executados (…) apontam fragilidades graves cuja natureza e origem já eram de conhecimento dos técnicos do TSE, mas que injustificadamente não foram corrigidas a contento, persistindo já por cinco anos e, com isso, conspurcando três ou – a menos de uma drástica mudança de rumo – talvez até quatro eleições. (…) é necessário que o TSE explique à sociedade porque essas vulnerabilidades vêm persistindo, e sendo permitidas ao longo de tantas eleições.

(…) o (atual mecanismo de “segurança”) foi introduzido em 2003 por um esforço desse mesmo Tribunal em eliminar (…) a obrigatoriedade do voto impresso em seu sistema eleitoral, sob a justificativa de que tal “invenção” (o mecanismo atual) seria um substituto adequado para fins de fiscalização. Não se justifica então que 14 anos depois esse substituto ainda venha apresentando tantos problemas graves (…). A menos que tal curso (…) seja ele o verdadeiro retrocesso democrático, camuflado de evolução tecnológica. (…) (Trata-se de um) sistema eleitoral eletrônico que todo o resto do mundo democrático já abandonou (…).

O Cafezinho faz eco ao estranhamento (retórico?) dos autores da petição:

– Por que, 14 anos depois!, as graves vulnerabilidades da urna eletrônica brasileira ainda não foram remediadas?

– Por que o TSE se opõe, sistematicamente, à impressão (desidentificada!) dos votos, permitindo a sua recontagem?

– Por que apenas o Brasil, nação que, malgrado a abundância de riquezas, não se destaca internacionalmente pela segurança digital (Lembrete: NSA – Dilma Rousseff – Petrobras/ Pré-sal – Snowden!), insiste em manter essa “jabuticaba”?

Bem, talvez a resposta resida no fato de que “jabuticabas” são frutos curiosos: podem ser doces para alguns, mas azedas para a maioria, não é mesmo?

Veja aqui, com exclusividade, os documentos:
http://cic.unb.br/%7Erezende/trabs/PedidoAudienciaTSE2017.pdf
http://cic.unb.br/%7Erezende/trabs/PedidoAudienciaPGR2017.pdf

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Wellington Calasans

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Samir

06/12/2017 - 18h56

Quem tem tentado minar o processo eleitoral em claros atentado à democracia
é a grande mídia e a plutocracia. Quando perdem a eleição nas urnas dão golpe
e roubam rapidinho mais de 52 milhões de votos populares; Quando a democracia , o estado democrático de direito são atacados brutalmente, inclusive com a participação das instituições do próprio estado, não há tecnologia que resolva.

Abner

06/12/2017 - 12h58

Bem, somente uma pergunta, mas sabendo que quase todos os sistemas vão apresentar alguma vulnerabilidade e, por isso é preciso aumentar o nível de segurança. Bem, a pergunta é, como violar a urna, já que a mesma não fica conectada a internet durante a votação? Todas as urnas teriam que ser violadas localmente com algum software ou reprogramação para alterar os resultados ou, o que ninguém, creio eu, que os resultados podem ser também alterados durante a transmissão para os servidores do TSE ou mesmo alguém pode alterar o sistema de contagem também lá no servidor, que também alteraria os resultados. Abraços.

Vinícius

05/12/2017 - 22h38

Tema importante e precisa ser divulgado.
Não deram golpe em 2016 para perder em 2018.

1bit

05/12/2017 - 22h26

Para aumentar a consciência é importante mencionar que os problemas hoje são muito maiores do que anos atrás. Além da preocupação com as vulnerabilidades a nível de software etc e tal , Nos últimos 7 anos a situação já evoluiu muito. O buraco é muito mais embaixo.
Sem perder muito tempo postarei dois links
https://en.wikipedia.org/wiki/Hardware_backdoor
https://en.wikipedia.org/wiki/Hardware_Trojan
Uma vulnerabilidade pode estar presente no nível micro-eletrônica, por algum erro ou até mesmo como uma “feature” não documentada..
Exemplos : https://en.wikipedia.org/wiki/Hardware_backdoor#Examples
Não sei se há notícia de que esse tipo de problema tenha afetado alguma urna eletrônica até então. Mas quem sabe no futuro.?
Qual a garantia que um chip utilizado não tenha um implante internamente mesmo que seja idêntico externamente falando ou compatível com versões anteriores ou compatível a nível de sistema?
Falar de segurança apenas a nível de /software /os/ sistema/ já não é suficiente. Ou você domina e tem controle do sistema como todo ou simplesmente não tem. E isso vale para Urna, e para muitos outros exemplos.

https://www.computerworld.com/article/3079417/security/researchers-built-devious-undetectable-hardware-level-backdoor-in-computer-chips.html

Pesquisando você pode encontrar inúmeros exemplos / pesquisas / demonstrações sobre estes temas.

Não é mais momento para preocupação. O momento é de alarme vermelho. Em alguns casos , pânico.

Mar

05/12/2017 - 21h26

Transmissão de pensamentos. Estava refletindo sobre isso estes dias. Este assunto tem mesmo que ser provocado. Os tucanos e os outros deputados golpistas estão fazendo todas estas reformas que afrontam a sociedade, sem terem medo das urnas, isso é no mínimo estranho. Li alguma coisa que deputados negociaram com temer concorrer no governo dos seus estados, Maia é um deles. Como assim? Como um deputado golpista que votou a favor do Temer podem ainda ter confiança que serão bem sucedidos nas próximas eleições? Tucano queimados com a população se bicando para concorrer a presidência? Aí tem! Eu não acredito nas urnas eletrônicas principalmente na era do entreguismo. Parabéns por abordar o assunto.

Em tempo: Outro assunto que merece atenção também são jogos da loteria. Para mim é uma fonte de abastecimento de malas.

Kanu

05/12/2017 - 20h44

Seria bom começarem a divulgar as matérias que emergiram após revelações do Snoden e também as várias revelações que o WikiLeaks fez neste ano que passaram
batido na grande imprensa. A grande maioria da população não tem conhecimentos dos problemas e das implicações das revelações. Não é difícil encontrar milhões de brasileiros utilizando aplicativos que eles não conhecem, serviços que não conhecem tudo por que oferece alguma vantagem- *grátis”. Ou muitas vezes até pago. Estão pagando para serem espionados.

C N Morais

05/12/2017 - 20h28

Me perdi no excesso de ironias… acabei não entendo se a urna realmente é um instrumento que está sendo usado para fraudar as eleições, e quem beneficiou-se e continuará se beneficiando disso. Apenas lembro que a urna em si é apenas uma pequena parte do sistema; mesmo que ela fosse inexpugnável, em algum momento do processo os dados poderão estar vulneráveis, se o referido processo também não for blindado. E lembro, como diziam na escola, papel aceita qualquer m…, logo uma filipetinha impressa não vai garantir nada. Sugestão palpital: acho que nossa Democraca está suficientemente madura para abandonarmos o sigilo do voto. Aliás, microcoronéis provincianos se valem desse sigilo para “cabrestar” milhares de votos.

    Antonio Carlos

    05/12/2017 - 20h36

    Fim do sigilo transforma o voto em mercadoria. Quem encomenda paga depois de ter certeza que recebeu a mercadoria.
    Sobre papelzinho, transcrevo o que já escrevi em reposta a outro comentário:
    ” a proposta é que ao votar, seja impresso o voto e, por meio de uma tela transparente (vidro ou acrílico) o eleitor veja em quem votou, em seguida o papel impresso cai em um receptáculo opaco, o que garante que os próximos eleitores não verão os votos anteriores.
    Para assegurar confiança no sistema, ao fim da apuração os partidos selecionam algumas urnas para contagem manual dos votos impressos, uma amostra.
    Havendo algum problema nas amostras, fica evidente que o sistema tem falhas. Não havendo problema nas amostras, não há porque recontar tudo.”

      Marlene Filomena Dal Belo

      05/12/2017 - 23h19

      É isso mesmo … voto impresso … tendo uma recontagem por amostra com fiscalização dos partidos … essa recontagem por amostragem deve ser oficial e estatísticamente definida …. não é uma ou outra urna não … a solução tem que ser matemática … cientificamente definindo e explicada com clareza …
      é mais … não tem coisa mais fácil de fraudar do que software … os partidos tem que ter fiscais com competência técnica suficiente para estarem na banca dos técnicos que comandam o processo eleitoral … essa coisa não é simples …

Luiz henrique

05/12/2017 - 20h14

Boa matéria! Pelo menos não ficamos como náufragos em madeira boiando, enquanto reclamações de ” sumiço” de votos são cada vez mais reclamados por candidatos em vários meios de comunicação após as eleições.

Nibble

05/12/2017 - 20h10

Eu ainda acredito que da forma e os procedimentos feitos nosso sistema de urna ainda é mais segura do que contagem de papelzinho ou sistema antigo.
Pontos de vulnerabilidade sempre existiram não apenas em ternos de sistemas e programas mas também de procedimento , instalação, manuseio.
A tecnologia avançou muito desde o início das urnas eletrônicas, é mais do que na hora de revisar as coisas.
Ao contrário dos que acreditam que imprimir papelzinho garante alguma coisa eu simplesmente discordo pois quanto mais equipamentos e canais de comunicação você conecta ao sistema mais vulnerabilidades você pode estar criando e mais difícil torna-se auditoria. O mesmo vale para biometria se for ligada a urna.
Parabéns cafezinho pela matéria.

    Antonio Carlos

    05/12/2017 - 20h33

    Nibble, a proposta é que ao votar, seja impresso o voto e, por meio de uma tela transparente (vidro ou acrílico) o eleitor veja em quem votou, em seguida o papel impresso cai em um receptáculo opaco, o que garante que os próximos eleitores não verão os votos anteriores.
    Para assegurar confiança no sistema, ao fim da apuração, os partidos selecionam algumas urnas para contagem manual dos votos impressos, uma amostra.
    Havendo algum problema nas amostras, fica evidente que o sistema tem falhas. Não havendo problema nas amostras, não há porque recontar tudo.
    O paradigma é simples. Melhor gastar dinheiro nisso do quem biometria.


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