O que Sergio Moro, João Doria e a família Mesquita têm em comum?

29/11/2017- Brasília - DF, Brasil- Presidente da República, Michel Temer, durante reunião/almoço organizado pela Frente Parlamentar Mista em Defesa do Comércio, Serviços e Empreendedorismo Foto: Marcos Corrêa/PR

(Exalando carisma. Foto: Marcos Corrêa/PR)

Por Pedro Breier

Resposta: o apreço quase comovente por este senhor da foto acima, o político mais impopular do planeta, o vampiro que se alimenta não de sangue mas de direitos sociais, o mordomo de filme de terror, ele, o nem remotamente espetacular Michel Temer.

Doria e Moro demonstraram todo seu carinho e respeito por Temer ontem, na entrega do prêmio da IstoÉ chamado “Brasileiro do Ano”.

Para a revista, conhecida também como QuantoÉ, o brasileiro do ano passado foi ele mesmo, Michel Temer, para vocês verem a seriedade da coisa. Ao menos a premiação do ano passado proporcionou-nos aquelas fotos que entrarão para a posteridade de Moro confraternizando, aos risos, com Aécio tem que ser um que a gente mata antes de fazer a delação Neves.

Doria, que nem indicado para o prêmio foi, prestou-se ao papel de ir ao convescote e, pasmem, falar que o Brasil neste ano está melhor por conta da “conduta serena” de Michel Temer.

Teria Doria feito referência à serenidade de Temer quando ouviu Joesley Batista confessar vários crimes e simplesmente não tomou qualquer atitude a não ser incentivar com um “tem que manter isso aí, viu”? Só pode.

Moro, por sua vez, o grande premiado deste ano (que honra ser o sucessor de Temer), pediu o apoio do presidente ilegítimo para impedir que o STF reveja a posição tomada sobre o cumprimento de pena a partir da decisão de segunda instância. Pediu também o fim do “foro privilegiado” para autoridades.

Não é gloriosamente patético que o ex-super herói brasileiro peça apoio do bandido-mor da nação para, na sua visão medieval de justiça, combater a corrupção? Se lembrarmos que Temer só é o presidente do nosso país por obra de Moro e seus cúmplices a cena fica mais absurda ainda, absolutamente nonsense.

Por fim, mas não menos delirante, a família Mesquita, dona do Estadão. Em seu editorial de hoje a teoria é a seguinte: Temer não vai convencer os deputados a votarem a favor da reforma da Previdência oferecendo cargos ou comprando-os com dinheiro público através de, por exemplo, liberação de emendas parlamentares.

O Estadão diz que a estratégia é “fazê-los (os deputados) enxergar que a reforma da Previdência integra um esforço muito mais amplo, com vista à recuperação rápida e sustentável da economia, trabalho cujo sucesso é essencial para alavancar as candidaturas vinculadas de uma forma ou de outra ao governo. Ou seja, o governo entende que é possível transformar o que seria um fardo eleitoral – a aprovação da reforma da Previdência – em um trunfo”.

Nem a Velhinha de Taubaté, personagem de Luís Fernando Veríssimo que era a última pessoa no Brasil que acreditava no governo, compraria a lorota de que os deputados dariam seus votos em troca da promessa estapafúrdia de que a economia crescerá caso seja aprovada a reforma da Previdência.  Ou de que ajudar a aprovar uma reforma que fará com que boa parte da população morra antes de se aposentar trará benefícios eleitorais.

Como essa ficção de péssima qualidade soa melhor do que a abjeta compra de votos com o nosso dinheiro que é, de fato, o único trunfo do governo, o Estadão tenta, sem sucesso, dourar a pílula para Temer.

Doria despencou nas pesquisas e deu adeus ao sonho presidencial.

A rejeição a Moro cresce a passos largos.

O Estadão só faz perder leitores.

Esse caso de amor com o político mais rejeitado do mundo não vai melhorar as coisas para o trio ternura.

Pedro Breier: Pedro Breier nasceu no Rio Grande do Sul e hoje vive em São Paulo. É formado em direito e escreve sobre política n'O Cafezinho desde 2016.
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