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A aposta arriscada da burguesia golpista

(Les burgeois de Calais, de Auguste Rodin, no Museu Rodin, Paris. Hotel de Calais) “A legalidade nos mata”, dizem os golpistas na caçada ao Lula por Jeferson Miola A antecipação forçada do julgamento do ex-presidente Lula pelo Tribunal Regional Federal [TRF4] é um movimento tático que poderá definir a dinâmica política do próximo período. O […]

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(Les burgeois de Calais, de Auguste Rodin, no Museu Rodin, Paris. Hotel de Calais)

“A legalidade nos mata”, dizem os golpistas na caçada ao Lula

por Jeferson Miola

A antecipação forçada do julgamento do ex-presidente Lula pelo Tribunal Regional Federal [TRF4] é um movimento tático que poderá definir a dinâmica política do próximo período.

O objetivo estratégico da oligarquia golpista é evitar a vitória do Lula no pleito de 2018 a qualquer custo, porque a eleição dele poria fim ao golpe e ao regime de exceção.

O golpe, com sua selvagem agenda anti-povo e anti-nação, não foi empreendido para durar pouco tempo; ainda resta muito para colonizar e pilhar por completo o país.

Todas as alternativas eleitorais testadas pelo establishment para continuar o golpe mostraram-se, todavia, infrutíferas.

Nenhuma candidatura mostra-se capaz de derrotar Lula se a eleição de 2018 for limpa e democrática e transcorrer no marco de verdadeira legalidade.

Testaram tudo, e nada surtiu efeito favorável aos seus objetivos: desde figuras burlescas como Luciano Huck e João Dória, até personagens manjados da direita, extrema-direita e das linhas-auxiliares do reacionarismo – Alckmin, Bolsonaro, Marina etc.

Todas as pesquisas eleitorais confirmam a hipótese de eleição do Lula já no primeiro turno. Quanto mais a Rede Globo e a Lava Jato o agridem, e quanto mais cristalinos ficam os terríveis prejuízos do golpe, maior é a esperança popular no retorno do Lula para salvar o Brasil.

Ante a inexistência de opção legal e eleitoral do bloco dominante para continuar o golpe e o regime de exceção, a oligarquia decidiu partir para a fase 2 do golpe, com a impugnação da candidatura presidencial do Lula.

Em 1871, diante dos avanços da Comuna de Paris, o então primeiro-ministro de Luiz Bonaparte, Odilon Barrot, declarou guerra à insurgência popular e ao avanço daquela pioneira experiência de organização comunal.

Para aniquilar a Comuna de Paris, o liberal-burguês Odilon Barrot não hesitou em declarar que “a legalidade nos mata!”.

Fez isso para justificar o uso de dispositivos inexistentes na Constituição da França para atacar ilegitimamente o povo organizado em barricadas e destruir a primeira experiência de organização social comunista e auto-gestionária da história.

Era preciso, na visão de Barrot e da classe burguesa francesa, empregar todos os meios ilegais para asfixiar a soberania popular e destruir a revolta social. Mesmo que para isso fosse necessário infringir as normas do Estado de Direito liberal-burguês, instituídas por ela própria, a burguesia nascente.

A democracia, como se vê, tem valor meramente formal e circunstancial para a burguesia, uma classe atavicamente golpista quando sente ameaçados seus interesses; ao passo que, para a esquerda, a democracia é um valor estratégico, é a base constitutiva para o convívio humano livre, plural e civilizado.

Com o banimento do Lula da eleição de 2018, a oligarquia golpista aposta que não deverá haver comoção social ou revolta popular diante da brutalidade jurídica desfechada contra o maior líder popular da história do Brasil.

É uma aposta arriscada que, de qualquer modo, encontra na literatura sociológica e antropológica do Brasil fundamentos que amparam esta tranquilidade criminosa dos dominadores.

O povo argentino, mobilizado nos últimos dias contra a tentativa de reforma previdenciária do também ultra-neoliberal e pró-capitais Maurício Macri, gritava: “Isto aqui não é o Brasil!”.

Já é passada a hora do povo brasileiro ser menos cordial, menos gentil e menos educado com a selvageria desta classe dominante canalha e escrava dos interesses das metrópoles estrangeiras.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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Moacir Nóbrega Alves

18/12/2017 - 13h36

Bravo, Miguel! seus artigos são imprescindíveis e compartilho-os sempre. Um grande abraço.

Mar

18/12/2017 - 12h32

Vamos a luta!

jose carlos vieira filho

18/12/2017 - 11h58

Democracia, essa pobre palavra que não quer dizer nada, e que foi criada como uma armadilha burguesa.
Compete a nós, trabalhadores, reinventar o conceito. O nome é opcional.

Reginaldo Gomes

18/12/2017 - 11h47

COMBATE AO GOLPE:
Por onde começar?
Atacando o judiciário!
Porque?
Porque é o lado mais fraco do inimigo.
Como sabe que ele é o mais fraco?
Judiciário é pura soberba e arrogância , características do covarde. Se desafiar eles para o debate , eles tem um troço!!!!
(quem é valente , simplesmente é!!! quem é covarde finge que é valente com arrogância e soberba.)
Na primeira ridicularizada boa que o judiciário levar , ele deixa o golpe na mão.

    Anderson

    19/12/2017 - 09h44

    Concordo Reginaldo!!

    E complemento dizendo que é preciso ridicularizar o judiciario, por todos os meios. Nada mais justo, do que atribuir a esta instituição o peso de suas próprias práticas!! Tal ridicularização, mesmo que injusta em alguns aspectos, seria até didática, para a população e mesmo o próprio judiciario entender o seu proposito.


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