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Os bastidores do locaute monstruoso que estrangula o país

Por Bajonas Teixeira,   É isso o que acontece quando a elites brasileiras tomam o poder de assalto: o caos. Quem parou o país não foram sindicalistas radicais, foram os patrões que vestem terno e gravata, os presidentes de federações de transporte. Eles dizem odiar tumultos e vandalismo. No tumulto que causaram essa semana, a […]

17 comentários
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Por Bajonas Teixeira,

 

É isso o que acontece quando a elites brasileiras tomam o poder de assalto: o caos. Quem parou o país não foram sindicalistas radicais, foram os patrões que vestem terno e gravata, os presidentes de federações de transporte. Eles dizem odiar tumultos e vandalismo. No tumulto que causaram essa semana, a Petrobras sofreu um vandalismo cujos prejuízos chegaram a 14 bilhões de dólares, ou quase R$ 50 bilhões em valor de mercado.

Essa é uma ação que segue uma lógica simples: no saque do país, as federações de transporte querem a sua parte. O governo Temer não cessa de agradar as elites. Com ele, são as próprias elites que estão sentadas no palácio do Planalto e nos ministérios. Temer já começou acariciando o judiciário, pelo apoio prestado durante o impeachment de Dilma, com um megarreajuste com impacto de R$ 58 bilhões sobre os gastos públicos.

Depois vieram os R$ 40 bilhões para os ruralistas, com programas de isenção fiscal, parcelamentos e perdão de dívidas com a União. Veio então o benefício para o setor do petróleo, com previsão de perda de um trilhão em 25 anos para a União. Em 11 de julho de 2017,  trabalhando para barrar na Câmara a aceitação da denúncia por corrupção passiva após o áudio de Joesley Batista, Temer liberou 103 bilhões para o agronegócio. Este foi um agrado de criado para patrões porque antes, em 07 de junho, já havia destinado o financiamento da safra dos ruralistas no valor de R$ 190,5 bilhões. Por último, o programa refis de Temer veio, agora em março de 2018,  para perdoar R$ 62 bilhões em dívidas de empresários.

Note-se que o plano inicial pretendia perdoar R$ 543 bilhões em dívidas de empresários com a União.

É nesse país em permanente festa empresarial, que o locaute das empresas de transporte ganha uma explicação óbvia: os transportes não poderiam ficar de fora do butim geral. Assustado diante do gigantismo da depredação que ele mesmo ajudou a criar, o governo Temer, através do seu ministro da Defesa, denunciou a “greve” como locaute de grandes empresas:

“Pelas informações que tenho recebido, o movimento se caracteriza como um locaute, capitaneado por grandes empresas distribuidoras que querem manter suas margens [de lucro]”.

O acordo fechado ontem não passou de uma cortina de fumaça para ludibriar o país e sedar um pouco da ansiedade, ao mesmo tempo tirando os grandes empresários do olho do furacão e, assim, livrando-os das responsabilidades. O fato é que 70% da frota de caminhões está nas mãos das grandes empresas, organizadas nas grandes confederações. A maior delas é a CNT (Confederação Nacional dos Transportes).

Quem leu com atenção ontem as notícias sobre o acordo fechado pelo governo, percebeu logo que se tratava de um engodo e que o locaute continuaria. As federações fecharam o acordo com o governo mas a ABCAM, Associação Brasileira de Caminhoneiros, que representa 700 mil caminhoneiros (na verdade, representa as empresas que possuem os caminhões), não aderiu e abandonou a reunião.

Eliseu Padilha, ministro da Casa Civil, ao anunciar ontem com pompa o acordo, sabia que a paralisação continuaria hoje e que apenas encobria, com aquele acordo, a responsabilidade das grandes empresas e federações, que assim podiam sair de cena. Mas a ABCAM continuaria bloqueando as estradas. Na verdade, e isso é muito significativo, a ABCAM não é um corpo alienígena, mas é parte da CNT:

“A ABCAM, embora reconhecida, não tem abrangência nacional. A entidade passou a integrar a sessão de transportes de carga da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) em 2003.”

Evidentemente que, como parte da CNT, que assinou com o governo, a ABCAM devia ter seguido a CNT. Ou ser expulsa imediatamente dela. Não aconteceu nem uma coisa nem outra. O que mostra que há uma trama para manter o país bloqueado, sem sequer pensar nos custos humanos e materiais desse estrangulamento monstruoso.

E, vale lembrar, a CNT é aquela confederação que encomendou a pesquisa em que a maioria dos brasileiros, 51%, dizem ser favoráveis à prisão de Lula. Esta pesquisa é tão verdadeira quanto foi verdadeira a disposição da CNT de terminar o locaute após o “acordo” com o governo de ontem. Esse locaute é político, e pretende jogar o Brasil num caos semelhante ao da Venezuela. Mas disso, temos que falar em um próximo artigo.

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Comentários

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Rita Andreata

25/05/2018 - 19h20

Nenhum apoio aos mega empresários de caminhões,

    Jurandir

    26/05/2018 - 18h37

    Oi? Tá acreditando em toda essa abobrinha do governo do vampirão? E se for, qual o problema? Os combustíveis estão caros prá caramba! Tudo nesse pais é influenciado pela variação deste insumo.

Reginaldo Gomes

25/05/2018 - 18h32

O locaute é pra voltar a política de preços da época da presidenta Dilma.
Os caminhoneiros estão implorando o ” VOLTA DILMA!!!”
Pelo amor de Deus volte querida presidenta Dilma.
Volte pelo amor de Deus volte !
Volte pro seio do seu amado
Será o dia do dia mais feliz de sua vida.
Ver os caminhão voltando
Farol baixo ; para-choque duro;
Estamos a dois passos do paraíso;

leonardo-pe

25/05/2018 - 15h35

Venezuela está MELHOR que o Brasil. o povo Lá desmascarou os Estados Unidos. aqui os trouxas midiotizados acreditam nisso, que a Venezuela está no caos. CAOS É AQUI! e vai FICAR PIOR! quase 15 Bilhões de Dólares de prejuízo para Petrobras fora o prejuízo na economia!

João Ferreira Bastos

25/05/2018 - 15h19

Essa semana aprendemos o que acontece à uma nação, quando sofremos um desabastecimento por 5 dias.
na próxima aula, veremos o que acontece a uma pequena ilha, ao sofrer um bloqueio total por mais de 5 décadas

    Yuri

    25/05/2018 - 15h30

    Excelente.

    Paulo

    25/05/2018 - 15h37

    Enquanto esta ilha estiver sendo governada por ditadores e não respeitando a liberdade do povo sofrido, vai continuar tendo o bloqueio.

      Arthur

      25/05/2018 - 16h47

      Vc não respeita nada, votou no aécio e apoio o golpe de estado.
      Não satisfeito com a lambança quer dar lição de moral na ilha que é soberana enquanto vc é um dos entreguistas da pátria.

      Figueiredo

      25/05/2018 - 16h49

      Mais um entreguista golpista que posa de patriota.

    Roberto

    28/05/2018 - 00h29

    Excelente observação .

Evelino Dolhar Beir

25/05/2018 - 14h46

Ia faltar dinheiro nos bancos e cerveja nos bares.
Defendendo os interesses do mercado o PIG decidiu encerrar a greve.

    leonardo-pe

    25/05/2018 - 15h36

    você está certo disso?

Adalberto

25/05/2018 - 13h17

Perai ai? O autor do texto esta comentando uma análise da situação oriunda deste governo amaldiçoado? Dá para confiar? So esqueceu de uma coisa: dona rede globo esta com uma visão muito positiva da greve dos caminhoneiros. Ela pode estar se aproveitando para dar outro golpe e suspender as eleições.

adolfo sinudes

25/05/2018 - 13h02

O artigo esclarece muito a situação atual, porque de fato desde aquele “presente” para o judiciário, Temer não parou de abrir as pernas para as elites. Agora, como o orçamento todo amarrado, com o déficit expandido, como ele enfiaria mais uma benesse para os seus amigos? Seria preciso um abalo do país, para seu governo aparecer como negociador. É o que eles estão fazendo, colocando fogo no país para depois pagar de bombeiros. O problema é que está tudo queimando, e o rabo de Temer pode acabar calcinado também.

Macedo T.

25/05/2018 - 13h01

360 canalhas no congresso e milhões de Cunhas.
Todos ligados no PIG assistindo a maior merda que fizeram com este pais.

Guilherme Concha Inzek

25/05/2018 - 12h53

PSDB , MDB , DEM sempre armando contra o Brasil.
Entreguistas e golpistas safados.

Maria Magda

25/05/2018 - 12h51

Excelente análise política que mapeia em profundidade a gana das elites brasileiras. Eles arrombaram a porte com o golpe, tiraram da frente os setores populares, que formavam um pouco um murro de barragem, e aí mergulharam na piscina de mel e melado. Estamos amargando, como diz o artigo, a festa empresarial. E o caos do país.


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